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20/04/2005 - 08h16

Bento 16 tem pressa em reverter declínio da igreja, diz "NYT"

da BBC Brasil

Aos 78 anos, o papa Bento 16 "sabe que pode ter um papado breve e pretende agir rápido para fazer sua marca na Igreja Católica Romana e reverter seu declínio no Ocidente secular", segundo o jornal americano "The New York Times".

De acordo com o diário, o novo sumo pontífice vai surpreender especialmente os que esperam que ele siga as pegadas de seu antecessor.

O "New York Times" publica declarações do acadêmico conservador americano George Weigel, que acredita que o novo papa "vai levar a reevangelização, especialmente da Europa, muito a sério".

"Eu acredito que isso represente um reconhecimento da parte dos cardeais de que a grande batalha do mundo continua sendo travada dentro das cabeças dos seres humanos: é uma batalha de idéias", disse Weigel.

Sandro Magister, especialista em Vaticano da revista italiana "L'Espresso", é citado no artigo do "New York Times" dizendo que "espera uma grande limpeza da casa não muito diferente das reformas gregorianas às quais a Igreja deu início sob o papado de Gregório 7º, que comandou o catolicismo de 1073 a 1085. Aquela reforma provocou o fim do casamento de clérigos e da compra e venda de favores espirituais como as indulgências".

Clique aqui para ver fotos da vida do novo papa

"O cardeal Ratzinger falou e escreveu energicamente sobre sua percepção de ameaças à igreja, tanto internas quanto externas. Quer se trate de teólogos dissidentes, padres pedófilos, 'católicos de lanchonete' que desprezam a proibição dos métodos contraceptivos artificiais ou do 'celibato' do clero do Terceiro Mundo que mantém amantes, a solução do novo papa provavelmente será uma reiteração mais enérgica do credo da Igreja e da necessidade de viver por ela ou de deixá-la", diz o "New York Times".

Rito latino

O "El País", da Espanha, diz que o novo papa considera algumas das reformas do Concílio Vaticano 2º "erradas" e talvez tente restaurar parcialmente o antigo rito latino e o canto gregoriano.

"Dentro de cinco dias é que se vai começar a saber" se o novo papa "segue sendo o grande inquisidor, o guardião dos fundamentos, o flagelo dos hereges ou se, como papa, será algo mais", diz o jornal.

O jornal espanhol afirma ainda que, em 23 anos, ele "condenou ao ostracismo mais de cem teólogos".

O novo papa representa a continuidade, mas terá que abraçar reformas para não levar a Igreja Católica para um beco sem saída, segundo artigo publicado no jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" nesta quarta-feira.

"Ele representa uma igreja que tem um perfil claro e está preservando sua identidade", diz o jornal, que descreve sua oposição autodeclarada ao relativismo e apoio forte à fé como "um programa pessimista".

Mas o jornal acrescenta que o novo papa, Joseph Ratzinger, não é obcecado pelo poder, mas "um intelectual astuto que não consegue entender que outras pessoas também têm argumentos."

De acordo com o periódico alemão, além de preservar e fortalecer a identidade da Igreja Católica, Bento 16 terá que "representar uma igreja que enfatiza a solidariedade" e uma "que está disposta a se questionar".

Unidade

O "Frankfurter Allgemeine Zeitung", também da Alemanha, diz que o grau de unanimidade entre os cardeais que elegeram Joseph Ratzinger como o novo papa mostra que eles desejam que ele una a Igreja.

Já o "Die Welt" afirma sua reputação como conservador é um chavão, alegando que o finado papa João Paulo 2º não poderia ter aberto a Igreja para o mundo como fez sem o apoio de Joseph Ratzinger.

O jornal diz ainda que o novo papa está disposto "como ninguém" a admitir que a igreja existe em um ambiente que, com freqüência, fica distante da religião.

O jornal popular alemão "Bild" destaca a nacionalidade do novo papa dizendo que houve júbilo "na praça de São Pedro, no mundo inteiro e especialmente na Alemanha" quando "o alemão" apareceu na janela voltada para a praça.

Na Itália, poucos ficaram surpresos com a escolha de Ratzinger como papa.

Segundo o jornal "La Repubblica", ele foi "o único cardeal que entrou no conclave já com um monte de votos".

"Nós não podemos mais dizer que 'aquele que entra no conclave como papa sai cardeal'", segundo "Il Messaggero", referindo-se à máxima usada para explicar por que os favoritos geralmente não conseguem ser eleitos por seus pares.

O vaticanista Orazio Petrosillo, disse ao "Il Messaggero" que a brevidade do conclave, o segundo mais rápido da história moderna, deu "um forte sinal de unidade".

"Os homens de hoje --e cardeais não são diferentes-- precisam de esperança, mas também de diretrizes sólidas."

"Cão-de-guarda de Deus"

Mas alguns viram sinais de mudança no breve discurso de Bento 16 logo após o anúncio de sua eleição. "Ele se apresentou aos fiéis, mas não se entregou à multidão", observou o analista Ezio Mauro no jornal "La Repubblica" ao comparar o novo papa a seu antecessor, João Paulo 2º, que era uma estrela da mídia e sabia agradar multidões.

"Ele será um papa amado e temido, um intelectual vestido de pastor", disse o "Corriere della Sera".

O "La Stampa" acredita que Ratzinger ainda vai surpreender como papa, mostrando-se "exigente, mas afetuoso".

O jornal considera injusto seu apelido passado, de "cão-de-guarda de Deus".

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