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20/04/2005 - 17h32

Bento 16 promete diálogo com outras fés

ASSIMINA VLAHOU
da BBC Brasil, em Roma

Em sua primeira homilia como papa, Bento 16 se comprometeu oficialmente a uma abertura no diálogo com outros cristãos e também com outras religiões, garantindo a continuidade da obra de seu antecessor, João Paulo 2º.

"O sucessor de Pedro assume como compromisso primário trabalhar sem economizar energias na reconstituição plena e visível da unidade dos seguidores de Cristo e promover os contatos e entendimentos com os representantes das diferentes igrejas e comunidades eclesiásticas."

Essa foi uma das afirmações mais fortes contidas na primeira homilia do novo chefe da Igreja Católica, lida na missa rezada na manhã desta quarta-feira na Capela Sistina, onde ocorreu o conclave que o elegeu como sucessor de João Paulo 2º.

O desejo de diálogo foi bem recebido pelo patriarca da Igreja Ortodoxa da Rússia, Alexis 2º, que congratulou o alemão Joseph Ratzinger por ter sido escolhido.

A liderança ortodoxa teve divergências com o Vaticano nos últimos anos, reclamando que a Igreja fazia esforços para roubar parte de seus fiéis.

"Esperamos que com o novo papa esses problemas sejam solucionados", disse Igor Vyzhanov, um porta-voz da Igreja Ortodoxa.

'Não tenha medo'

Em seu sermão, o novo pontífice recorda com afeto seu predecessor, a quem atribui a graça de ter sido eleito papa.

"Parece que sinto sua mão forte apertar a minha, vejo seus olhos sorridentes e ouço suas palavras, dirigidas a mim neste momento especial: Não tenha medo", afirmou.

O pontífice afirmou ter ficado surpreso com sua eleição para suceder "este grande papa".

Ele afirmou que teve uma "sensação de inadequação" diante da responsabilidade de ter sido eleito papa.

Nas ruas do Vaticano, os vendedores de souvenirs se apressavam nesta quarta-feira em colocar à venda fotos do novo papa Bento 16.

Centenas de fotos do momento em que ele apareceu na sacada sobre a praça São Pedro, ao ser anunciado na terça-feira, foram impressas e eram vendidas por 2 euros (a pequena) ou 4 euros em tamanho maior.

Clique aqui para ver fotos da vida do novo papa

Ratzinger pediu que o Senhor lhe dê forças para ser "a pedra sobre a qual todos possam se apoiar com segurança".

O discurso do papa toca em diversos temas e pode ser visto como um esboço de programa do pontificado que se inicia agora.

Joseph Ratzinger promete continuar a atuação do Concílio Vaticano 2º.

"Os documentos conciliares não perderam a atualidade, e seus ensinamentos revelam-se pertinentes em relação às novas questões da Igreja e da atual sociedade globalizada", disse ele em sua homilia em latim, lida para os 114 cardeais que o elegeram e que estavam presentes à celebração.

Da plena comunhão com Cristo, segundo o discurso de Ratzinger, nasce qualquer outro elemento da vida da Igreja, em primeiro lugar a "comunhão entre os fiéis, o compromisso de anunciar e testemunhar o evangelho e o ardor da caridade para com todos, especialmente com os pobres e pequenos".

Jovens

No final de seu sermão, o papa Bento 16 se dirigiu a todos - chefes de Estado e de governo, pessoas de todas as categorias sociais e especialmente jovens - que participaram dos funerais do papa João Paulo 2º.

"Aquela intensa participação foi como um pedido de ajuda ao papa por parte da atual humanidade que, conturbada por incertezas e temores, questiona-se sobre seu futuro", disse Ratzinger, tocando num dos aspectos mais marcantes do pontificado de Karol Wojtyla - a capacidade de comunicar com todo mundo, não apenas com os católicos.

Ratzinger faz uma menção especial aos jovens, com os quais João Paulo 2º manteve uma relação especial, confirmando sua presença na Jornada Mundial da Juventude em agosto, em Colônia, Alemanha, sua terra natal.

Dirigindo-se a todos, Bento 16, "com simplicidade e afeto", disse: "Garanto continuar a tecer com eles um bom diálogo, aberto e sincero, em busca do verdadeiro bem do homem e da sociedade".

Tutu

O ex-arcebispo anglicano da África do Sul Desmond Tutu disse ter ficado insatisfeito com a escolha de Ratzinger para chefiar a Igreja.

Tutu, vencedor do Nobel da Paz em 1984, preferia um papa menos conservador.

Ele afirmou aos jornalistas que esperava a indicação de um sumo pontífice africano, ou de um país em desenvolvimento, com maior compreensão sobre a pobreza no mundo.

Tutu acrescentou ainda que esperava alguém com idéias mais modernas a respeito da ordenação de mulheres e uma atitude mais razoável com relação ao uso da camisinha.
 

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