Publicidade
Publicidade
08/03/2005
-
15h48
da BBC Brasil, em Beirute
Dezenas de milhares de pessoas se concentraram nesta terça-feira no centro de Beirute para uma grande manifestação pró-Síria e contra os Estados Unidos convocada pelo grupo islâmico Hezbollah.
A manifestação aconteceu no mesmo local onde, nas últimas semanas, protestos contra a presença síria no país levaram à renuncia do gabinete de governo do primeiro-ministro Omar Karami.
Palavras de ordem contra a "intervenção americana" estavam nos gritos e nos cartazes dos manifestantes, que também carregavam fotos do presidente libanês, Émile Lahoud, do presidente sírio, Bashar al-Assad, e seu pai, Hafez al-Assad, e do líder do Hezbollah, xeque Hassam Nassrallah.
O protesto foi pacífico, como havia pedido a liderança do Hezbollah, que é ao mesmo tempo uma milícia armada (criada inicialmente para combater a ocupação israelense no sul do Líbano) e um dos principais partidos políticos do país.
A resolução 1559 da ONU - também alvo de muitos dos cartazes críticos da manifestação - determina, além da saída das tropas estrangeiras, a desmobilização de milícias como o Hezbollah, grupo classificado como "terrorista" pelo governo americano.
Disputas
Mas, apesar dos grandes protestos apresentando visões opostas com apenas alguns dias de diferença, os manifestantes dizem não acreditar que combates entre diferentes facções libanesas voltem a ocorrer.
"Os libaneses sabem o que estão fazendo e não querem voltar a guerrear. Estamos cansados de violência", disse o manifestante Mohamed Aduri, enquanto agitava uma bandeira libanesa.
O Líbano viveu uma guerra civil entre os grupos religiosos do país que durou cerca de 15 anos, até ser encerrada no início da década de 90 com a assinatiura do acordo de Taef.
As tropas sírias foram ao Líbano a pedido do governo libanês em 1976 para intervir na guerra.
Após muita pressão internacional e de manifestações anti-Síria no Líbano, os presidentes Assad e Lahoud anunciaram, nesta segunda-feira, que os cerca de 14 mil soldados ainda em território libanês serão deslocados, até o fim deste mês, para o vale do Bekaa, perto da fronteira entre os dois países.
Os americanos, no entanto, criticaram o anúncio, que classificaram de "meia medida". Os Estados Unidos querem que até as eleições libaneses, marcadas para maio, todos os soldados sírios já tenham voltado para casa.
O deslocamento de parte do soldados já começou, mas durante esta terça-feira a mesma estrada que os militares terão de tomar para seu recuo em direção ao Vale do Bekaa foi ocupada por milhares de carros que levavam manifestantes no sentido contrário, da região da fronteira sírio-libanesa para Beirute.
Críticos da presença síria sugeriram que parte dos manifestantes que participaram do ato pró-Síria desta terça-feira teriam vindo da Síria para a capital libanesa.
Estados Unidos
Embora tenha sido uma manifestação convocada para dar apoio aos sírios, os cartazes e palavras de ordem se referiam principalmente aos Estados Unidos e à comunidade internacional
"Todos Nossos Desastres vêm da América" e "Não à Intervenção Estrangeira" estavam entre as frases pintadas nos cartazes exibidos pelos manifestantes.
"Nós estamos aqui para protestar contra a intervenção americana no nosso país. Nós é que temos de dizer se há uma ocupação (da Síria no Líbano), e não eles", disse o manifestante Hassan Khader.
Mesmo entre os opositores da presença síria, também há importantes líderes que rejeitam a interferência americana no processo.
Israel
Alguns cartazes e gritos de manifestantes também atacavam Israel, lugar comum em manifestações no Oriente Médio.
"Morte aos Estados Unidos e a Israel", gritava um grupo de manifestantes, enquanto outro carregava um cartaz sugerindo que Resolução 1559 foi criada por uma manobra israelense.
