Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/10/2004 - 15h11

Reeve militava por pesquisa com células-tronco

RICHARD WARRY
da BBC Brasil

Muitas pessoas paralisadas do pescoço para baixo no auge da forma ficariam tentadas a desistir da vida.

Christopher Reeve, que morreu nesta segunda-feira, certamente não era uma dessas pessoas.

O ator admitiu que por um momento pensou em suicídio nos dias sombrios que se seguiram ao acidente de cavalo que o deixou tetraplégico.

Em vez disso, ele lançou uma batalha corajosa, não só contra a própria paralisia, mas como um militante incansável por pesquisas médicas que encontrassem formas de ajudar aqueles que se encontravam na mesma situação.

Células-tronco

Em particular, Reeve fazia campanha pelo uso das células-tronco nas pesquisas.

Essas células têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de tecido humano. Cientistas acreditam que elas ainda serão usadas para tratar uma série de doenças, entre elas a lesão medular.

O seu uso, porém, é polêmico. Isso porque as células-tronco mais eficazes são encontradas nos embriões.

E muitos questionam a moralidade de se usar para tratamento tecido que, argumentam os críticos, poderia se tornar uma nova vida humana.

Nos Estados Unidos, a pesquisa com células-tronco embrionárias foi proibida, com a exceção de trabalhos restritos com linhagens de células já cultivadas.

Reeve tinha um papel fundamental no movimento que tenta reverter essa proibição. Ele elogiou uma decisão do Parlamento britânico que autorizou o uso de células-tronco de embriões para pesquisas na Grã-Bretanha.

O ator afirmou à época que estava ansioso "pelo começo de um período de progresso científico acelerado que levará a novos tratamentos e curas para temidas aflições".

Fundação

O ator criou a Christopher Reeve Paralysys Foundation para lutar pelo avanço em novos tratamentos e a eventual cura da paralisia resultante de lesões na medula e outras doenças que atacam o sistema nervoso central.

A fundação se tornou uma das que mais arrecadava recursos e premiou os melhores neurocientistas do mundo com milhões de dólares por seu trabalho.

O site da fundação explica que a sua missão é "apoiar novas iniciativas, assumir riscos inteligentes e assegurar que nossos dólares para a pesquisa sejam gastos para fazer o bem".

Muito dinheiro também foi direcionado para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com paralisia.

Reeve era ainda um forte defensor dos direitos dos portadores de deficiência e pediu à comunidade internacional a aprovação de um tratado sobre os seus direitos.

"Alguém poderia argumentar que ele era motivado por interesse próprio, mas sinto que Christopher Reeve sempre percebeu que eram limitadas as chances de grande avanço científico durante a sua vida", disse Colin Blakemore, diretor do Conselho de Pesquisa Médica da Grã-Bretanha.

"Isso era um esforço altruísta para ajudar aqueles que viriam depois dele."

Blakemore disse que Reeve soube explorar a sua fama nos Estados Unidos para conseguir ser ouvido por políticos influentes do país. "Sinto que o debate sobre a autorização de experimentos com células de embriões está avançando nos Estados Unidos", afirma.

O Estado da Califórnia estuda atualmente uma proposta de investir US$ 3 bilhões para um projeto de dez anos de estudos com células-tronco.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página