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03/04/2005 - 15h51

Legado de João Paulo 2º divide imprensa internacional

da BBC Brasil

Jornais em todo o mundo prestaram homenagem ao papa João Paulo 2º. Ele é muito elogiado por seu papel na queda do comunismo e em seu trabalho de promover a tolerância entre as religiões, mas criticado pela intransigência em pontos como contracepção e divórcio.

"A morte de João Paulo 2º toca não apenas a Igreja Católica, afeta a humanidade como um todo. Isto porque, com ele, perdeu-se um líder poderoso na causa da paz e do crescimento espiritual das nações", disse o "La Nación", da Argentina.

Mas para o "Al Hayat", jornal em língua árabe editado em Londres, João Paulo 2º "dirigiu a igreja com mão de ferro, caracterizada por pequena tolerância por opiniões independentes ou interpretação de julgamentos. Assim, ele deixou a Igreja em um estado de estagnação e recuo".

O jornal britânico "The Sunday Times" disse que o arcebispo de São Paulo, cardeal Cláudio Hummes, pode se tornar o primeiro papa latino-americano se o conclave que escolher o sucessor de João Paulo 2º decidir refletir a força da igreja no mundo em desenvolvimento.

Abaixo, o que alguns dos principais jornais disseram sobre o papa morto.

Europa

O Santo Padre, você nos deixou depois de se consumir por nós. Nesta hora, gloriosamente para você e com lamento para nós, nós nos sentimos abandonados. Mas tome-nos pela mão e nos guie com aquela sua mão, que nestes últimos poucos meses também se tornou a sua palavra. Obrigado, Santo Padre.
"L'Osservatore Romano", edição especial do diário do Vaticano

Palavras jamais vão expressar o que cada um de nós está sentindo hoje. Porque as memórias de cada polonês estão ligadas a Ele. Nossos melhores momentos... nossas emoções... nossas mais profundas experiências emocionais... Você será sempre um bom pai para nós que nos criou e nos disse como devemos viver.
"Fakt", da Polônia

Ele foi realmente um dos homens que tiveram maior influência na história do século 20. Assim como ele influenciou os primeiros anos do século 21... Se, com o Segundo Concílio Vaticano a Igreja entrou no mundo moderno, com o pontificado de João Paulo 2º a Igreja se tornou um dos seus principais atores.
"Corriere della Sera", da Itália

Quem poderá vestir o mesmo esplendor épico --espetacular e, em resumo, passional, triunfante e sacrificado-- com que João Paulo 2º se vestiu?
"L'Unita", da Itália

De certa forma ele era um meteoro brilhante, um cometa resplandecente em trânsito, atrás do qual a escuridão veio rapidamente. Um papa está morto e um outro é eleito, e assim a Igreja sobreviveu por 2 mil anos e vai continuar por muito tempo. Mas as folhas das árvores estão se amarelando e as raízes afundando no solo que está cada vez mais arenoso e empobrecido.
"La Repubblica", da Itália

Desde sua inesperada eleição e até os seus últimos momentos de agonia, ele foi simplesmente a pessoa mais fotografada e mais filmada no mundo. Com sua imagem venerável mas empoeirada, o Catolicismo tinha um problema de visibilidade. João Paulo 2º, cujos 15 minutos de fama duraram um quarto de século, resolveram este problema com brilhantismo. Como um ator, enfrentando lentes telescópicas, ele será difícil de ser substituído.
"Liberation", da França

Acabou de se encerrar a vida de provavelmente o mais importante homem do nosso tempo, um papa para a eternidade, um pontífice que veio do Leste --da outra metade da Europa-- um homem que conduziu um dos papados mais longos e mais inovadores em termos de doutrina e ação pastoral da história da Igreja.
"ABC", da Espanha

O finado pontífice era inflexível em sua defesa dos ensinamentos tradicionais da Igreja... rejeitando o aborto e o divórcio categoricamente... um conservadorismo que ia de mãos dadas com uma posição progressista em defesa dos direitos humanos, na crítica a ditaduras e no combate à pobreza.
"El Mundo", da Espanha

O papa João Paulo 2º, tanto como um papa moderno quanto conservador, direcionou o Catolicismo para o terceiro milênio globalizado construído sobre as ruínas do Comunismo... Ele trabalhou como um papa bom e carismático.
"Nepszabadsag", da Hungria

O arcebispo de São Paulo, cardeal Cláudio Hummes, pode se tornar o primeiro papa latino-americano se o conclave que escolher o sucessor de João Paulo 2º decidir refletir a força da igreja no mundo em desenvolvimento. A América Latina, que tem 21 cardeais com direito a voto e abriga a metade dos católicos batizados do mundo, deverá reivindicar com vigor o papado se, como é provável, nenhum candidato conseguir a maioria de dois terços exigida nas votações iniciais... Como a maioria de seus irmãos eleitores, ele é conservador em questões de doutrina da igreja, mas é inegavelmente radical em questões sociais.
"The Sunday Times", da Grã-Bretanha

África

Através de sua devoção ao dever em face de adversidade pessoal causada por seus problemas de saúde, através de suas viagens e comunhão com a multidão de pessoas em terras distantes, o papa deixou um legado não apenas para a Igreja Católica mas para a humanidade.
"Guardian", da Nigéria

Claro, o papa João Paulo 2º foi impaciente, até intolerante de dissidentes durante todo o seu papado... O zelo franco é o que distingue este papa de outros líderes religiosos contemporâneos, muitos dos quais acharam prudente fazer concessões políticas e sociais no mundo.
"Sunday Nation", do Quênia

América Latina

A morte de João Paulo 2º toca não apenas a Igreja Católica, afeta a humanidade como um todo. Isto porque, com ele, perdeu-se um líder poderoso na causa da paz e do crescimento espiritual das nações. Seu chamado para defender a vida em todos os domínios e lutar incansavelmente pela dignidade dos seres humanos foi além de todas as fronteiras e ecoou nos cantos mais distantes do planeta.
"La Nación", da Argentina

Lamentavelmente, a mente aberta e o pensamento avançado que João Paulo 2º mostrou em outras áreas não se refletiu em suas posições em moral da família, que sempre foi conservadora ao extremo e que aumentou o abismo entre o que é pregado por sua hierarquia e o que é praticado por católicos comuns.
"El Tiempo", da Colômbia

Oriente Médio

[O papa João Paulo 2º] Viajou constantemente com o objetivo de levar mensagens de solidariedade entre religiões e povos apesar de seus muitos problemas de saúde e tentativas de assassiná-lo.
"Yediot Ahronot", de Israel

Por trás dos sorrisos e propalados discursos, ocultou-se uma abordagem conservadora que não concordou com nenhuma mudança... João Paulo 2º representou o velho apesar do fato de que ele voou em aviões a jato e aparentemente viveu no mundo moderno. Além disso, ele perseguiu todas as pessoas da igreja que tentaram propor mudanças liberais em questões como a Aids e a contracepção.
"Maariv", de Israel

João Paulo 2º recebeu contínuas visitas de inúmeras delegações judaicas representando as maiores organizações judaicas do mundo e ele nunca deixou de se encontrar com comunidades judaicas locais durante suas infindáveis viagens. Nenhum papa antes dele se aventurou a colocar tal significação nas relações católico-judaicas. O silêncio em sua ausência será muito alto mesmo.
"Jerusalem Post", de Israel

O país de onde o papa saiu --a Polônia--, e muitos outros do leste europeu, foram libertados do regime comunista, como ele desejou e pelo que trabalhou. Cristãos, muçulmanos e judeus começaram a conversar uns com os outros em busca de um denominador comum.
"Al Mustaqbal", do Líbano

O papa João Paulo 2º lutou durante toda a sua vida pela liberdade da humanidade, direitos humanos e coexistência. Mas ele dirigiu a igreja com mão de ferro, caracterizada por pequena tolerância por opiniões independentes ou interpretação de julgamentos. Assim, ele deixou a Igreja em um estado de estagnação e recuo.
"Al Hayat", jornal em língua árabe editado em Londres

O que o tornou diferente dos papas anteriores foi sua consciência de que a religião teve um papel determinante, como uma força moral, na vida política.
"Sharq", do Irã
 

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