Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/05/2005 - 14h20

Mauro Silva gostaria de despedida como a de Romário

ANELISE INFANTE E CLAUDIA SILVA JACOBS
da BBC Brasil

O meio-campo Mauro Silva está pendurando as chuteiras.

Ele realizou no fim de semana a sua última partida com a camisa do Deportivo La Coruña, após 13 anos no clube espanhol.

Mauro Silva respondeu às perguntas sobre sua saída do futebol, enviadas por internautas ao longo da semana passada.

Clique aqui para ouvir a entrevista

Acompanhe abaixo as respostas do meio-campo.

BBC Brasil - Vários internautas acham que você ainda tem "bala na agulha" e perguntam se não era o caso de você continuar jogando por mais um ano ou dois. Por exemplo, o internauta Ericson Gomes e outros lembram que o Romário tem 39 anos, quer dizer, é mais velho, e continua jogando. Já o internauta Silas diz que você deveria pendurar as chuteiras só depois do "Baixinho". Dá para mudar de idéia e continuar jogando mais um tempo, Mauro?

Mauro Silva --Bom, em princípio a minha idéia é deixar o futebol. Até porque na Europa, na Espanha, as competições como a Liga Espanhola ou a Liga dos Campeões são competições bastante exigentes. E a minha posição no campo também é bem diferente da do Romário, que é um atacante, que fica ali na dele, na frente, paradinho na área e faz o gol. E você no meio-campo tem uma dinâmica muito maior de jogo, é um desgaste físico muito maior. E uma das coisas que me fez tomar essa decisão foram as contusões musculares e os problemas físicos que andei sofrendo. Eu tenho um carinho enorme pelo Deportivo La Coruña, é um time que me tratou com carinho por muito tempo, e para mim era uma responsabilidade enorme saber o momento ideal de deixar o futebol e não estar no campo tempo a mais do que o adequado.

BBC Brasil- O Eduardo Onofre da Costa pergunta por que você decidiu encerrar a carreira no exterior e não no Brasil. O Luiz Marinho e o Izaque Junior vão na mesma linha, perguntando porque você não quis no final da carreira jogar em um grande time brasileiro. E vários internautas dão sugestões sobre quais os times que você poderia encerrar a carreira: o Flamengo, o Botafogo, o São Paulo, o Corínthians, o Atlético Mineiro, o Internacional, o Grêmio e o Náutico. Então, Mauro, por que se aposentar na Espanha e não no Brasil?

Mauro Silva --Eu nunca escondi que eu sou são-paulino e que tinha um sonho de jogar pelo menos um pouco na equipe. O grande problema no Brasil, eu acho que acontecesse com alguns jogadores que voltam ao Brasil (como foi o caso do Dunga, que teve problemas de adaptação) e tiveram problemas com treinadores e com a imprensa. Se o Mauro Silva decidisse voltar para o Brasil, as pessoas não tem a idéia de que iria só para encerrar a carreira. Eles pensariam que o Mauro Silva que iria voltar era o mesmo de 24 anos, jovem, cheio de força e de coisas para ofererer. Às vezes, as pessoas não tem paciência, fazem uma pressão enorme, principalmente quando você tem um nome que você construiu com tanto trabalho. Por isso, descartei a possibilidade de encerrar minha carreira no Brasil. Também descartei a possibilidade de encerrar a carreira no São Paulo, que poderia ser uma coisa simbólica, tipo jogar uma ou duas partidas na equipe --e acabei decidindo encerrar a carreira aqui mesmo no La Coruña.

BBC Brasil - O Marco Antônio Vargas pergunta qual era o time que você torcia quando era criança e no qual sempre sonhou em jogar. O Edmar, de São Paulo, quer saber qual é o seu time de coração?

Mauro Silva --Sempre fui São Paulo. Meu pai sempre foi são paulino. Meu pai me colocou esse nome por causa do Maurinho que jogava no São Paulo. Isso é de família. Eu cresci com o sonho de jogar lá, mas não deu para realizar esse sonho. Cresci sendo são-paulino e com o desejo de jogar lá. Mas, infelizmente não deu.

