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26/04/2005
-
09h08
da BBC Brasil, em Washington
A viagem da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pela América Latina é vista por analistas em Washington, por um lado, como um reconhecimento por parte dos Estados Unidos da importância do Brasil como liderança regional e, por outro, como um sinal de que as crises que têm afetado o hemisfério não podem ser ignoradas.
"A viagem de Condoleezza Rice, assim como a de Rumsfeld [no mês passado], é uma ação defensiva do governo americano", afirma o diretor do programa de Hemisfério Ocidental da Universidade John Hopkins, Riordan Roett.
"Temos cada vez mais medo da Venezuela, mais e mais medo da guerra na Colômbia, agora temos a crise no Equador. Acho que o governo americano entende que depois de anos e anos sem interesse deveria prestar atenção aos vizinhos da América do Sul", disse ele.
O presidente do Interamerican Dialogue, Peter Hakim, diz que a visita é uma introdução da nova secretária, no cargo há apenas três meses, à região. "Uma secretária de Estado não pode ignorar a América Latina", afirma.
Encontro com Lula
A viagem começa no Brasil, onde Rice fica nesta terça-feira e quarta-feira. Na passagem por Brasília, ela se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Rice deixa o Brasil nesta quarta-feira pela manhã --depois de uma palestra sobre a política externa americana-- rumo ao Chile, onde participa de uma reunião da Comunidade das Democracias. Em seguida, viaja para Colômbia e El Salvador.
Para Peter Hakim, a visita ao Brasil é a mais importante. "É um reconhecimento por parte do governo americano do papel do Brasil, da importância do país na América do Sul."
Na opinião de Roett, a posição independente do Brasil em relação à política externa americana o coloca cada vez mais como o mediador e líder do continente sul-americano. "Os outros países vêem o Brasil como líder na tentativa de reformar o Conselho de Segurança, no G20, na relação com a China."
Chávez, Alca e energia nuclear
As relações com a Venezuela, o comércio na região e a questão da energia nuclear devem ser os principais assuntos das conversas de Condoleezza Rice com o presidente Lula, o chanceler Celso Amorim e outros representantes do governo, na avaliação de Hakim.
"Os Estados Unidos querem comunicar ao Brasil o que pensam do presidente venezuelano Hugo Chávez, que ele é perigoso e pode desestabilizar a região", afirma.
Outro tema importante é o comércio. "O Brasil é um país crítico para a Alca e os Estados Unidos não abandonaram totalmente a idéia da Alca", diz Hakim.
Embora Rice esteja visitando o Brasil depois de três meses de governo --enquanto seu antecessor, Colin Powell, só foi ao país depois de três anos e meio no cargo-- os especialistas não vêem nenhuma mudança prática no tratamento à América Latina em Washington.
"Ainda temos que esperar um tempo mais para saber se haverá uma mudança importante", diz Hakim. "É fácil visitar países, fazer pronunciamentos. Mas tem temas importantes para ser resolvidos: como será a relação com a Venezuela, como vai lidar com o México e a política migratória, o Haiti. E tudo isso está longe de ser resolvido", avalia.
Roett vê como ponto positivo o interesse pelo menos simbólico na região no segundo mandato do presidente Bush. "Condoleezza Rice é uma pessoa de confiança do presidente, tem mais espaço para fazer uma política mais aberta, um pouco mais progressista na América Latina", afirma.
Mas a prioridade, segundo ele, é só para os países que de alguma forma ameaçam os Estados Unidos. "Chávez, governos de esquerda na região, guerra civil na Colômbia. É uma postura de medo, mas sem políticas novas. A visita é simbólica, mas vamos ver se vai ter uma nova política em Washington em relação à América Latina."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Condoleezza Rice
Visita de Rice é reconhecimento da liderança do Brasil, dizem analistas
DENIZE BACOCCINAda BBC Brasil, em Washington
A viagem da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pela América Latina é vista por analistas em Washington, por um lado, como um reconhecimento por parte dos Estados Unidos da importância do Brasil como liderança regional e, por outro, como um sinal de que as crises que têm afetado o hemisfério não podem ser ignoradas.
"A viagem de Condoleezza Rice, assim como a de Rumsfeld [no mês passado], é uma ação defensiva do governo americano", afirma o diretor do programa de Hemisfério Ocidental da Universidade John Hopkins, Riordan Roett.
"Temos cada vez mais medo da Venezuela, mais e mais medo da guerra na Colômbia, agora temos a crise no Equador. Acho que o governo americano entende que depois de anos e anos sem interesse deveria prestar atenção aos vizinhos da América do Sul", disse ele.
O presidente do Interamerican Dialogue, Peter Hakim, diz que a visita é uma introdução da nova secretária, no cargo há apenas três meses, à região. "Uma secretária de Estado não pode ignorar a América Latina", afirma.
Encontro com Lula
A viagem começa no Brasil, onde Rice fica nesta terça-feira e quarta-feira. Na passagem por Brasília, ela se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Rice deixa o Brasil nesta quarta-feira pela manhã --depois de uma palestra sobre a política externa americana-- rumo ao Chile, onde participa de uma reunião da Comunidade das Democracias. Em seguida, viaja para Colômbia e El Salvador.
Para Peter Hakim, a visita ao Brasil é a mais importante. "É um reconhecimento por parte do governo americano do papel do Brasil, da importância do país na América do Sul."
Na opinião de Roett, a posição independente do Brasil em relação à política externa americana o coloca cada vez mais como o mediador e líder do continente sul-americano. "Os outros países vêem o Brasil como líder na tentativa de reformar o Conselho de Segurança, no G20, na relação com a China."
Chávez, Alca e energia nuclear
As relações com a Venezuela, o comércio na região e a questão da energia nuclear devem ser os principais assuntos das conversas de Condoleezza Rice com o presidente Lula, o chanceler Celso Amorim e outros representantes do governo, na avaliação de Hakim.
"Os Estados Unidos querem comunicar ao Brasil o que pensam do presidente venezuelano Hugo Chávez, que ele é perigoso e pode desestabilizar a região", afirma.
Outro tema importante é o comércio. "O Brasil é um país crítico para a Alca e os Estados Unidos não abandonaram totalmente a idéia da Alca", diz Hakim.
Embora Rice esteja visitando o Brasil depois de três meses de governo --enquanto seu antecessor, Colin Powell, só foi ao país depois de três anos e meio no cargo-- os especialistas não vêem nenhuma mudança prática no tratamento à América Latina em Washington.
"Ainda temos que esperar um tempo mais para saber se haverá uma mudança importante", diz Hakim. "É fácil visitar países, fazer pronunciamentos. Mas tem temas importantes para ser resolvidos: como será a relação com a Venezuela, como vai lidar com o México e a política migratória, o Haiti. E tudo isso está longe de ser resolvido", avalia.
Roett vê como ponto positivo o interesse pelo menos simbólico na região no segundo mandato do presidente Bush. "Condoleezza Rice é uma pessoa de confiança do presidente, tem mais espaço para fazer uma política mais aberta, um pouco mais progressista na América Latina", afirma.
Mas a prioridade, segundo ele, é só para os países que de alguma forma ameaçam os Estados Unidos. "Chávez, governos de esquerda na região, guerra civil na Colômbia. É uma postura de medo, mas sem políticas novas. A visita é simbólica, mas vamos ver se vai ter uma nova política em Washington em relação à América Latina."
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