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04/04/2005 - 05h54

Comunidade cubana em Miami homenageia João Paulo 2º

CAROLINA GLYCERIO
da BBC Brasil, em Miami

A missa na Igreja Ermita de la Caridad, freqüentada pela comunidade cubana em Miami, nunca esteve tão cheia.

Com os rostos abatidos, os fiéis chegavam, faziam o sinal da cruz, assinavam o livro de condolências para o papa João Paulo 2º e se dirigiam aos bancos da igreja para rezar em memória ao que alguns chamaram de "o maior papa de todos os tempos".

Em Cuba, o presidente Fidel Castro decretou três dias de luto oficial, suspedeu os jogos da final do campeonato de beisebol e outras festividades e enviou condolências ao Vaticano.

Numa carta enviada à Santa Sé, Fidel disse que a "humanidade vai guardar a lembrança do trabalho incansável de sua santidade, o papa João Paulo 2º, em favor da paz, da justiça e da solidariedade entre os povos".

Miami

A cubana Lilian Viscano, de 51 anos, não costuma ir à missa toda semana, mas não pôde deixar de vir para orar pelo papa. "Vim pedir que ele descanse em paz", disse Olga, acompanhada do marido e do filho.

"Era uma pessoa muito generosa, muito preocupada com o mundo, com a paz."

A igreja leva o nome da patrona cubana, Virgem da Caridade do Cobre, mas também é freqüentada por outros latino-americanos, como a peruana Silvia Tamariz e a venezuelana Merys Figueiroa.

"Eu me lembro dele quando era muito pequena", diz Tamariz, de 23 anos.

João Paulo 2º também marcou a vida da cubana Zoila Murgado, que, aos 26 anos, tem a mesma idade do papado de João Paulo 2º.

"É como um avô que morre", diz Zoila, que chegou à missa acompanhada do namorado.

O casal acredita que o papa era "progressista" e elogia os seus esforços para se aproximar dos jovens.

Cuba

Do lado de fora, o jornalista Osmart Martinez esperava o início da missa para transmiti-la a Cuba, como parte de um programa especial sobre João Paulo 2º.

Martinez trabalha para a rádio Marti, um estação financiada pelo governo americano que escapa dos controles oficiais transmitindo em ondas curtas para a ilha.

"Perdemos um representante de Deus na Terra", diz Martinez.

Embora não seja proibido, o catolicismo é controlado pelo regime cubano, baseado no ateísmo.

Para o jornalista, a visita do papa, em 1998, fomentou a fé católica na ilha.

Mas a viagem, feita a convite do líder cubano, causou polêmica na comunidade cubana. Parte dos dissidentes esperava críticas mais fortes do pontífice, conhecido pelo seu papel na derrubada do comunismo no seu país, a Polônia.

Para Victoria Huerta, no entanto, a sua missão na ilha foi religiosa e não política. Ela também acredita que a visita tenha aberto caminhos para o catolicismo no país.

Já Guillermo Lopez, que vive em Miami há 36 anos, lamenta que ele não tenha conseguido fazer em Cuba o que fez na sua terra natal, mas não o culpa por isso.

"Ele fez o que pôde", concorda Lilian Viscano.

O número de católicos em Cuba é estimado em 6 milhões, ou seja, 56% da população.
 

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