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15/04/2005 - 14h54

Zagueiro argentino paga fiança e deixa a prisão

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

O zagueiro argentino Leandro Desábato deixou no início da tarde desta sexta-feira a cela que ocupava no 13° Distrito Policial de São Paulo, onde estava detido sob a acusação de injúria qualificada, com agravante de racismo, contra o atacante Grafite, do São Paulo.

Na quinta-feira, a Justiça havia concedido liberdade provisória ao jogador mediante o pagamento de uma fiança estipulada em R$ 10 mil. No entanto, o Quilmes, clube de Desábato, não conseguiu pagar a quantia a tempo para que o zagueiro fosse solto ainda na quinta-feira.

Com o pagamento da fiança, Leandro Desábato ficou livre da prisão, mas ainda teria que assinar um termo de compromisso de que voltará ao Brasil para responder ao processo para ser autorizado pela Justiça a deixar o país.

Em depoimento à polícia Grafite disse que o jogador argentino o chamou de "filho da p..., negro de m.... e negrinho" durante a partida entre São Paulo e Quilmes, disputada na noite de quarta-feira, pela Copa Libertadores, no estádio do Morumbi.

Desábato disse à polícia que não se lembrava de ter chamado Grafite de negro e que, durante o jogo, os dois trocaram "ofensas mútuas". O argentino afirmou ainda que, em seu país, a troca de insultos entre adversários não é considerada crime e negou ter usado palavras de "conotação racista" para ofender o atacante do São Paulo.

Reações

Leandro Desábato foi detido pela polícia paulista ainda no gramado do Morumbi, logo após o final da partida. De acordo com o Código Penal brasileiro, a injúria racial é um crime com pena de um a três anos de prisão e multa.

Em declarações à imprensa argentina, o presidente do Quilmes, Daniel Razzetto, disse que a prisão de Desábato "foi um complô".

"(Isso) já alcançou níveis diplomáticos e até o chanceler (argentino) Rafael Bielsa interveio", afirmou Razzetto. "É uma vergonha o que está ocorrendo."

O presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Julio Grondona, também saiu em defesa do zagueiro e disse que "Desábato não deve pedir desculpas a ninguém porque não fez nada".

No entanto, o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Nicolás Leoz, disse que o zagueiro argentino está suspenso preventivamente por um jogo e poderá receber uma punição severa da entidade.

Em nota divulgada na quinta-feira, o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, e a secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, ministra Matilde Ribeiro, também condenaram a atitude de Desábato.

"O grave incidente é mais um passo na escalada de preconceito e discriminação que vem tomando os estádios de futebol no mundo", diz o comunicado. "A atitude racista do jogador argentino vai contra todos os valores de igualdade, respeito e união que o esporte promove."

Os ministros afirmaram ainda que o "governo federal acionará as esferas da administração esportiva nacional e internacional para que adotem medidas concretas para banir do espetáculo esportivo a discriminação racial, o preconceito e a xenofobia".
 

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