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03/05/2005 - 09h08

Brasileiros em Londres torcem contra conservadores

ANDREA WELLBAUM
da BBC Brasil

Enquanto o discurso do Partido Conservador de limitar a entrada de imigrantes na Grã-Bretanha atrai eleitores, ele causa arrepios em muitos brasileiros que moram em Londres.

Um deles é o brasileiro Flávio Oliveira: "Se isso acontecer, eles vão querer varrer definitivamente todos os imigrantes ilegais e todas as pessoas que não fazem parte da comunidade européia."

Oliveira trabalha em um restaurante italiano, onde ganha 900 libras por mês (o equivalente a cerca de R$ 4,3 mil).

Ele chegou há um ano e pretende ficar em Londres por mais três. Porém, o visto de estudante de Oliveira expira daqui a quatro meses.

"Eu gostaria de renovar (o visto), mas como a imigração agora está bastante severa, eu não sei o que farei..."

Ele admite que, se não conseguir a documentação para permanecer no país, provavelmente vai continuar em Londres de forma ilegal.

"Eu estou tentando tirar a minha cidadania portuguesa, mas enquanto ela não sai, eu vou ficar."

A opção de Flávio é a de muitos brasileiros e imigrantes de outras nacionalidades que resolvem ficar mais tempo do que o permitido na Grã-Bretanha.

Torcida por Blair

Quem está gostando cada vez menos dessa situação são os britânicos. É por isso que a imigração virou um dos temas mais polêmicos da campanha eleitoral no Reino Unido.

As medidas mais duras contra os imigrantes e asilados foram propostas pelo Partido Conservador, do candidato Michael Howard, e vão desde a criação de uma cota anual que limita o número de imigrantes no país até exames médicos compulsórios.

As declarações de Howard sobre o tema fazem com que os brasileiros torçam por um terceiro mandato de Tony Blair.

O empresário Marcelo de Souza é um dos que podem ajudar Blair a continuar no cargo. Ele promete: "Eu vou votar nele no próximo dia 5."

No entanto, mesmo se os conservadores assumirem o governo, Souza não acredita que o discurso de Howard seja colocado em prática.

"Acredito que eles façam alguma pressão no início, mas é papo para se eleger. No final, não vai mudar nada. Depois de seis meses, um ano, a coisa volta a ser o que era."

Há 10 anos em Londres, Souza é dono de um restaurante brasileiro no centro da cidade, que virou referência para os imigrantes que procuram casa e emprego.

Segundo o empresário, de lá para cá muita coisa mudou: "Antigamente era fácil conseguir emprego. Ninguém exigia documento. Se você fosse um bom profissional, seu patrão jamais iria te pedir qualquer documento. Hoje ser um bom profissional não está bastando."

Abertura do leste europeu

Muitos britânicos acusam os imigrantes de sobrecarregar os serviços públicos, como o sistema nacional de saúde, que atende todos os moradores do Reino Unido, inclusive os ilegais.

Por outro lado, muitos economistas defendem a entrada de imigrantes na Grã-Bretanha e criticam as promessas de campanha dos principais partidos políticos.

Segundo o economista Robert Wright, "uma redução do fornecimento de mão-de-obra é ruim para a Grã-Bretanha e significaria uma deterioração do padrão de vida de todos".

Depois de ocupar o primeiro lugar na lista de países industrializados que mais recebe imigrantes, o Reino Unido é atualmente o terceiro, atrás da França e dos Estados Unidos.

O governo trabalhista afirma que mesmo utilizando os sistemas de saúde e educação britânicos, os imigrantes deixam um saldo positivo de 2,5 bilhões de libras (quase R$ 12 bi) em impostos.

Seja qual for o próximo governo, tem brasileiro que prefere não arriscar. É o caso de Alexandre Adriano Betiarti, que chegou há pouco mais de um ano em Londres.

"Eu pretendo ficar (na Grã-Bretanha) por dois anos, que é o tempo que eu posso ficar legal (sic), porque eu só posso renovar o visto duas vezes. Aí eu pretendo voltar para o meu país."
 

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