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23/03/2005 - 14h04

Líderes árabes reiteram proposta de "paz por terra" a Israel

PAULO CABRAL
da BBC Brasil, no Cairo

Os representantes de 22 países reunidos no encontro da Líga Árabe --que aconteceu entre terça e quarta-feira na capital argelina, Argel-- renovaram uma proposta feita a Israel em 2002, de "paz por terra".

A poposta prevê a normalização das relações diplomáticas entre as nações árabes e Israel se os israelenses saírem dos territórios palestinos ocupados na guerra de 1967, permitirem a criação de um Estado palestino e resolverem a questão dos refugiados.

Mas, segundo especialistas, a proposta significa pouco porque desde que foi apresentada incialmente os isralenses dizem --e repetiram desta vez-- que a idéia não serve de base para nada.

A Jordânia chegou a apresentar uma outra proposta, prevendo a normalização de relações diplomáticas antes do avanço em outros aspectos da negociação, mas a idéia foi rechaçada pela maioria dos países árabes mesmo antes do início do encontro.

Como já era esperado por analistas do Oriente Médio, a reunião da Liga Árabe terminou sem decisões de impacto e evitando temas delicados, como as presenças dos Estados Unidos no Iraque e da Síria no Líbano.

Mandato

A Liga Árabe costuma ter grandes dificuldades para tomar qualquer resolução objetiva, porque todas as suas decisões dependem de aprovação unânime dos 22 países membros, muitos com características e interesses bastante diferentes entre eles.

A presença de apenas 13 chefes de Estado entre os 22 convidados --estavam ausentes líderes importantes como o rei Abdallah, da Jordânia e o príncipe regente Abdallah, da Arábia Saudita-- foi apontada por analistas como um sinal do pouco poder da entidade.

A liga não conseguiu nem definir quem serão os três países que enviarão delegados para explicar melhor à comunidade internacional a proposta de paz feita a Israel. Depois de algum debate, o grupo decidiu deixar para a anfitriã do encontro, a Argélia, indicar a comissão.

O líder líbio, Muammar Gaddafi, que constantemente critica a Liga Árabe, ficou fumando durante os discursos de alguns de seus colegas, procurando desmonstrar um claro desinteresse pelo que estava sendo dito.

Mas em um evento com poucos sobressaltos, o discurso do próprio Kadaffi acabou ficando entre os que mais chamaram a atenção e recebeu até risadas dos líderes presentes.

"Estúpidos"

Um dos momentos em que Gaddafi arrancou risadas no encontro foi quando classificou palestinos e israelenses de "estúpidos": Israel por não ter dado atenção à Cisjordânia por 20 anos e os palestinos por não terem conseguido constituir um Estado no território.

O líder líbio também criticou um grupo de pessoas que organizou uma oração conjunta com homens e mulheres em Nova York.

Gaddafi disse que a cerimônia "desrespeita o islamismo".

"Este tipo de desrespeito cria milhões de Bin Ladens [o líder da rede terrorista Al Qaeda]. Eles têm que nos respeitar. Eles têm que respeitar o islamismo."

Falando sobre um tema que foi evitado na agenda oficial do encontro, Gaddafi disse que os sírios deveriam ser recompensados por manterem tropas no vizinho Líbano e preservarem a estabilidade do país.

"Vamos ver agora o que vai acontecer no Líbano", disse Gaddafi.

ONU

Já o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, que discursou antes de Gaddafi, pediu a retirada completa das tropas sírias de território libanês, de acordo com as disposições da Resolução 1559, do Conselho de Segurança da ONU.

Annan também disse que "nos próximos dias" uma equipe de investigadores da ONU iria apresentar um relatório a respeito do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês, Rafik al Hariri.

"Mas acredito que uma investigação mais completa ainda vai ser necessária", ressalvou o secretário-geral da ONU.

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