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28/01/2005 - 08h13

Em Amã, ceticismo e esperança dividem iraquianos

MÁRCIA FREITAS
da BBC Brasil, em Amã

"Ayad Allawi (atual primeiro-ministro interino do Iraque) irá ganhar de qualquer jeito, que diferença fará se eu votar ou não?", diz Ahmed, um iraquiano que vive na Jordânia há um ano e meio, ao explicar por que não se registrou para votar nas eleições iraquianas que serão realizadas no fim de semana.

Para ele, as eleições só farão com que a situação no território iraquiano piore.

"O povo iraquiano não gosta de Allawi, mas ele irá ganhar, e isso só fará com que a falta de segurança aumente", afirma.

Ahmed faz parte da grande maioria de iraquianos vivendo na Jordânia que não se registrou para participar da votação preparada pela Organização Internacional de Migração (OIM), uma agência da ONU, para aqueles que estão fora do Iraque.

Pouco mais de 20 mil iraquianos que moram hoje na Jordânia se registraram. Isso representa 11% do total que poderia estar participando, estimado em 180 mil.

Ali, um jornalista iraquiano em Amã, também não acredita nas eleições.

"Eu não quero participar do jogo americano", afirma.

Desinteresse

Outros afirmam simplesmente que não estão interessados nas eleições.

É o caso de um relojoeiro que vive há sete anos na Jordânia e que preferiu não ter o seu nome revelado.

"Eu não quero votar, não estou interessado", diz ele, sem querer explicar muito.

Um outro iraquiano, que também não quis revelar o nome, não irá votar porque nem sabia que o prazo para registro já havia terminado.

"A situação no Iraque não é nada boa", completa.

Esperança

Já entre os que decidiram votar, a expectativa é que as eleições ajudem a melhorar a vida no Iraque.

"Se Deus quiser, as eleições serão uma boa coisa para o Iraque", diz o padeiro Saddam Mattar, um xiita iraquiano que vive na Jordânia há cinco meses e participará das eleições.

"Depois de 35 anos de guerra, nós queremos paz, queremos melhorar as nossas vidas, nós queremos ser civilizados", afirma Saddam, que veio a Amã porque, no Iraque, "com a falta de segurança e de combustível, já não dava mais para fazer pães".

Ele diz, no entanto, que se as eleições realmente fizerem com que a situação no país melhore, como espera, voltará ao Iraque.

Um estudante universitário sunita que também não quis ter o nome revelado diz que as eleições são positivas porque o povo iraquiano terá a possibilidade de "praticar a democracia".

"Nós não tivemos o direito de participar de eleições democráticas por 35 anos, então nós estamos felizes de poder pelo menos fazer isso", afirma.

A curda Dalia Salahadin, que está na Jordânia há três anos, acredita que as eleições representam um passo positivo.

Ela diz não gostar da presença americana no Iraque e afirma que o pleito poderá mudar isso.

"Ninguém gosta de ter o seu país ocupado, mas quem sabe depois das eleições a situação vai mudar e eles (as tropas americanas) deixarão o Iraque", afirma.

Votação

A proporção de iraquianos registrados para votar na Jordânia é semelhante à verificada em outros países, como os Estados Unidos e a Síria.

Segundo a Organização Internacional de Migração (OIM), um quarto dos iraquianos que vivem fora do Iraque se registrou.

A organização diz que o resultado é satisfatório.

O maior número foi verificado no Irã, onde quase 70 mil se registraram.

O prazo para o registro, originalmente previsto para se encerrar no último domingo, foi prorrogado por mais dois dias e terminou na terça-feira.

Os eleitores iraquianos que vivem nos países onde a OIM está organizando a votação poderão ir às urnas de sexta-feira a domingo.

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