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10/05/2005 - 12h10

Para ex-soldado dos EUA, "Guantánamo levou a Abu Ghraib"

da BBC Brasil

Erik Saar, um ex-sargento do Exército dos Estados Unidos, acaba de lançar um livro em que afirma que o abuso sexual de prisioneiros no campo de prisioneiros de Guantánamo abriu um precedente para os maus tratos que aconteceram na prisão iraquiana de Abu Ghraib.

Em "Inside the Wire", o ex-militar, que traduziu interrogatórios no campo de Guantánamo, revela o tratamento dispensado aos prisioneiros aproveitando o interesse provocado pelo julgamento dos envolvidos no escândalo de Abu Ghraib.

"Guantánamo foi o início de um erro. Ela criou um precedente ao rotular pessoas como combatentes inimigos, borrando a linha entre o certo e o errado", disse o ex-soldado. "Você pode enxergá-lo (o campo) como a semente que pode ter muito bem levado às pirâmides de presos nus em Abu Ghraib."

Um dos casos mais chocantes que teriam sido testemunhados por Saar durante os seis meses que passou em Guantânamo teria sido o interrogatório de um preso saudita feito por uma militar americana.

Para forçar o preso a falar, segundo o ex-sargento, ela se despiu para provocar o homem sexualmente e envergonhá-lo e fazê-lo perder a confiança na fé dele.

A soldado teria, então, saído da sala e buscado uma caneta vermelha.
"Brooke foi para o lado do prisioneiro, e ele pode perceber que ela tirava a mão de dentro das próprias calças", escreveu o ex-militar. "Quando ele enxergou a mão, o saudita viu o que parecia ser sangue na mão dela."

Quando a interrogadora esfregou o que o saudita achava ser sangue menstrual no rosto dele, o prisioneiro ficou enfurecido e quase conseguiu se libertar.

No entanto, "Brooke" teria continuado a provocá-lo, de acordo com o relato de Saar, perguntando ao saudita se Alá estaria satisfeito com ele e lhe dizendo para divertir-se tentando rezar.

Finalmente, o preso foi levado de volta à cela dele sem água, impossibilitado de se limpar.

Mudança de opinião

Saar se ofereceu para ir a Guantánamo em 2002. Ele era um lingüista militar com especialização em árabe e em segurança.

Apesar disso, o ex-militar afirmou que as experiências que teve mudaram a sua opinião sobre o campo e sobre o país dele.

Saar disse também que houve muito mais tentativas de suicídio no campo do que o governo americano admite.

Ele também acusa as tropas de choque americanas IRF (força de reação inicial, em inglês) de diversos espancamentos no campo.

O ex-militar completa dizendo que dos cerca de 600 prisioneiros no campo, apenas algumas dezenas seriam "terroristas de verdade".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre os abusos em Abu Ghraib
  • Leia o que já foi publicado sobre os abusos em Guantánamo
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