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26/05/2005
-
20h55
da BBC Brasil, em Buenos Aires
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que hoje a "invasão de produtos da China" é muito mais preocupante do que qualquer diferença comercial com a Argentina, com quem, destacou, a relação já é de "paz e amor".
Skaf, que participou de encontro da União Industrial Argentina (UIA) nesta quinta-feira, reclamou da falta de "vontade política" do governo brasileiro para regulamentar, mais rapidamente, medida que impõe salvaguardas específicas para a entrada de produtos chineses no mercado brasileiro. "Depois que o Brasil fizer isso, temos que trabalhar junto com os argentinos ou também perderemos espaço no Mercosul para os chineses", disse o líder empresarial.
Segundo ele, atualmente a China é "o grande problema" para o bloco, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e para o mundo inteiro.
"A China tem câmbio favorável para as exportações, juros mais baixos e pratica dumping", acusou. "No Brasil, temos mais de 30 setores preocupados com as importações da China. De fabricantes de armação de óculos, eletrônicos, sapatos e outros".
"Eco"
Skaf falou com a imprensa brasileira no aeroporto internacional de Ezeiza, antes de embarcar de volta para São Paulo. Ele acabara de chegar do balneário de Mar del Plata, a 400 quilômetros da capital argentina, onde participou, a convite de empresários argentinos, do encontro da UIA --dali partem as principais queixas contra a "invasão de produtos brasileiros" no mercado argentino.
Ele disse que falou no assunto (invasão de produtos chineses) durante o encontro em Mar del Plata e que percebeu "eco" entre os argentinos.
"A China é uma questão maior e preocupa a todos. Temos que ser mais rápidos e o Mercosul deve estar unido contra isso", insistiu.
Nesta semana, porém, empresários brasileiros do setor de calçados reclamaram, em Buenos Aires, que estão perdendo espaço para os similares chineses no mercado argentino. Eles afirmaram que pediram cláusula compensatória contra essa "invasão", mas não tiveram apoio dos argentinos. "As importações da China são predatórias e até ilegais", acusou.
Quando perguntado sobre as disputas recentes entre Argentina e Brasil, Skaf respondeu: "Bandeira branca de um lado e do outro. Não dá pra gente ficar o tempo inteiro de coisinha".
"Página virada"
Paulo Skaf disse que as diferenças limitam-se a alguns setores e desconversou quando lembrado que o presidente argentino Néstor Kirchner acusara, em entrevista à imprensa argentina, o empresariado paulista de prejudicar a economia argentina.
"Página virada", disse. Ele comentou ainda que a proposta entregue pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, trata conceitos básicos para o comércio bilateral, em caso de desequílibrio cambial, por exemplo. "Mas hoje como o câmbio é favorável para a Argentina, nós é que vamos ter que pedir salvaguardas para eles", brincou.
Pela primeira vez em dez anos, a partir de 2004, o comércio bilateral é favorável para o Brasil e não para o país vizinho, apesar de a moeda nacional valer cerca de três pesos por dólar --desvalorização maior que a brasileira e que, em tese, ajudaria as exportações argentinas, o que não vem ocorrendo.
China preocupa mais do que divergências com Argentina, diz Fiesp
MARCIA CARMOda BBC Brasil, em Buenos Aires
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que hoje a "invasão de produtos da China" é muito mais preocupante do que qualquer diferença comercial com a Argentina, com quem, destacou, a relação já é de "paz e amor".
Skaf, que participou de encontro da União Industrial Argentina (UIA) nesta quinta-feira, reclamou da falta de "vontade política" do governo brasileiro para regulamentar, mais rapidamente, medida que impõe salvaguardas específicas para a entrada de produtos chineses no mercado brasileiro. "Depois que o Brasil fizer isso, temos que trabalhar junto com os argentinos ou também perderemos espaço no Mercosul para os chineses", disse o líder empresarial.
Segundo ele, atualmente a China é "o grande problema" para o bloco, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e para o mundo inteiro.
"A China tem câmbio favorável para as exportações, juros mais baixos e pratica dumping", acusou. "No Brasil, temos mais de 30 setores preocupados com as importações da China. De fabricantes de armação de óculos, eletrônicos, sapatos e outros".
"Eco"
Skaf falou com a imprensa brasileira no aeroporto internacional de Ezeiza, antes de embarcar de volta para São Paulo. Ele acabara de chegar do balneário de Mar del Plata, a 400 quilômetros da capital argentina, onde participou, a convite de empresários argentinos, do encontro da UIA --dali partem as principais queixas contra a "invasão de produtos brasileiros" no mercado argentino.
Ele disse que falou no assunto (invasão de produtos chineses) durante o encontro em Mar del Plata e que percebeu "eco" entre os argentinos.
"A China é uma questão maior e preocupa a todos. Temos que ser mais rápidos e o Mercosul deve estar unido contra isso", insistiu.
Nesta semana, porém, empresários brasileiros do setor de calçados reclamaram, em Buenos Aires, que estão perdendo espaço para os similares chineses no mercado argentino. Eles afirmaram que pediram cláusula compensatória contra essa "invasão", mas não tiveram apoio dos argentinos. "As importações da China são predatórias e até ilegais", acusou.
Quando perguntado sobre as disputas recentes entre Argentina e Brasil, Skaf respondeu: "Bandeira branca de um lado e do outro. Não dá pra gente ficar o tempo inteiro de coisinha".
"Página virada"
Paulo Skaf disse que as diferenças limitam-se a alguns setores e desconversou quando lembrado que o presidente argentino Néstor Kirchner acusara, em entrevista à imprensa argentina, o empresariado paulista de prejudicar a economia argentina.
"Página virada", disse. Ele comentou ainda que a proposta entregue pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, trata conceitos básicos para o comércio bilateral, em caso de desequílibrio cambial, por exemplo. "Mas hoje como o câmbio é favorável para a Argentina, nós é que vamos ter que pedir salvaguardas para eles", brincou.
Pela primeira vez em dez anos, a partir de 2004, o comércio bilateral é favorável para o Brasil e não para o país vizinho, apesar de a moeda nacional valer cerca de três pesos por dólar --desvalorização maior que a brasileira e que, em tese, ajudaria as exportações argentinas, o que não vem ocorrendo.
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