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15/10/2004 - 14h37

Crítica de republicanos pode levar a mudança na política externa de Bush

JONATHAN MARCUS
da BBC Brasil

A política externa do novo governo dos Estados Unidos não será decidida simplesmente pelo resultado da disputa entre o atual presidente americano, George W. Bush, e o candidato democrata, John Kerry.

Mesmo que Bush seja reeleito, a direção da política externa americana poderá mudar. Até entre os republicanos tem havido fortes críticas a Bush por sua condução de assuntos externos.

Uma das mais recentes críticas partiu de Brent Scowcroft, assessor de segurança nacional da Casa Branca na época em que o pai do atual presidente, George Bush, comandava o país.

Agora, ele tem coisas desagradáveis a dizer sobre a condução da política externa americana por George W. Bush.

Ideologia

Scowcroft disse ao Financial Times que George W. está hipnotizado pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon; que os esforços atuais do governo Bush para conseguir apoio da ONU e da Otan no Iraque e no Afeganistão são uma iniciativa desesperada para "resgatar uma aventura fracassada"; e que a postura unilateralista dos Estados Unidos contribuiu para o declínio da aliança atlântica.

As observações duras de Scowscroft são uma lembrança de que existe uma linha muito diferente em relação à política externa no Partido Republicano e que está lutando para emergir novamente.

Poderia ser chamada de ala pragmática ou realista --a política de Henry Kissinger, James Baker e outros-- que dominou o pensamento republicano em relação a assuntos estrangeiros nos últimos 30 anos ou mais.

Quando o jovem Bush assumiu o poder, essa tradição foi posta em segundo plano por um grupo de intelectuais com nuances ideológicas, os chamados neocons ou neoconservadores que, especialmente depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, empurraram a política externa americana para uma direção nova e mais unilateralista.

No entanto, os neoconservadores foram manchados pelos erros dos Estados Unidos no Iraque.

Seu programa de levar a democracia para o Oriente Médio parece cada vez mais excessivamente ambicioso, se não, utópico.

Não há dúvidas de que os neoconservadores estão sob uma nuvem. Mas igualmente não está claro, se Bush retornar à Casa Branca, que eles vão ser postos à margem.

Que posto poderia ser oferecido a Condoleezza Rice? Ela continuaria como assessora de segurança nacional? Bush certamente valoriza a capacidade dela, mas muitos especialistas na área põem em dúvida se ela forneceu a coesão e a coordenação de política externa que é um elemento chave desse posto.

Haveria um posto para o controverso Paul Wolfowitz, vice do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld? E o que acontecerá com o próprio Rumsfeld?

Volta ao passado?

Sob alguns aspectos, apesar de a política externa estar no centro das atenções na campanha eleitoral --o que, para os americanos, realmente quer dizer segurança--, as muitas declarações e pronunciamentos não significam muito.

O que importa é quem ganha em novembro e, então, quem ganha os postos chaves quando o novo governo assumir em janeiro.

Está claro, por exemplo, que o Pentágono suplantou o Departamento de Estado na administração de áreas críticas de política externa, como Iraque e Afeganistão.

A relação mais tradicional entre esses dois grandes departamentos será restaurada, mesmo se Bush ganhar a eleição?

Em resumo, os comentários de Scowcroft são um sinal de que mesmo se Bush ganhar em novembro, há aqueles dentro do Partido Republicano que gostariam de reafirmar a visão mais tradicional dos republicanos sobre as relações dos Estados Unidos com o mundo.

Eles serão reforçados por muitos dos assessores importantes de política nacional do presidente que, segundo relatos, estão dizendo que o "aventureirismo", como eles vêem, dos neoconservadores no exterior tranformou o que deveria ter sido um passeio para Bush em uma disputa eleitoral ainda indefinida.

Especial
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