Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
27/04/2005 - 14h37

Análise: EUA carecem de apoio para isolar a Venezuela

CAIO BLINDER
da BBC, em Nova York

Condoleezza Rice está na América Latina, e Hugo Chávez estará em Cuba nesta quinta-feira. Cresce a escalada de tensões entre Washington e Caracas, enquanto o presidente venezuelano está cada vez mais próximo de Fidel Castro.

Nesta terça-feira, dia em que a secretária de Estado iniciava sua visita de quatro dias à região, com a escala no Brasil, o jornal "New York Times" publicava uma reportagem recheada de fontes oficiais não-identificadas sinalizando a necessidade de uma estratégia de longo prazo dos Estados Unidos para lidar com Chávez, que quase certamente irá conquistar um segundo mandato de seis anos nas eleições do ano que vem.

De acordo com a reportagem, Washington está revisando sua política em relação ao país que é o seu quarto fornecedor de petróleo, e o resultado provável será ainda mais endurecimento, com apoio a grupos de oposição a Chávez. Um dos desafios para o governo Bush será encontrar apoio na região para essa possível política de endurecimento.

Diferenças --algumas sutis e outras escancaradas-- foram manifestadas nos encontros em Brasília de Condoleezza Rice com as autoridades brasileiras. Na entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ressaltou a necessidade de respeito à soberania da Venezuela e que o país é uma democracia formal, enquanto a secretária de Estado dizia que eleições não caracterizam um Estado democrático.

Corretivo unilateral

O confronto com Caracas cresce, mas não existe inclinação em Washington para aplicar um corretivo unilateral. Autoridades americanas, citadas pelo "Los Angeles Times", dizem que a melhor maneira de lidar com Chávez é aquela que está em curso no caso da Coréia de Norte [e até agora frustrante] para convencer o recluso país comunista a abandonar suas ambições nucleares, ou seja, trabalhar com os vizinhos e adotar pressões coletivas.

Mas falta disposição latino-americana para um jogo pesado contra Chávez. Nem mesmo o mais próximo aliado do governo Bush na região, a Colômbia de Álvaro Uribe, está animada para o confronto acirrado, temerosa de que isto gere ainda mais instabilidade. Como diz Daniel Erikson, analista do centro Diálogo Interamericano, em Washington, a "América do Sul prefere diálogo e engajamento" com a Venezuela.

A diplomacia americana pode até estar estudando a revisão de sua política em relação à Venezuela com vistas a um endurecimento, mas as primeiras declarações de Condoleezza Rice na sua visita à região podem ser definidas como suaves.

Há uma insistência dos diplomatas que acompanham a secretária de Estado em dizer que forjar uma aliança contra Chávez não é um objetivo central da viagem.

A postura do governo Bush na América Latina tem sido até agora cunhada de "negligência benigna". Uma pedra-de-toque foi coroar o Brasil do presidente Lula como uma força moderadora, exercendo um papel funcional e mesmo de mediação em crises do Haiti ao Equador, passando obviamente pela Venezuela.

Para o Brasil e a Colômbia interessam frear os impulsos e a estridência populista de Chávez em nome da estabilidade regional, mas um engajamento acelerado dos Estados Unidos no confronto com Caracas pode significar uma colisão.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página