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08/10/2004 - 13h45

A Semana: As certezas sobre o passado e o presente no Iraque

ROGÉRIO SIMÕES
da BBC Brasil

O noticiário da semana que termina trouxe novos detalhes sobre dois diferentes momentos históricos do Iraque: o passado recente, durante o governo de Saddam Hussein, e o presente.

Sobre o passado, foi esclarecido, de uma vez por todas, qual era a capacidade militar do regime derrubado no ano passado por tropas americanas e britânicas.

Após o exaustivo trabalho de 1.200 inspetores, chefiados inicialmente por David Kay e nos últimos meses por Charles Duelfer, a equipe americana concluiu que o Iraque de Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa.

O relatório dos inspetores, divulgado na quarta-feira, comprovou que a capacidade nuclear iraquiana foi destruída durante a Guerra do Golfo, em 1991, e as sanções impostas pela ONU (Organização das Nações Unidas) levaram ao fim dos programas de armas químicas e biológicas de Saddam Hussein.

Entrevistas feitas com Saddam Hussein, no entanto, indicavam que ele tinha planos para retomar os programas de armamentos depois que as sanções fossem suspensas.

Apesar das principais conclusões do relatório, o presidente George W. Bush tem mantido seu ponto-de-vista, reafirmando que Saddam era uma ameaça que precisava ser eliminada.

Mas na Grã-Bretanha autoridades têm sido levadas a admitir os erros publicamente. Na quinta-feira, durante um debate na BBC, a ministra Patricia Hewitt apresentou o que foi, até agora, o mais claro pedido de desculpas pelos erros do serviço de inteligência relacionados ao Iraque.

O "pós-guerra"

Sobre o presente, novos detalhes surgiam já na segunda-feira, quando dois carros-bomba explodiram em Bagdá, matando pelo menos 16 pessoas. Um ataque a bomba na cidade de Mosul, no mesmo dia, matou outras três.

Na quarta-feira, mais dez morreram em nova explosão na capital do país, e na sexta-feira veio a notícia que o público na Grã-Bretanha mais temia.

Segundo informações divulgadas em uma TV árabe, o refém britânico Kenneth Bigley havia sido decapitado, numa execução registrada em vídeo, no mesmo estilo das de seus colegas americanos de cativeiro.

O episódio chocou aqueles que ainda tinham esperanças de que o grupo poupasse a vida de Bigley e deu munição aos que vêem o governo britânico como responsável, de alguma forma, pela violenta situação no Iraque.

Entre eles, está um dos irmãos do refém, Paul Bigley, que depois da divulgação de informações da morte do britânico afirmou que o primeiro-ministro Tony Blair tinha "sangue em suas mãos". Outro irmão de Bigley, Phill, disse entender que o governo britânico fez tudo o que estava ao seu alcance para salvar a vida do refém.

Horas antes da mais recente tragédia envolvendo um civil ocidental no Iraque, foi a vez de iraquianos sofrerem com a ação das forças americanas no país.

De acordo com fontes de um hospital da cidade de Falluja, 11 pessoas que participavam de um casamento na quinta-feira foram mortas durante um ataque aéreo dos Estados Unidos. Os médicos disseram que entre os mortos estariam um homem e seus sete filhos.

O comando militar americano disse ter atingido no ataque apenas um grupo de militantes ligado ao jordaniano Abu Musab Al-Zarqawi, o mesmo que liderou o seqüestro de Kenneth Bigley.

A semana termina com algumas certezas. Primeiro, a de que no passado, antes da guerra no Iraque, Saddam Hussein não tinha as armas de destruição em massa que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha o acusavam de possuir.

Segundo, a de que, no presente, após o fim do regime de Saddam Hussein, ataques a bomba, seqüestros e bombardeios continuam como ocorrências diárias no Iraque.

Sobre o futuro, Estados Unidos e Grã-Bretanha seguem afirmando que ele será de democracia e convivência harmoniosa no Iraque, começando pelas prometidas eleições marcadas para janeiro. Mas, por enquanto, esse futuro ainda não começou.

Powell e o Brasil

O secretário de Estado americano, Collin Powell, fez uma importante visita ao Brasil no início da semana.

Anunciada de forma repentina, a visita aconteceu dias antes da programada visita de uma equipe da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) da ONU ao Brasil.

O objetivo da agência é conseguir um acordo com o governo brasileiro para que o enriquecimento de urânio programado para ser feito nas instalações de Resende (RJ) seja monitorado por observadores internacionais.

O Brasil diz querer impor restrições às inspeções apenas para proteger a tecnologia utilizada, que foi desenvolvida no próprio país.

Collin Powell entrou no assunto logo durante o vôo, quando disse a jornalistas que estava confiante que o Brasil cooperaria com a agência. Já no Brasil, o secretário disse claramente que o Brasil não preocupava os Estados Unidos nessa área.

De qualquer forma, o Brasil ainda terá de convencer os membros da agência nuclear da ONU de que armas nucleares não estão nos planos brasileiros.
 

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