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15/11/2004 - 07h30

Análise: Morte de Arafat remove só um obstáculo à paz

PAUL REYNOLDS
da BBC Brasil

A morte do líder palestino Iasser Arafat fez ressurgir a esperança no processo de paz no Oriente Médio, mas o adeus de Arafat não removeu o último obstáculo nas negociações entre israelenses e palestinos.

No entanto, a morte removeu, sim, um único obstáculo. E, certamente, o rápido anúncio de que o sucessor de Arafat vai ser eleito no dia 9 de janeiro é um bom início. Mas é apenas um início.

Tanta coisa precisa acontecer para que o processo de paz avance que os pessimistas provavelmente têm vantagem neste caso. Ninguém se deu mal em previsões sobre o conflito nos últimos anos falando sobre problemas.

Os palestinos tiveram algum conforto, mas não muito, nas palavras do presidente americano, George W. Bush, na coletiva que ele deu no dia em que Arafat foi enterrado.

Pouco comprometimento

Bush reiterou seu compromisso com um Estado palestino e disse esperar que ele surja durante seu segundo mandato, mas o presidente evitou se comprometer em ajudar o projeto a se tornar realidade.

A ênfase do presidente na necessidade de democracia --que incluiria o fim da violência contra Israel e os israelenses-- indica que os palestinos têm um longo caminho antes que os Estados Unidos passem a apoiar ativamente o surgimento de seu Estado.

No que falou, Bush não buscou enfatizar, como uma forma de equilíbrio, a necessidade palestina de ter um território sob seu controle. Mesmo estando a questão do território no coração desta disputa.

Bush também não citou qualquer responsabilidade que Israel tenha em ser flexível em sua posição. Com o foco nos palestinos, os israelenses estão recebendo menos atenção do mundo.

Nem Bush nem o seu convidado em Washington, o primeiro-ministro britânico Tony Blair, disseram que não foi a democracia que fez com que o Egito e a Jordânia firmassem a paz com Israel.

Foi, no caso do Egito, a devolução de parte de seu território (a Península do Sinai) e, no caso da Jordânia, o abandono de suas reivindicações de controle sobre a Cisjordânia.

Ninguém está pedindo que a Síria se torne democrática antes de fazer a paz com Israel.

Ainda assim, a democracia é algo que os próprios palestinos desejam.

Mas, mesmo supondo que ela se desenvolva, a grande questão além disso é se a nova liderança palestina vai manter um cessar-fogo e ser moderada em suas exigências.

E, mais além, não se sabe se Israel estará disposto a ir além do atual plano de retirada de Gaza e de parte da Cisjordânia.

Provisório permanente

A primeira coisa que vai acontecer é que a comunidade internacional vai se mobilizar para ajudar os palestinos com suas eleições e com suas instituições --entre elas a sua estrutura de segurança, que está precisando de uma reforma.

Blair espera que uma conferência para incentivas os palestinos nesse sentido seja realizada depois da eleição.

Tal conferência estava prevista no último plano de paz para a região como parte do processo de democratização palestino e, por isso, não seria inesperada. Ainda não existe, porém, um consenso acerca de sua realização.

Em seguida, Israel precisa seguir seu atual plano de retirada da faixa de Gaza e do norte da Cisjordânia. Enquanto isso, aquela cerca, ou muro, ou barreira, vai continuar a ser construída. Fala-se que é uma estrutura temporária. Vamos ver.

E, depois de tudo isso, por volta da metade do ano que vem, os dois lados podem estar prontos para sentar à mesa de negociações.

Se houver uma separação dos dois povos por meio da barreira, os palestinos podem estar em condições de declarar um Estado interino --o que, de fato, já deveria ter acontecido, segundo o que prevê o último plano de paz para a região, conhecido como rota da paz. Ao mesmo tempo, o nível de violência subirá e descerá dependendo da facção palestina que ganhar influência.

Isso seria apresentado como uma solução temporária. O problema é que, no Oriente Médio, soluções temporárias costumam se tornar permanentes.

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