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05/05/2005 - 11h10

Acordo revela brasileiro desaparecido na ditadura argentina

MÁRCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

Numa semana marcada pelas divergências entre o Brasil e a Argentina, os governos dos dois países deram novos passos conjuntos na área de direitos humanos.

O secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, anunciou que, graças às investigações argentinas, soube-se, na quarta-feira, que existe mais um brasileiro na lista de desaparecidos durante a recente ditadura militar no país vizinho, que ocorreu entre 1976 e 1983.

Com a informação da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, subiu para sete o total de brasileiros na mesma situação.

"A descoberta só foi possível porque os argentinos estão muito avançados nesse tipo de investigação. Além disso, eles cruzam dados e parecem não desistir enquanto não descobrem toda a verdade", disse Miranda.

Surpresa

"Na nossa área não existem conflitos. Ao contrário, estamos trabalhando juntos numa colaboração permanente", respondeu quando perguntado sobre as diferenças entre os dois países.

Segundo ele, como os governos militares (dos países do Cone Sul) trocavam informações sobre os perseguidos políticos, ainda hoje, mais de vinte anos depois da volta da democracia, existem dados desencontrados.

O sétimo desaparecido brasileiro, seqüestrado em Buenos Aires no dia 8 de abril de 1976, é o carioca Sérgio Fernando Tula Silberg, que tinha 21 anos.

Durante a entrevista, Nilmário mostrou-se surpreso com a revelação do caso. "Essa é uma surpresa. Uma novidade que surge tantos anos depois daqueles anos de ditadura", disse.

Encontro

Nilmário anunciou ainda que será lançado em Brasília, no dia 29 de agosto, o museu "Memórias da Repressão Política".

A data marca o aniversário da anistia no Brasil. O espaço nascerá inspirado em medidas já adotadas pela Argentina, como reconheceu o secretário.

"Todos os documentos daqueles tempos estarão disponíveis ao público, incluindo fichas do SNI (Serviço Nacional de Informação), do Conselho de Segurança Nacional", contou.

Nilmário Miranda esteve na Argentina para trazer oito amostras de pessoas que estavam na guerrilha do Araguaia para estudo e identificação na Argentina, onde existe um banco de dados de DNA e infra-estrutura científica para o trabalho.

"O Brasil também já está montando seu banco de dados de DNA e também faz parte desse processo (de troca de informações com a Argentina)", disse.

Na sua passagem por Buenos Aires, o secretário esteve ainda na ESMA (Escola de Mecânica da Armada), que ficou conhecida como centro de tortura naqueles anos de repressão.

Ali funcionará o Museu da Memória da Argentina. Naquele endereço, como lembrou, esteve o músico brasileiro Francisco Tenório, outro desaparecido brasileiro.

Ele foi confundido com guerrilheiro quando esteve em Buenos Aires para realizar shows com Vinícius de Moraes.

Nessa quinta-feira, o secretário estará em Assunção, no Paraguai, participando com representantes de direitos humanos dos governos de outros oito países da região, no encontro chamado de "Altas Autoridades de Direitos Humanos".

Os temas do encontro serão: criança, tráfico de pessoas, direito à memória e à verdade e uma clausula conjunta de direitos humanos.

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