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03/11/2004 - 20h06

Análise: Valores morais e religião motivaram vitória de Bush

STEVE SCHIFFERES
da BBC Brasil

A eleição presidencial de 2004 revelou um eleitorado profundamente dividido, polarizado mais do que nunca, tanto por questões culturais como pela guerra contra o Iraque.

Religião, mais do que classe, origem étnica ou educação, se tornou um determinante-chave do voto na corrida presidencial de 2004, de acordo com pequisas de boca-de-urna.

Questões morais foram mais importantes para os eleitores do que o Iraque, a guerra contra o terrorismo ou a economia.

De acordo com a pesquisa de boca-de-urna, 22% dos eleitores disseram que "valores morais" era a questão mais importante na hora de decidir o voto, enquanto 20% citaram a economia, 19% o terrorismo, e apenas 15% o Iraque.

Pró-Bush

Sem surpresa, quatro em cada cinco eleitores que citaram valores morais como uma questão-chave votaram no presidente George W. Bush. A mesma distribuição dos votos ocorre entre os que citaram o terrorismo.

Em contraste, os que se disseram mais preocupados com a economia votaram na proporção de quatro para um no candidato democrata, John Kerry, assim como três em cada quatro que mencionaram o Iraque como sua principal preocupação, segundo a pesquisa feita pela agência de notícias Associated Press.

Na eleição de 2000, muitos analistas viram um país dividido ao meio, com democratas cada vez mais concentrados em áreas litorâneas e urbanas, com valores liberais, enquanto os republicanos eram mais rurais, no Sul ou no Meio-Oeste, e tinham mais valores conservadores em assuntos como controle de armas e aborto.

A divisão persistiu nesta eleição. Por exemplo, Kerry venceu em áreas urbanas por 56% a 43%, enquanto Bush ganhou 56% dos votos rurais, mas essa diferença foi menor em comparação com a eleição de 2000.

Nas cidades grandes, onde os democratas venceram na proporção de dois para um, Bush teve 11% mais votos do que no pleito anterior.

Casamento gay

O que dividiu os eleitores desta vez foram os pontos de vista sobre a guerra contra o Iraque e novas questões morais, como pesquisas com células-tronco e casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os que são contra o casamento gay, por exemplo, votaram em massa em Bush, assim como os que são contra o aborto.

O eleitorado se dividiu sobre a questão do Iraque, e 47% dos que se opuseram à decisão de ir à guerra concentraram seus votos em Kerry.

As divisões entre os eleitores americanos são mais bem expressas quando se toma como base quem vai ou não à igreja.

Dois terços dos eleitores que comparecem a serviços religiosos regularmente (pelo menos uma vez por semana) apoiaram Bush. E eles são 40% do eleitorado.

Aqueles que nunca comparecem a igrejas apoiaram os democratas na mesma proporção. Mas eles são apenas 15% dos eleitores.

Os democratas também tiveram grande apoio entre os que não são casados, os jovens, as famílias com renda anual inferior a US$ 30 mil por ano e entre os que têm mais tempo de estudo.

Os eleitores republicanos tendem a ter renda maior e a morar no sul do país. Normalmente são homens, brancos, protestantes e casados.

Religião

Mas nenhuma dessas classificações é tão importante quanto a religião na hora de explicar a forma como as pessoas votam.

Numa eleição tão apertada, os dois lados procuraram mobilizar seus seguidores tanto quanto possível.

Os republicanos parecem ter sido um pouco melhores nesse quesito.

Por exemplo, o comparecimento às urnas aumentou bastante em muitos dos 11 Estados (incluindo Ohio e Michigan) que decidiram sobre o casamento gay na mesma cédula em que votaram para presidente.

A habilidade do Partido Republicano em mobilizar sua base religiosa pode ter se mostrado o fator decisivo na eleição.

Mas isso pode dividir o país ainda mais.

Pesquisas recentes indicam que eleitores dos dois candidatos têm pouco respeito pelo candidato rival.

Uma pesquisa NBC News/Wall Street Journal perguntou a eleitores se eles concordam ou não com a afirmação: "Independentemente de quem ganhar a eleição, os Estados Unidos vão ter um bom presidente".

Apenas 30% disseram concordar, enquanto dois terços disseram discordar.

A grande divisão revelada pela eleição presidencial pode então persistir muito além da data de votação.

Especial
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