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29/12/2004 - 21h03

Onda gigante passou por baixo de barco de repórter

da BBC Brasil

Quando o tsunami [tipo especial de onda oceânica, gerada por distúrbios sísmicos, que possui alto poder destrutivo quando chega à região costeira] se formou, a jornalista espanhola Antonia Paradela estava em uma balsa, saindo de uma ilha na costa da Indonésia em direção a Banda Aceh, capital da Província mais atingida pelo maremoto.

Ela deu o seguinte depoimento ao repórter Thomas Pappon, da BBC Brasil:

"O capitão sentiu que o mar estava recuando, então ele saiu do porto muito rapidamente, nem nos demos conta.

Então, alguém gritou 'tsunami'. Tentei olhar e o que vi era como uma onda que não chegava à praia, uma onda que rompia no mar. Não entendi muito bem, pensei que era uma onda muito forte.

Mas, quando chegamos a Banda Aceh [no domingo], todos os diques do porto estavam destruídos. Então, tivemos que voltar à ilha onde estávamos e esperar.

Havia muita gente que queria ir com os pescadores, era muito perigoso. Nós conseguimos sair na terça-feira e chegamos quarenta e oito horas depois do maremoto a Banda Aceh.

Era uma cidade que eu já conhecia, uma cidade completamente plana, muito mais aberta ao mar. Caminhei durante uma hora [na cidade] e ela está completamente destruída.

Eu estive no terremoto do México, em 1985. Mas [desta vez] foi a coisa mais forte que eu já vi na minha vida, tudo estava no chão, tudo destruído, muitos cadáveres, uma coisa terrível.

Os cadáveres estavam espalhados nas ruas, nos rios, em todas as partes, uma quantidade muito grande.

E também, como a cidade estava no nível do mar, muitos bairros estão cheios d'água, não se pode chegar nestes bairros.

Por exemplo: de onde o barco de pescadores nos deixou até o centro da cidade tivemos que ir a pé porque havia apenas um pequeno caminho perto do rio que estava livre. Todo o resto da cidade estava cheio d'água ou de lodo."

Primeira vista

"A primeira coisa que vi [em Banda Aceh] foi que o bairro dos pescadores havia desaparecido, só havia o resto das casas e corpos espalhados, no rio, no meio do caminho, corpos sem roupas, inchados devido à putrefação.

A força do mar foi tanta que os carros rodaram como se fossem pequenos objetos, os barcos de pescadores estavam esmagados contra as casas, as poucas das quais ainda sobravam algumas ruínas.

Eu caminhei mais de uma hora. Cheguei ao bairro comercial e a situação era também horrível.

Algumas casas ainda estavam de pé, mas havia muitíssimos cadáveres, de adultos, de crianças, de bebês. Algo absolutamente espantoso.

Vi pouca gente na rua. As pessoas vinham a nós para pedir água e alimentos, falavam que não tinham o que comer, não tinham água potável.

Cheguei a uma delegacia de polícia e eles me disseram que eu tinha que tomar muito cuidado, eles não tinham o controle da cidade e muitos policiais tinham morrido ou estavam desaparecidos.

É uma história que se repete. Cada pessoa em Banda Aceh afirma que perdeu a família, que não sabe o que aconteceu com os irmãos, uma situação muito dura.

A destruição cessa mais ou menos na altura da Grande Mesquita de Banda Aceh, que fica a cerca de dois quilômetros do mar. Mas ainda se vê muitos escombros e há uma sensação de cidade fantasma.

A Cruz Vermelha indonésia, a única organização humanitária que estava trabalhando ontem [terça-feira] em Banda Aceh, me disse que agora está muito preocupada com a situação dos vivos, o que vai acontecer com eles.

Os cadáveres estão apodrecendo, gerando uma situação sanitária muito difícil, com o perigo de epidemias como a de cólera e as pessoas não têm o que comer. As poucas pessoas que sobraram na cidade têm um futuro muito difícil."

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