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09/11/2004 - 23h42

Novo gabinete de Bush deve confirmar rumo 'inflexível'

CAIO BLINDER
da BBC Brasil, em Nova York

Apesar das trombadas de ego, divergências ideológicas e disputas por espaço burocrático, o ministério de George W. Bush foi relativamente estável no primeiro mandato, exceto por uma limpeza na equipe econômica na metade da gestão.

Para o segundo governo de um presidente com um mandato agora realmente indiscutível, a temporada de especulações sobre mexidas no ministério está freneticamente aberta.

Alguns pontos são certos. Alguns ministros devem partir e outros devem ficar. Já se sabe que Andrew Card, chefe da Casa Civil, deve continuar no seu papel poderoso e discreto (como se espera nesta função). Em contrapartida, também já se sabe que John Ashcroft, o secretário de Justiça, e Donald Evans, o de Comércio, estão fora.

O novo baralho ministerial vai dar as primeiras indicações sobre os rumos ideológicos, em política externa e na economia do governo Bush.

Peso direitista

O peso mais direitista seguramente não será dramaticamente alterado por uma razão simples. O vice-presidente Dick Cheney, uma espécie de "primeiro-ministro" no regime presidencialista de Bush, continuará dando as cartas, não importando quem entra e quem sai.

Mas qualquer mudança envolvendo a trinca no topo do Pentágono, do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional mexe no equilíbrio de poder interno de uma equipe marcada por divisões sobre como reconstruir o Iraque ou lidar com questões espinhosas como o programa nuclear da Coréia do Norte.

As maiores expectativas giram em torno do guerreiro frio do Pentágono, Donald Rumsfeld, e do mais multilateralista secretário de Estado, Colin Powell.

Rumsfeld pode ser um bode expiatório ideal se as coisas efetivamente degringolarem no Iraque. Até agora ele não manifestou intenção de cair fora e despachá-lo a curto prazo pode transparecer fraqueza na crise iraquiana.

Powell é o "bom soldado" que circula pelo mundo vendendo as nobres intenções do governo Bush. Ele é cansativamente citado como a carta fora do baralho que não resistiria a um segundo mandato, mas nos últimos dias seus assessores têm insinuado que ele deseja ficar mais um tempo no cargo.

Pergunta inevitável: ficar para quê?

Especulações

Para as posições de Rumsfeld e Powell, o presidente tem um coringa: a assessora de segurança nacional, Condoleezza Rice. Mas ela também poderá dizer adeus e retornar à vida acadêmica na Universidade de Stanford.

As opções para um dos três cargos fundamentais em política externa poderiam ser espetaculares. Uma guinada ainda mais para a direita seria promover Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa e o símbolo dos neoconservadores.

Uma opção menos fulgurante é John Danforth, que acaba de assumir o cargo de embaixador dos EUA na ONU.

Outra especulação é uma jogada conciliatória com a escolha de um democrata para um cargo estratégico. Entre os nomes mencionados estão o ex-deputado Lee Hamilton, co-presidente da comissão do 11 de setembro, e o ex-senador Sam Nunn. A aposta mais forte, no entanto, é que prevaleçam os instintos mais estreitos do presidente.

Na economia, a questão central é a preservação ou não do secretário do Tesouro, John Snow. Na avaliação supostamente muito bem informada do Wall Street Journal, Snow é visto como pouco efetivo no Congresso e poderá ser descartado por uma Casa Branca empenhada em ambicioso projeto de reforma tributária e da previdência social.

A partida de Ashcroft poderá possibilitar mais um tento de diversidade étnica e racial no governo Bush. Para uma pasta tão estratégica, nomes cotados são o de Larry Thompson (que é negro) ou o do hispânico Alberto Gonzales.

Flexibilidade nas cores, não na ideologia.
 

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