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19/10/2004 - 14h42

Agência nuclear diz que "nem tudo tem de ser inspecionado" no Brasil

da Folha Online

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) admitiu, nesta terça-feira, que sua equipe de inspetores "não precisa ver tudo" nas instalações brasileiras.

A afirmação foi feita pela porta-voz da AIEA, Melissa Fleming. Apesar disso, ela afirmou que a instituição "não vai voltar atrás em suas exigências de inspecionar o que for necessário".

"No momento, acontecem negociações para determinar o que os inspetores vão poder ou não verificar no futuro", afirmou a porta-voz sobre a passagem dos representantes da AEIA pelo Rio de Janeiro durante três dias.

No encontro de abertura, na segunda-feira, foram estabelecidos os critérios de fiscalização que vão ser utilizados na Fábrica de Combustível Nuclear em Resende (RJ).

Estranheza

"Não se trata de uma inspeção", ressaltou Fleming, mas uma visita técnica para verificar "se o método de inspeção proposto pode funcionar para a AIEA".

Informações sobre enriquecimento de materiais nucleares --a usina de Resende enriquece urânio--, são geralmente mantidas em sigilo.

"As informações das centrífugas devem ser mantidas em segredo. O Paquistão roubou o design europeu nos anos 70. O Iraque estava roubando o design da Alemanha nos anos 80. O Irã fez a mesma coisa nos anos 80 e 90", afirmou David Albright, ex-inspetor de armas nucleares da AIEA e presidente do Instituto para Ciência e Segurança Internacional, em Washington em entrevista exclusiva à BBC Brasil.

A posição do governo brasileiro de querer limitar o acesso da AIEA à fábrica de Resende causou estranheza, entretanto, por se cogitar que essa quebra de sigilo pudesse ocorrer com os inspetores.

Paquistão

"Isso não aconteceria com os inspetores da AIEA, mas há casos, como o notório doutor Khan [Abdul Qadeer Khan, cientista paquistanês], que roubou a tecnologia da Urenco [consórcio europeu] e a transferiu para o Paquistão", lembrou Albright.

Cogitou-se que um dos temores da AIEA seria que as centrífugas de Resende fossem parte dos equipamentos vendidos no mercado negro pela rede de Khan. Isso explicaria a relutância brasileira em permitir uma inspeção.

Essa possibilidade foi rejeitada, momentaneamente, pela porta-voz da AIEA.

"Não há indicações de que o Brasil se beneficiou da rede de contrabando de Khan", disse Melissa Fleming, ressaltando que os sinais de contravenção não foram encontrados "até o momento".

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