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24/11/2004
-
10h12
A Ucrânia não viveu o tipo de tensão política que outras ex-repúblicas soviéticas viveram nos últimos 15 anos, mas a vez do país pode ter chegado.
Uma eleição amplamente considerada fraudada, milhares de pessoas nas ruas, o resultado oficial contestado em várias cidades, o Parlamento realizando uma sessão de emergência: trata-se de uma situação única e ninguém pode dizer como ela vai acabar.
O paralelo mais próximo na história recente do país foi uma série de protestos contra o governo realizados em 2000 e 2001, motivados pelo assassinato do jornalista de oposição Georgiy Gogadze.
Naquela ocasião, ocorreram as maiores manifestações que o país já havia visto, e elas abalaram o governo, mas ele não caiu. No fim, os protestos passaram.
Geórgia
Clique aqui para ler um perfil da Ucrânia
Um dos organizadores daqueles protestos, Yuri Lutsenko, está novamente envolvido desta vez.
Também existe um novo grupo político, o Pora, feito principalmente de estudantes e que parece preparado a aceitar grandes riscos.
No domingo, alguns deles se deitaram embaixo de um ônibus para impedir que eleitores do candidato do governo à Presidência, Viktor Yanokovych, fossem transportados a centros de votação longe de suas casas.
Como os membros do grupo Kmara, que teve papel decisivo na chamada Revolução Rosa na República da Geórgia, os do Pora teriam recebido treinamento de jovens ativistas sérvios do movimento Otpor, que ajudaram a afastar do poder Slobodan Milosevic quando ele se recusou a aceitar sua derrota.
Na segunda-feira, pelo menos uma bandeira georgiana podia ser visto na manifestação realizada na Praça da Independência, no centro de Kiev.
Mas ninguém sabe se o Pora tem a mesma garra do Kmara ou do Otpor, ou o grau de apoio que os ucranianos vão dar à campanha de desobediência civil que a oposição do país convocou.
Cauteloso demais?
Viktor Yushchenko, o líder de oposição que os manifestantes vêem como o real vencedor das eleições, não tem um histórico de ambição política como o do atual líder da Geórgia, Mikhail Saakashvili.
O ucraniano é um banqueiro e não um animal político com um aguçado senso de dever. Não é fácil visualizar ele invadindo prédios com seus seguidores, como Saakashvili fez na Revolução Rosa em seu país.
Os próximos passos dos membros do parlamento --que está quase dividido entre simpatizantes de Yushchenko e governistas-- vão definir se a tensão política no país vai continuar crescendo em torno do candidato oposicionista à presidência.
Todas as atenções estão no momento voltadas ao presidente do parlamento, Volodymyr Lytvyn, cujo Partido Agrário é em teoria aliado da maioria que apoia Yanukovych, mas acredita-se que poderia passar para o lado de Yushchenko.
Desafios legais
Outro elemento-chave nesta novela pós-eleição na Ucrânia são os tribunais.
Muitas queixas formais sobre as supostas irregularidades neste pleito já foram registradas.
"Existe a possibilidade de que os resultados de cerca de 40 centros de votação principalmente no leste e no sul do país acabem sendo cancelados", disse Svetlana Dorozh, diretora do escritório de Kiev do serviço ucraniano da BBC.
"As pessoas estão falando de cerca de dois milhões de votos que teriam sido falsificados. É suficiente, em teoria, para dar a vitória para Viktor Yushchenko."
Não há dúvida de que os tribunais vão levar em conta as imensas demonstrações de apoio a Yushchenko quando analisarem as reclamações.
Eles vão também estar cientes, porém, dos riscos envolvidos em contrariar os homens que governaram a Ucrânia nos últimos anos, com o apoio de alguns dos mais poderosos e inescrupulosos magnatas empresariais do país.
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Naquela ocasião, ocorreram as maiores manifestações que o país já havia visto, e elas abalaram o governo, mas ele não caiu. No fim, os protestos passaram.
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Também existe um novo grupo político, o Pora, feito principalmente de estudantes e que parece preparado a aceitar grandes riscos.
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Como os membros do grupo Kmara, que teve papel decisivo na chamada Revolução Rosa na República da Geórgia, os do Pora teriam recebido treinamento de jovens ativistas sérvios do movimento Otpor, que ajudaram a afastar do poder Slobodan Milosevic quando ele se recusou a aceitar sua derrota.
Na segunda-feira, pelo menos uma bandeira georgiana podia ser visto na manifestação realizada na Praça da Independência, no centro de Kiev.
Mas ninguém sabe se o Pora tem a mesma garra do Kmara ou do Otpor, ou o grau de apoio que os ucranianos vão dar à campanha de desobediência civil que a oposição do país convocou.
Cauteloso demais?
Viktor Yushchenko, o líder de oposição que os manifestantes vêem como o real vencedor das eleições, não tem um histórico de ambição política como o do atual líder da Geórgia, Mikhail Saakashvili.
O ucraniano é um banqueiro e não um animal político com um aguçado senso de dever. Não é fácil visualizar ele invadindo prédios com seus seguidores, como Saakashvili fez na Revolução Rosa em seu país.
Os próximos passos dos membros do parlamento --que está quase dividido entre simpatizantes de Yushchenko e governistas-- vão definir se a tensão política no país vai continuar crescendo em torno do candidato oposicionista à presidência.
Todas as atenções estão no momento voltadas ao presidente do parlamento, Volodymyr Lytvyn, cujo Partido Agrário é em teoria aliado da maioria que apoia Yanukovych, mas acredita-se que poderia passar para o lado de Yushchenko.
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Outro elemento-chave nesta novela pós-eleição na Ucrânia são os tribunais.
Muitas queixas formais sobre as supostas irregularidades neste pleito já foram registradas.
"Existe a possibilidade de que os resultados de cerca de 40 centros de votação principalmente no leste e no sul do país acabem sendo cancelados", disse Svetlana Dorozh, diretora do escritório de Kiev do serviço ucraniano da BBC.
"As pessoas estão falando de cerca de dois milhões de votos que teriam sido falsificados. É suficiente, em teoria, para dar a vitória para Viktor Yushchenko."
Não há dúvida de que os tribunais vão levar em conta as imensas demonstrações de apoio a Yushchenko quando analisarem as reclamações.
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