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18/01/2005
-
13h36
da BBC Brasil, em Nova York
A sabatina nesta semana no Senado com vistas à sua aprovação é apenas um dos testes iniciais de Condoleezza Rice para chefiar a diplomacia americana no lugar de Colin Powell no segundo mandato de George W. Bush. Henry Kissinger foi o último assessor de segurança nacional que fez a transição para Secretário de Estado.
Confidente de Bush e primeira mulher negra indicada para o posto, Condoleezza Rice precisará provar não apenas que tem o intelecto de Kissinger, mas capacidade para implementar um plano estratégico de política externa.
As linhas-mestras deste plano são restaurar a credibilidade internacional dos Estados Unidos, promover a cruzada democrática da Casa Branca no Oriente Médio e na verdade simplesmente fazer com que uma diplomacia vigorosa se sobreponha à ação militar, que foi a marca registrada de Bush no primeiro mandato.
Ela vai precisar mostrar ao mundo, que gostava tanto de Colin Powell, que é mais do que uma "moça de recados" do presidente.
Rice passou em um teste com a indicação de Robert Zoellick para ser subsecretário de Estado (cargo que também exige aprovação do Senado). Foi um teste de relativa independência em relação ao todo-poderoso vice-presidente Dick Cheney que desejava a indicação do neconservador John Bolton para ser o número 2 no Departamento de Estado.
"Rebaixado"
Zoellick é conhecido pelas autoridades brasileiras, como o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, como um duro e efetivo negociador comercial, mas sua folha corrida é bem mais extensa e diversificada. Sua indicação para "sub" de Condoleezza Rice ironicamente é um rebaixamento funcional porque o seu cargo de representante comercial tem status ministerial.
Zoellick é duro, mas é pragmático e conhecido por defender um tradicional curso internacionalista da diplomacia americana, em particular dando atenção à Europa Ocidental. Por estas razões, a sua indicação é considerada uma derrota para os afoitos neoconservadores que com o seu viés unilateralista deixaram uma marca profunda no primeiro mandato de Bush.
No jargão político, Zoellick pertence à ala "realista" do Partido Republicano, que não assinou o atestado de óbito de organismos multilaterais e no processo decisório consulta os aliados. Ele fez carreira impulsionado por James Baker, uma figura poderosa do establishment republicano e que exerceu cargos estratégicos nos governos Reagan e Bush (pai).
Zoellick trafega à vontade tanto na geopolítica como na economia. Ele ajudou nas negociações da reunificação alemã e de criação do Nafta. Sua escolha por Condoleezza Rice sinaliza, entre outras coisas, a ênfase da diplomacia sobre a ideologia, a necessidade da nova secretária de Estado de ter como lugar-tenente alguém que conhece os meandros da máquina burocrática da instituição e o reconhecimento de que assuntos econômicos hoje são cruciais em um portfólio diplomático.
A especulação em Washington é de que o ambicioso Zoellick topou o rebaixamento porque ele não tinha nada mais graúdo para pegar neste momento. Ele estava na bolsa de apostas para chefiar o próprio Departamento de Estado, Tesouro ou o Banco Mundial com o fim do mandato em meados do ano do australiano James Wolfensohn.
Mas "sub" pode ser coisa grande e visível em Washington. Basta ver Paul Wolfowitz no Pentágono. De qualquer forma, Zoellick está na linha de sucessão caso Condoleezza Rice não fique até o final do mandato ou, mais tarde, se um republicano ganhar as eleições presidenciais em 2008.
Caio Blinder: Escolha de Zoellick prioriza diplomacia e não ideologia
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
A sabatina nesta semana no Senado com vistas à sua aprovação é apenas um dos testes iniciais de Condoleezza Rice para chefiar a diplomacia americana no lugar de Colin Powell no segundo mandato de George W. Bush. Henry Kissinger foi o último assessor de segurança nacional que fez a transição para Secretário de Estado.
Confidente de Bush e primeira mulher negra indicada para o posto, Condoleezza Rice precisará provar não apenas que tem o intelecto de Kissinger, mas capacidade para implementar um plano estratégico de política externa.
As linhas-mestras deste plano são restaurar a credibilidade internacional dos Estados Unidos, promover a cruzada democrática da Casa Branca no Oriente Médio e na verdade simplesmente fazer com que uma diplomacia vigorosa se sobreponha à ação militar, que foi a marca registrada de Bush no primeiro mandato.
Ela vai precisar mostrar ao mundo, que gostava tanto de Colin Powell, que é mais do que uma "moça de recados" do presidente.
Rice passou em um teste com a indicação de Robert Zoellick para ser subsecretário de Estado (cargo que também exige aprovação do Senado). Foi um teste de relativa independência em relação ao todo-poderoso vice-presidente Dick Cheney que desejava a indicação do neconservador John Bolton para ser o número 2 no Departamento de Estado.
"Rebaixado"
Zoellick é conhecido pelas autoridades brasileiras, como o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, como um duro e efetivo negociador comercial, mas sua folha corrida é bem mais extensa e diversificada. Sua indicação para "sub" de Condoleezza Rice ironicamente é um rebaixamento funcional porque o seu cargo de representante comercial tem status ministerial.
Zoellick é duro, mas é pragmático e conhecido por defender um tradicional curso internacionalista da diplomacia americana, em particular dando atenção à Europa Ocidental. Por estas razões, a sua indicação é considerada uma derrota para os afoitos neoconservadores que com o seu viés unilateralista deixaram uma marca profunda no primeiro mandato de Bush.
No jargão político, Zoellick pertence à ala "realista" do Partido Republicano, que não assinou o atestado de óbito de organismos multilaterais e no processo decisório consulta os aliados. Ele fez carreira impulsionado por James Baker, uma figura poderosa do establishment republicano e que exerceu cargos estratégicos nos governos Reagan e Bush (pai).
Zoellick trafega à vontade tanto na geopolítica como na economia. Ele ajudou nas negociações da reunificação alemã e de criação do Nafta. Sua escolha por Condoleezza Rice sinaliza, entre outras coisas, a ênfase da diplomacia sobre a ideologia, a necessidade da nova secretária de Estado de ter como lugar-tenente alguém que conhece os meandros da máquina burocrática da instituição e o reconhecimento de que assuntos econômicos hoje são cruciais em um portfólio diplomático.
A especulação em Washington é de que o ambicioso Zoellick topou o rebaixamento porque ele não tinha nada mais graúdo para pegar neste momento. Ele estava na bolsa de apostas para chefiar o próprio Departamento de Estado, Tesouro ou o Banco Mundial com o fim do mandato em meados do ano do australiano James Wolfensohn.
Mas "sub" pode ser coisa grande e visível em Washington. Basta ver Paul Wolfowitz no Pentágono. De qualquer forma, Zoellick está na linha de sucessão caso Condoleezza Rice não fique até o final do mandato ou, mais tarde, se um republicano ganhar as eleições presidenciais em 2008.
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