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29/10/2004 - 11h28

Saiba mais sobre o líder palestino Iasser Arafat

da BBC Brasil

Seja no campo de batalha ou na mesa de negociações, Iasser Arafat é, há mais de 40 anos, o indiscutível líder dos palestinos na luta pela criação de seu Estado independente.

Seu atual estado de saúde tem levado muitos a questionar qual será o futuro dos palestinos no caso de sua morte, já que não houve até hoje nenhum processo claro de definição de um sucessor.

Seus mais recentes problemas físicos começaram no dia 20 de outubro, com dores no estômago, e levaram um de seus assessores nesta semana a dizer que ele está "muito, muito doente".

O controle do poder interno na Autoridade Nacional Palestina (ANP) sempre foi exercido por Arafat de forma bastante personalista. Com o fracasso do processo de paz iniciado em Oslo, mais e mais palestinos ficaram impacientes com seu estilo autocrático de governar.

Mesmo assim, sua popularidade entre alguns palestinos nacionalistas melhorou nos últimos anos, justamente por todas as tentativas israelenses de isolá-lo.

Princípios

Arafat, casado com Suha, 42, com quem tem uma filha de nove anos, Zahwa, diz ser natural de Jerusalém. Mas há registros de seu nascimento no Cairo, em 1929.

Depois de fazer fortuna no Kuait como comerciante, participou em 1959 da formação do Fatah, grupo que se tornaria o principal elemento da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), e pouco tempo depois se tornou o líder incontestado da causa palestina.

No começo da luta palestina, Arafat liderou a OLP na busca de seus objetivos a qualquer custo, mesmo que valendo-se de meios violentos.

Sua autoridade permaneceu intacta durante os anos 60 e 70, mesmo quando foi atacado pela comunidade internacional por comandar ações de ataques de aviões e seqüestros.

Nessa época, a popularidade do movimento palestino foi prejudicada pela organização de ações militares contra civis, como a que levou à morte de 11 atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972, pelo grupo Setembro Negro.

Ao lado de Saddam

Além do militarismo, Arafat valeu-se de estratégias muitas vezes discutíveis para consolidar sua liderança no movimento palestino.

Em nome de sua causa, com freqüência fez uso de ameaças e intimidações para garantir que o poder permanecesse em suas mãos.

Analistas consideram que hoje, como líder da ANP, uma entidade reconhecida e com responsabilidades legais, suas táticas mudaram pouco.

Um de seus maiores erros em política externa foi cometido no começo dos anos 90, quando apoiou Saddam Hussein na Guerra do Golfo (1991).

Essa decisão privou a OLP de grande parte de suas fontes de renda, já que a entidade era financiada por governos de países árabes que se opuseram ao expansionismo de Saddam.

Com a derrota do Iraque, a OLP ficou sem aliados e sem dinheiro, e Arafat acabou sendo forçado a fechar acordos com Israel sob termos nem sempre considerados aceitáveis por seus comandados.

Nobel da Paz

Tanto ele como o premiê israelense Yitzhak Rabin e o ministro do Exterior receberam o Prêmio Nobel da Paz pelos acordos de Oslo, de 1993. Arafat retornou à faixa de Gaza no ano seguinte.

Mas Rabin foi assassinado pela direita israelense em 1995. Como presidente da ANP, Arafat teve dificuldades para definir seu papel e manter tanto israelenses quanto palestinos comprometidos com o que ele chamou da "paz dos bravos".

Anos depois, um plano oferecido pelo então primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, foi o mais próximo que palestinos e israelenses chegaram de um acordo definitivo de paz.

Mas, por causa da falta de garantia do retorno de refugiados palestinos a Israel e de uma solução negociada para o status de Jerusalém, Arafat recusou os termos do acordo.

No ano 2000, qualquer reconciliação parecia improvável, e uma segunda Intifada, dessa vez armada e com Arafat como propulsor, foi lançada na Cisjordânia.

Em abril daquele ano, seu velho inimigo Ariel Sharon o acusou de instigar o terrorismo nas ruas de Israel, e suas tropas atacaram o quartel-general de Arafat.

O que um dia havia sido um processo de paz transformou-se praticamente numa guerra aberta, com uma série de atentados a bomba contra civis israelenses, seguidos de incursões do Exército de Israel em áreas palestinas.

Desde setembro de 2000, o conflito gerado com a nova intifada já deixou quase 3.000 palestinos e quase 800 israelenses mortos.

O conflito levou o governo israelense a confinar Arafat em seu escritório em Ramallah (Cisjordânia), onde ele tem vivido por quase três anos.

Reforma

A maior ameaça recente ao seu controle total sobre os palestinos ocorreu em maio de 2003, com a pressão americana para a reforma na ANP e a indicação de Mahmoud Abbas [conhecido como Abu Mazen], colega dos tempos de exílio da OLP, para o cargo de primeiro-ministro.

Mazen era apoiado pelos americanos, que se recusavam a dialogar com Arafat.

Arafat não aceitava a elevação de Mazen a primeiro-ministro e entrou em confronto com ele sobre a entrega do controle dos serviços de segurança.

Mazen estaria querendo aumentar a repressão a grupos militantes como o Hamas e o Jihad Islâmico. Arafat acabou vencendo, e Mazen renunciou, sendo substituído por Ahmed Korei.

Com isso, a idéia americana de um sucessor para Arafat ainda em vida perdeu força.

A própria relação de Arafat com Korei teve seus momentos difíceis. Neste ano, também por causa do controle das forças de segurança palestinas, Korei pediu demissão do cargo de primeiro-ministro duas vezes, numa crise sem precedentes na ANP.

Um acordo entre Arafat e Korei, em que este obteve o controle de parte das forças palestinas, pôs um fim à crise.

Mesmo assim, seus críticos entre os palestinos o acusam de dirigir uma administração corrupta, fazendo muitas concessões e mantendo uma confiança equivocada nos Estados Unidos.

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