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26/01/2005 - 16h00

Amor à arte torna vida mais saudável, diz estudo

VALQUÍRIA REY
da BBC Brasil, em Roma

A receita dos italianos para ter uma vida mais saudável, um intelecto muito mais ativo e combater a depressão é simples, segundo uma pesquisa divulgada no país: basta amar a arte e gostar de conviver com ela.

De acordo com o estudo, realizado pelo Instituto de Psicologia Analítica de Roma, visitar museus com freqüência pode ajudar a recuperar a serenidade necessária para enfrentar os problemas do dia-a-dia.

"Os efeitos benéficos são imediatos", diz o psicólogo e antropólogo Massimo Cicogna, coordenador do trabalho. "O contato constante com a arte aumenta a capacidade de atenção, o desempenho sexual e a segurança em si mesmo. Também melhora o estilo de vida de qualquer pessoa".

Feita com homens e mulheres com idades entre 20 e 35 anos, a pesquisa diz que os amantes da arte são quase três vezes mais ativos que os demais. Acabam se empenhando mais em questões sociais e são mais satisfeitos com o trabalho. São superiores intelectualmente e não têm problemas com a auto-estima.

Amor

Segundo Cicogna, a arte também faz bem ao amor.

"Os casais que convivem com a paixão pelo belo têm uma cumplicidade erótica muito mais elevada que os outros" (66% contra 37%) afirma Cicogna.

"Os benefícios sobre a personalidade em geral também são enormes. A visão do belo ajuda. Dá a força necessária para afrontar com otimismo os desafios da existência e relaxa a mente".

Quem é apaixonado por arte, de acordo com a pesquisa, supera mais facilmente uma situação de depressão (78% dos casos), enquanto aqueles que não têm este interesse ficam mais frágeis e apresentam mais resistência à recuperação.

A professora aposentada Stefania Rocchi, freqüentadora assídua dos museus italianos, concorda com os resultados.

"Acredito que uma pessoa acostumada a admirar obras de arte tem uma percepção mais sensível e aberta de tudo que a cerca", afirma a professora.

Rocchi também mantém o hábito de visitar semanalmente um dos monumentos mais famosos de Roma, a Fontana de Trevi, imortalizada numa cena de La Dolce Vita, de Federico Felini.

"A arte, seja ela qual for, faz com que as pessoas descubram seus próprios corações, quem elas são na realidade".

Síndrome de Rubens

O grupo de especialistas liderado por Cicogna é o mesmo que, há pouco tempo, começou a falar na Síndrome de Rubens, descrita como uma série de impulsos sexuais que atinge os visitantes dos museus durante o momento que estão contemplando determinadas obras de arte.

Segundo eles, 20% dos freqüentadores de museus já tiveram algum tipo de "aventura romântica", enquanto admiravam estátuas e esculturas consideradas eróticas.

"É um estado de ânimo que se cria durante a visita a um museu, uma sensação de êxtase que somente uma obra de arte sabe difundir", explica Cicogna. "Para algumas pessoas, pode acabar sendo decisivamente excitante".

Com este trabalho, nasceu uma classificação especial dos museus italianos em que as pessoas correm mais riscos de serem acometidas pela Síndrome de Rubens.

O mais "perigoso", de acordo com os especialistas, é o Palácio Doria Pamphilli, em Gênova, onde se encontra o Sátiro, do artista flamengo Peter Paul Rubens (1577-1640), que deu o nome à síndrome.

No clima

Na Galeria Borguese, considerado o museu mais romântico de Roma, a diretora Anna Coliva confirma que boa parte dos visitantes é envolvida no clima e na atmosfera do lugar. E aí, os beijos e os abraços são inevitáveis.

"Antes mesmo de essa reação ser batizada, as pessoas sempre reagiram desta maneira", diz a diretora. "Não sei se é uma síndrome, ou um simples estado de ânimo normal de comunicação, quando se entra em contato com coisas belas".

A turista austríaca Eva Soya e o seu namorado não conseguiram resistir à beleza e ao erotismo de uma das esculturas de Bernini. Em meio a outros turistas, os dois começam a se beijar apaixonadamente.

"Este lugar é muito romântico", afirmou Eva. "O ambiente é muito belo, com todas estas esculturas, a luz, as cores".

Segundo Massimo Cicogna, alguns brasileiros foram incluídos na sua pesquisa e acabaram confirmando os dados. No entanto, esta participação não deve ser considerada como um estudo detalhado sobre o Brasil.

De acordo com ele, o país deve apresentar resultados semelhantes, com base em outra manifestação cultural, mas com a mesma força que tem os museus para a vida dos italianos.
 

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