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04/01/2005 - 15h12

Campanha com Bush pai e Clinton visa reduzir críticas a Bush

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

A estratégia do presidente americano, George W. Bush, de pedir aos ex-presidentes (republicano) George Bush pai e (democrata) Bill Clinton que liderem uma campanha por doações nos Estados Unidos para ajudar as vítimas do maremoto que matou quase 150 mil em 12 países da Ásia e da África deve reduzir as críticas que ele recebeu nos primeiros dias após a tragédia.

"Isto é exatamente o que ele deveria estar fazendo", disse à BBC Brasil Eric Schwartz, professor de Assuntos Internacionais da Universidade de Princeton e ex-diretor para assuntos multilaterais e humanitários do Conselho Nacional de Segurança americano no governo Clinton.

No domingo, Schwartz publicou um artigo no jornal "The Washington Post" dizendo que o presidente Bush deveria se envolver pessoalmente na operação de ajuda às vítimas do tsunami e se empenhar com o Congresso para conseguir a aprovação dos recursos que prometeu.

Se o presidente fez ou não o suficiente para mostrar que os Estados Unidos se importam com o resto do mundo e se o volume de recursos prometido --US$ 35 milhões inicialmente que cresceram para US$ 350 milhões no meio da semana passada-- era muito ou pouco foram questões muito debatidas na TV americana nos últimos dias.

Schwartz acha que o envolvimento dos dois ex-presidentes deve manter o assunto em evidência e que isso é bom. Além disso, a participação de Clinton aplaca as críticas de democratas como ele. "É, creio que se pode dizer que isso acaba com o risco de um partidarismo", admite.

Antiamericanismo

Na semana passada, enquanto Bush era criticado pelo silêncio --ele estava em férias no rancho no Texas e só apareceu em público para falar da tragédia na quarta-feira, três dias depois-- Clinton era criticado por ter se manifestado rápido demais, logo no primeiro dia.

"A contínua visibilidade do presidente ajudaria a comunicar claramente nossa solidariedade e apoio ao povo da Índia, Indonésia, Sri Lanka, Tailândia e outros países afetados", afirmou Schwartz no artigo no "Washington Post".

Analistas consideram que é importante para a política externa americana, especialmente neste momento, mostrar que os Estados Unidos se preocupam com outros países. Essa percepção pode reduzir o sentimento antiamericano na região, avaliam.

O governo se defendeu das críticas lembrando que, apesar do silêncio do presidente, o governo americano prometeu recursos e mobilizou equipes e equipamentos de resgate imediatamente.

No domingo, embarcou para a região atingida uma delegação liderada pelo secretário de Estado, Colin Powell, e o governador da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente.

Nesta segunda-feira, depois de anunciar a campanha de arrecadação de recursos na Casa Branca, o presidente Bush visitou as embaixadas da Indonésia, do Sri Lanka, da Tailândia e da Índia e assinou o livro de condolências.

Congresso

O que ainda não se sabe é de onde virão os US$ 350 milhões prometidos pelo presidente. Apenas uma parte deles já está alocada em contas específicas para este tipo de ajuda internacional. O restante terá que ser aprovado pelo Congresso, que toma posse e começa o ano legislativo nesta terça-feira.

"Se eu fosse o presidente agora estaria negociando com os líderes do Congresso para garantir que os recursos serão aprovados em poucas semanas", afirmou Schwartz.

Ele lembrou que, depois do furacão Mitch, que matou quase 10 mil pessoas na América Central em novembro de 1998, o governo Clinton não conseguiu que o Congresso aprovasse o pacote de ajuda antes de maio do ano seguinte.

Schwartz diz que, se o governo não conseguir esses recursos novos, o dinheiro que vai ajudar as vítimas do tsunami terá que ser deslocado de outros projetos. Se obtiver recursos novos, eles devem aumentar o já volumoso déficit das contas do governo. "Não tem outro jeito", diz ele.

A campanha que será liderada pelos ex-presidentes Bush e Clinton vai pedir doações privadas para instituições de ajuda que atuam na região. Até agora, o volume de doações tem sido expressivo.

A Cruz Vermelha americana recebeu até agora US$ 79,2 milhões, dos quais US$ 25,2 milhões em dinheiro e metade desse valor por meio do website, que permite doações online por cartão de crédito.
 

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