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11/05/2005 - 21h39

Para Lula, Argentina tem razão em reclamar

DIEGO TOLEDO
da BBC Brasil, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, em entrevista coletiva após o encerramento da Cúpula América do Sul-Países Árabes, que compreende as queixas da Argentina sobre o desequilíbrio entre as indústrias do Brasil e do vizinho.

"Muitas vezes a Argentina reclama e muitas vezes tem razão porque nós precisamos nesses acordos contribuir para que a Argentina possa fortalecer a sua industrialização", afirmou.

Lula disse que o Brasil está "vivendo uma boa relação" com a Argentina e brincou que o único motivo de nervosismo é a situação do Corinthians, que ficou sem técnico na terça-feira, após a demissão do treinador argentino Daniel Passarella.

"Se tem uma coisa que está hoje meio nervosa entre Brasil e Argentina é apenas o meu Corinthians. O resto está tudo tranqüilo", comentou o presidente. "Parece que o problema agora é meu porque eu é que sou corintiano."

De acordo com Lula, Brasil e Argentina são "dois países que se necessitam" e, por isso, o governo brasileiro quer para os vizinhos o mesmo que deseja para o próprio país.

"Os dois países precisam dessa harmonia para que a gente possa crescer e fazer o que todos nós sonhamos, que é melhorar a qualidade de vida do nosso povo e da nossa gente", afirmou o presidente.

Partida de Kirchner

Lula também procurou minimizar a decisão do presidente argentino, Néstor Kirchner, de deixar a reunião de cúpula em Brasília antes do encerramento oficial do encontro.

"O presidente Kirchner e outras pessoas foram embora quando terminou a reunião", disse. "Na verdade, a reunião terminou (na terça), e hoje nós ficamos aqui para aprovar a declaração, com o governo argentino representado, e os discursos finais."

O presidente afirmou ainda que o colega argentino participou das reuniões em Brasília como todos os outros chefes de Estado presentes na cúpula e lembrou que jantou com Kirchner e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, na noite de segunda-feira.

"Discutimos tudo o que nós tínhamos que discutir", disse Lula. "Nós temos compreensão, tanto o presidente Kirchner como eu, da problemática das relações comerciais entre Brasil e Argentina."

"Precisamos construir um processo para que a gente não fique apenas discutindo o varejo de um ou de outro setor econômico que se sente prejudicado", acrescentou.

Industriais argentinos

Lula disse ainda que o governo brasileiro teve nesta semana "uma extraordinária reunião" com empresários da Argentina e que um novo encontro foi marcado discutir um projeto de política industrial com os argentinos.

Na terça-feira, no entanto, Héctor Mendez, um dos líderes da União Industrial Argentina (UIA), criticou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, com quem se encontrou no dia anterior.

Nesta quarta, Furlan reagiu as afirmações do empresário argentino de que o ministro é muito "duro" e representa uma preocupação para o futuro das relações comerciais entre Brasil e Argentina.

"Eu sempre fui duro na minha vida. Duro, mas leal", rebateu Furlan. "Isso, para mim, é elogio. O presidente diz que a gente tem que ser duro nas negociações, mas, ao mesmo tempo, coerente."

O ministro disse, no entanto, que o encontro com os industriais argentinos foi positivo e que várias propostas de políticas industriais conjuntas foram apresentadas e estão sendo discutidas.
 

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