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08/10/2004 - 08h30

Mostra em Londres abre espaço para punk dos Sex Pistols

RODRIGO DURÃO COELHO
da BBC Brasil

A exposição Punk, Uma História Suja e Verdadeira, que exibe objetos relacionados à trajetória da banda Sex Pistols, foi inaugurada nesta quinta-feira, em Londres, na galeria Hospital.

A proposta da mostra é ser uma viagem através da história do punk. De acordo com os organizadores, ninguém melhor do que o grupo para representar o impacto que o movimento teve.

"Achamos que o movimento punk aconteceu através dos Sex Pistols, durante um período pequeno, entre 76 e 78", diz a curadora da esposição, Emma Elia-Shaul.

"Essa exibição mostra como a banda aconteceu usando materiais de propaganda, como a identidade foi criada através da moda e, depois, a importância musical e a histeria da mídia que se seguiu."

Veja galeria de fotos com imagens da exposição

Sangue

Em meados dos anos 70, o empresário Malcom McLaren teve a idéia de montar a banda ao observar um grupo de garotos mal-criados que freqüentava a sua loja, a lendária Sex, onde eram vendidas peças criadas por sua esposa, Vivienne Westwood.

Na exibição, são mostradas roupas criadas por ela para a banda e outras que foram vendidas na Sex e se tornaram emblemáticas do movimento.

Preciosidades como uma camiseta pertencente ao guitarrista Steve Jones e exemplos raros de material promocional criado por Jamie Reid, o designer que fez todo o material gráfico dos Sex Pistols, integram a exposição.

Atitude e não a habilidade musical era o que contava para eles. Essa teria sido a razão pela qual o baixista Glen Matlock foi demitido, no início de 1977.

Segundo o vocalista Johnny Rotten, Matlock "gostava muito dos Beatles" para permanecer na banda. Em seu lugar entrou Sid Vicious e não só o Sex Pistols, mas o movimento punk como um todo, ganharia a sua figura mais icônica.

Manchas de sangue

A exposição mostra ainda o manuscrito da letra original de Pretty Vacant, escrita por Glen Matlock. Johnny Rotten depois reescreveria vários versos dela para torná-la mais ácida.

Se a entrada de Sid Vicious, no início de 1977, significou o início da formação clássica dos Sex Pistols, o fim da banda, entretanto, não estaria muito distante.

A energia iconoclasta do Sex Pistols acabaria por consumir o grupo e, em janeiro de 78, Rotten abandonou a turnê que o grupo realizava nos Estados Unidos, decretando o fim da banda.

Meses depois, a namorada de Sid, Nancy Spungen, foi encontrada morta no quarto de hotel em que o casal morava, em 12 de outubro de 1978. Sid era o único suspeito de assassinato, mas morreu com uma overdose de heroína antes de ir a julgamento.

Uma das maiores raridades da exposição é um poster promocional do único disco da banda, que pertencia ao casal. Eles limpavam suas seringas nele e manchas de sangue, provavelmente dos dois, ainda são visíveis.

Assimilação

Há poucos passos de distância do poster se encontra a lojinha da exposição, onde são comercializados produtos que incluem cartões postais de celebridades como Rod Stewart, Sophia Loren e Kate Moss, além de biografias luxosas do próprio Syd Vicious e dos Ramones, com preços que variam entre 60 e 90 reais.

Em setembro, uma outra exposição mostrou objetos inéditos que pertenceram ao líder do Clash, Joe Strummer.

Será que, 30 anos depois, as galerias de arte se tornaram o novo lugar para o velho punk? E o que será que os integrantes do Sex Pistols achariam de ver sua obra exposta no ambiente comportado e chique das galerias?

Ema acredita que "os Sex Pistols ficariam contentes de ver essa celebração de um movimento em que eles foram uma parte fundamental".

"Acho que estamos olhando para isso de uma maneira diferente, vendo que a máquina publicitária que a banda se dizia tão contra também foi usada por eles", diz a curadora da exposição, que fica em cartaz até 23 de janeiro.

"Através de exibições, podemos mostrar a trajetória do punk, que foi mais do que música ou moda, foi um movimento social, e apenas através de uma grande exposição nós podemos mostrar isso", acrescenta.

A jornalista brasileira Beth Lima, radicada em Londres há vários anos, também concorda que esse é o caminho natural.

"O artista tem sempre que reclamar do que está muito arrumadinho de uma maneira pra mexer com a cabeça. Depois, essa arte é assimilada e colocada nas melhores salas, a do primeiro-ministro e talvez até a da rainha", afirma.
 

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