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24/11/2004 - 16h05

EUA pressionam Ucrânia, mas não querem radicalizar

CAIO BLINDER
da BBC Brasil

O impasse na eleição presidencial na Ucrânia trouxe de volta os velhos tempos.

Nada como um desafio no Oriente para reunir o Ocidente em uma causa comum ou --para usar uma expressão tão cara ao presidente americano George W. Bush-- uma postura unilateral.

Como observou o jornal "The New York Times" na edição desta quarta-feira, talvez desde a Guerra Fria não eram tão flagrantes as diferenças políticas entre o Ocidente (leia-se EUA e União Européia) e a Rússia.

Os dois lados travam uma guerra por procuração na Ucrânia, ao escolher seus candidatos em uma eleição crucial.

Influência da Rússia

Com o primeiro-ministro Viktor Yanukovich, a escolha de Moscou foi mais escancarada. Para o Ocidente, o favorecimento do ex-primeiro-ministro Viktor Yushchenko foi mais sutil. Afinal, o colapso soviético aconteceu há menos de 15 anos e a Ucrânia ainda está na esfera de influência da Rússia.

Para o governo Putin, o patrocínio de Yanukovich serviu não apenas para reafirmar, mas também para reforçar esta realidade geopolítica quando países da região são atraídos para a órbita da União Européia.

Para o governo Bush, que se diz engajado em uma cruzada democrática no Oriente Médio, era vital advertir contra fraudes na Ucrânia favorecendo o "homem de Moscou".

Mas o agravamento da crise em Kiev representa um sério dilema. Washington tenta apoiar os manifestantes nas ruas que questionam os resultados oficiais, ao mesmo tempo em que se esforça para não provocar um rompimento aberto com o governo Putin ou, para ser mais exato, com aquele que o presidente Bush qualifica de "amigo Vladimir".

O mesmo dilema aconteceu em setembro, quando Putin adotou novas medidas centralizadoras após o massacre de 326 reféns na escola de Beslan.

"Corda bamba"

Com uma situação tão delicada --e com um potencial tão explosivo-- não é à toa que tanto americanos como europeus se equilibrem na corda bomba.

Em meio às advertências para que os resultados das eleições fossem revisados, funcionários da Casa Branca se apressaram em dizer que não se trata de uma crise Leste-Oeste e que, de qualquer forma, a Ucrânia sempre terá relações próximas com a Rússia.

Vozes pragmáticas expressam cautela diante de cenários como isolar ou punir a Ucrânia, especialmente agora que Viktor Yanukovich foi declarado vencedor.

O outro dilema ocidental é saudar o direito da oposição de se manifestar, sem incentivar uma insurreição popular que pode desembocar em violência, para não dizer guerra civil.

Mas as diferenças entre os dois lados estão aí. Bush e Putin se encontraram no fim-de-semana em Santiago do Chile, à margem da cúpula Ásia-Pacífico.

O presidente americano deixou claro que esperava um desfecho democrático na Ucrânia e expressou preocupação com as medidas centralizadoras em Moscou.

Putin rebateu que era preciso criar um "estilo democrático" consistente com a realidade daquelas bandas do mundo.

Anonimamente, funcionários da Casa Branca confidenciaram para os principais jornais americanos que a banda pró-Moscou roubou a eleição na Ucrânia.

A questão, como diria Lênin, é o que fazer? Uma "revisão" das relações com a Ucrânia pode envolver corte na ajuda, congelamento de contas bancárias e suspensão de vistos. Muito irá depender da evolução dos acontecimentos nas geladas ruas de Kiev e outras cidades ucranianas.

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