"Israel verá estas pessoas todas aqui e também perceberá que não pode mais sustentar a ocupação das colinas do Golã (na Síria) e da cidade de Sheba (que fica no sul do Líbano e tem a posse disputada por israelenses e libaneses)", disse um manifestante.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o grupo islâmico Hezbollah
Manifestantes atacam EUA e apóiam a Síria em Beirute
PAULO CABRALda BBC Brasil, em Beirute
Dezenas de milhares de pessoas se concentraram nesta terça-feira no centro de Beirute para uma grande manifestação pró-Síria e contra os Estados Unidos convocada pelo grupo islâmico Hezbollah.
A manifestação aconteceu no mesmo local onde, nas últimas semanas, protestos contra a presença síria no país levaram à renuncia do gabinete de governo do primeiro-ministro Omar Karami.
Palavras de ordem contra a "intervenção americana" estavam nos gritos e nos cartazes dos manifestantes, que também carregavam fotos do presidente libanês, Émile Lahoud, do presidente sírio, Bashar al-Assad, e seu pai, Hafez al-Assad, e do líder do Hezbollah, xeque Hassam Nassrallah.
O protesto foi pacífico, como havia pedido a liderança do Hezbollah, que é ao mesmo tempo uma milícia armada (criada inicialmente para combater a ocupação israelense no sul do Líbano) e um dos principais partidos políticos do país.
A resolução 1559 da ONU - também alvo de muitos dos cartazes críticos da manifestação - determina, além da saída das tropas estrangeiras, a desmobilização de milícias como o Hezbollah, grupo classificado como "terrorista" pelo governo americano.
Disputas
Mas, apesar dos grandes protestos apresentando visões opostas com apenas alguns dias de diferença, os manifestantes dizem não acreditar que combates entre diferentes facções libanesas voltem a ocorrer.
"Os libaneses sabem o que estão fazendo e não querem voltar a guerrear. Estamos cansados de violência", disse o manifestante Mohamed Aduri, enquanto agitava uma bandeira libanesa.
O Líbano viveu uma guerra civil entre os grupos religiosos do país que durou cerca de 15 anos, até ser encerrada no início da década de 90 com a assinatiura do acordo de Taef.
As tropas sírias foram ao Líbano a pedido do governo libanês em 1976 para intervir na guerra.
Após muita pressão internacional e de manifestações anti-Síria no Líbano, os presidentes Assad e Lahoud anunciaram, nesta segunda-feira, que os cerca de 14 mil soldados ainda em território libanês serão deslocados, até o fim deste mês, para o vale do Bekaa, perto da fronteira entre os dois países.
Os americanos, no entanto, criticaram o anúncio, que classificaram de "meia medida". Os Estados Unidos querem que até as eleições libaneses, marcadas para maio, todos os soldados sírios já tenham voltado para casa.
O deslocamento de parte do soldados já começou, mas durante esta terça-feira a mesma estrada que os militares terão de tomar para seu recuo em direção ao Vale do Bekaa foi ocupada por milhares de carros que levavam manifestantes no sentido contrário, da região da fronteira sírio-libanesa para Beirute.
Críticos da presença síria sugeriram que parte dos manifestantes que participaram do ato pró-Síria desta terça-feira teriam vindo da Síria para a capital libanesa.
Estados Unidos
Embora tenha sido uma manifestação convocada para dar apoio aos sírios, os cartazes e palavras de ordem se referiam principalmente aos Estados Unidos e à comunidade internacional
"Todos Nossos Desastres vêm da América" e "Não à Intervenção Estrangeira" estavam entre as frases pintadas nos cartazes exibidos pelos manifestantes.
"Nós estamos aqui para protestar contra a intervenção americana no nosso país. Nós é que temos de dizer se há uma ocupação (da Síria no Líbano), e não eles", disse o manifestante Hassan Khader.
Mesmo entre os opositores da presença síria, também há importantes líderes que rejeitam a interferência americana no processo.
Israel
Alguns cartazes e gritos de manifestantes também atacavam Israel, lugar comum em manifestações no Oriente Médio.
"Morte aos Estados Unidos e a Israel", gritava um grupo de manifestantes, enquanto outro carregava um cartaz sugerindo que Resolução 1559 foi criada por uma manobra israelense.
"Israel verá estas pessoas todas aqui e também perceberá que não pode mais sustentar a ocupação das colinas do Golã (na Síria) e da cidade de Sheba (que fica no sul do Líbano e tem a posse disputada por israelenses e libaneses)", disse um manifestante.
Especial
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice