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07/04/2005 - 05h25

Cardeais brasileiros tentam explicar declarações sobre Lula

ASSIMINA VLAHOU E EDSON PORTO
da BBC Brasil, em Roma

Os cardeais brasileiros dom Eusébio Oscar Scheid, arcebispo do Rio de Janeiro, e dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, procuraram explicar nesta quarta-feira em Roma declarações feitas anteriormente a respeito do catolicismo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

À mesa do refeitório do Colégio Pio Brasileiro, onde está hospedado com Hummes e dom José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília, Scheid apresentou uma declaração por escrito para explicar a afirmação que fizera na terça-feira, ao chegar a Roma, de que o presidente Lula não era "católico mas caótico".

"Quando se apontou a autoridade do nosso presidente sobre o assunto, reagi - o que teria sido melhor não ter feito - que não era o senhor Lula que deveria falar sobre a questão, 'sendo a escolha do papa uma escolha iluminada pelo Espírito Santo'."

"Não me parecia que o assunto do Espírito Santo fosse da alçada do nosso senhor presidente, dado que nas matérias de fé, de moral e de ética da nossa igreja ele me parecia mais confuso, ambíguo ('caótico') do que lídimo e claro, isto é, não suficientemente 'católico'."

"Como todos os outros"

Hummes, considerado um forte candidato a sucessor de João Paulo 2º, disse que "Lula se considera, se declara católico, e tem comungado mais vezes comigo".

"Eu tenho mais vezes dado a comunhão a ele sobretudo no primeiro de maio. Para mim é católico como todos os outros católicos do Brasil. Não como todos, porque os católicos são diferenciados na sua prática. Eu considero ele como um católico", acrescentou Hummes.

Mais cedo, ao desembarcar no Aeroporto Leonardo Da Vinci, na capital italiana, Hummes dissera: "Eu conheço (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) desde que ele se fez um líder sindical e um líder político. Ele é cristão ao seu modo e ele é católico ao seu modo."

"Autoridade constituída"

Em sua nota, o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro deu a entender que não pretendia ter feito os comentários que fez na chegada à capital italiana.

"Faço questão de sublinhar que jamais desrespeitei a autoridade constituída ou legitimamente eleita. A entrevista a mim, como que forçada por diversos repórteres e emissoras, deu-se em ambiente impróprio, no barulho da saída do Aeroporto de Roma, após longa e cansativa viagem. "

"Declaro que não gostei de ser abordada - e apenas isso - a escolha do futuro papa, quando eu apenas quisera ter falado sobre o extraordinário pontificado do papa João Paulo 2º, cujos frutos ainda colheremos muito tempo na Igreja Católica e no mundo todo."

"Espírito Santo"

Na terça-feira, Scheid, afirmou ao chegar a Roma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não se entende muito bem" com o Espírito Santo.

"Não, não mistura o Lula nessa história ainda não. Aí confunde tudo, porque ele com o Espírito Santo não se entende muito bem", dissera o arcebispo do Rio de Janeiro.

A frase foi dita em resposta a um jornalista que perguntou se não estava na hora de o mundo ter um papa brasileiro, especialmente agora que o país tem um "presidente operário".

Os três cardeais, juntamente com cardeal dom Geraldo Majella Agnello, arcebispo de Salvador, participam na quinta-feira das Congregações Gerais do Vaticano, que preparam o conclave, a reunião que vai eleger o sucessor do papa João Paulo 2º.

O conclave começa no dia 18 de abril.
 

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