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04/10/2004 - 09h28

Aos 63, Bob Dylan lança primeiro livro de memórias

CHRIS HEARD
da BBC Brasil

Os fãs de Bob Dylan aguardam ansiosos o lançamento, na terça-feira (5), do primeiro de três volumes do livro de memórias do cantor e compositor, que deverão descrever o auge de sua carreira, na década de 60.

As histórias vão se concentrar nos anos em que Dylan surgiu como um jovem cantor de protesto e se tornou um símbolo da "geração paz-e-amor".

O livro também fala sobre o momento de virada quando, famoso mundialmente, Dylan ficou ferido em um acidente de motocicleta e resolveu sair da cena e começar uma família na zona rural.

O lançamento é muito aguardado porque representa a primeira reflexão detalhada, por escrito, do artista, sobre sua vida e carreira.

Reservado

Uma das mais reservadas figuras do rock, Dylan foi tema de muitas biografias e estudos acadêmicos, mas até agora vinha se negando a dar sua versão de sua própria ascenção da obscuridade do meio-oeste americano para o estrelato internacional.

Espera-se que o livro de Dylan lance nova luz sobre episódios lendários de sua vida, como o Festival Folk de Newport, em 1965, em que ele levou uma grande vaia por tocar guitarra elétrica.

Será interessante ver se ele vai fazer comentários sobre a reputação que adquiriu no começo da carreira por inventar detalhes sobre seu passado.

Ao chegar a Nova York, em 1961, ele, que é filho de um lojista judeu de classe média de Duluth, Estado de Minnesota, dizia a seus novos amigos que havia crescido num circo ou que era órfão.

Ceticismo dos fãs

Pessoas que acompanharam de perto a vida e carreira do músico estão céticos de que a toda a verdade vai finalmente vir à tona nas memórias que terão três volumes.

Entre eles está Derek Barker, editor da revista "Isis", de fãs de Dylan. "Eu acho que ele está fazendo isso em benefício próprio. Está tentando acabar com os mitos construídos em torno de Bob Dylan durante anos, embora eu não ache que ele vai fazer isso."

"É um projeto muito atípico para ele, uma pessoa extremamente reservada. Quem conhece Bob Dylan ficará um pouco desconfiado. Eu não acho que vai ser uma biografia totalmente sincera."

Em uma rara entrevista para promover o livro, Dylan disse ao jornal britânico "Sunday Telegraph" que nunca quis ser o porta-voz de uma geração.

Ele também contou como suas apresentações ao vivo na década de 80 se deterioraram. "Na realidade eu era apenas pouco mais do que uma atração de clube [noturno]".

Rumo ao topo

Giles Elliott, da revista especializada da indústria literária "The Bookseller", disse que espera-se que o livro de Dylan ultrapasse a barreira das 3.000 cópias vendidas, que é o marco de sucesso em tomos de capa dura. No ano passado, a antologia de Eminem, "Whatever You Say I Am", foi um best-seller, vendendo 67 mil cópias.

Duncan Thomson, da Amazon.co.uk, disse que há interesse suficiente nas coletâneas de Bob Dylan, e o livro recebeu muitas encomendas.

A versão do livro em áudio é narrada pelo ator americano Sean Penn, e um tomo separado contendo as letras de Bob Dylan de 1961 a 2001 também deverá ser lançada na terça-feira.

Em maio do ano que vem, a BBC vai exibir um documentário em que o cantor conversa com o diretor de cinema Martin Scorsese, na primeira entrevista filmada em quase 20 anos.

Especial
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