BBC Brasil - Muita gente quer saber o que o Mauro Silva vai fazer depois de se aposentar. O Luiz Mauro Casagrande, o Antônio Henrique de Souza, o Maílton Antunes do Nascimento e vários outros perguntam se você vai encarar a carreira de treinador?

Mauro Silva - É uma possibilidade também. Em princípio, não é que eu tenha mais entusiasmo para ser treinador nesse momento. É que qualquer atividade ligada ao futebol é muito mais fácil, muito mais cômoda por causa da experiência. Já me convidaram para ser apresentador, para ser comentarista aqui e no Brasil. Penso em alguma coisa de representação, de assessoria, mas primeiro vou descansar um pouco e pensar no que fazer.

BBC Brasil - O Albino Ferreira Zeferino quer saber se você não toparia virar treinador se recebesse um convite do Deportivo La Coruña ou da Seleção Brasileira?

Mauro Silva - Claro que seria um orgulho ser treinador do Deportivo ou da Seleção Brasileira. Lógico que você está fechando uma etapa como jogador, e no início dessa etapa você precisa de um tempo para adquirir experiência. Para mim, depois do que vivi no futebol, na Copa do Mundo, ser treinador seria um orgulho. Mas gostaria de me preparar bem para passar para esta nova etapa profissional.

BBC Brasil - O Flávio Luiz Strabelli tem a curiosidade, Mauro, de saber se você um dia treinar um time de futebol, o time vai jogar mais na marcação ou vai adotar um estilo ofensivo de jogo?

Mauro Silva- Olha, a idéia normalmente é de ter um time equilibrado. Lógico que o futebol que a gente gosta no Brasil é de um time mais ofensivo, esteticamente mais bonito, esse é o objetivo. Mas o time precisa de equilíbrio, para quando perder a bola trabalhe para fazer uma marcação forte, mas quando tiver a bola tem que ter talento, criatividade, as características do futebol brasileiro.

BBC Brasil --O César Bóes então pergunta se você não está pensando em trabalhar como empresário de jogadores, e o Sílvio Santos Melo sugere que você poderia virar cartola aí na Espanha. O que você acha, Mauro?

Mauro Silva - A idéia de ser empresário não me agrada muito. Poderia ser assessor e não empresariar jogador, como eles fazem aqui na Espanha. A questão de ser cartola me agrada muito.

Aqui na Espanha eles gostam muito de mim, tenho uma credibilidade muito grande, uma imagem de quem gosta das coisas bem feitas. Este é um patrimônio que você adquire, e que ajuda você futuramente a trabalhar no futebol e tentar retribuir ao futebol tudo que você conquistou, tentando fazer o esporte cada vez melhor.

BBC Brasil - Uma pergunta agora do Esdras Rodrigues Luiz. O que você acha da atual Seleção Brasileira?

Mauro Silva - Eu acho que tem um grupo fantástico, tem um time com força, talento, competitivo, e tudo para lutar com tudo para ser campeão na Alemanha novamente. Eu acho que aí vai ser uma briga, já que a Alemanha vai estar jogando em casa e com o apoio da torcida. Por isso pode ser o time que vai dar mais trabalho ao Brasil. Mas eu acredito muito na Seleção, na dupla Parreira e Zagallo, que eu já tive a chance de trabalhar com eles, duas pessoas maravilhosas. A Seleção está em boas mãos e tem tudo para conquistar mais um título para o Brasil.

BBC Brasil - O Silas Edjackson quer saber o que a Seleção Brasileira representou e ainda representa para o Mauro Silva?

Mauro Silva - A Seleção Brasileira foi a coisa mais importante esportivamente que aconteceu na minha vida. A conquista do título de 94, que nós ganhamos depois de 24 anos que o Brasil não ganhava. Para mim me marcou muito. Foram 11 anos na Seleção, 60 ou 70 partidas, tive a felicidade de jogar por tantos anos com grandes jogadores.

BBC Brasil - Mauro, o fim de sua participação na Seleção Brasileira continua intrigando muitos fãs. O Jair Francisco pergunta por que você não quis mais vestir a camisa amarelinha. O Adriano Streich pergunta se você não tem algum arrependimento em relação àquele episódio da Copa América que você não quis disputar. O internauta Adriano acha que foi o motivo você não ter ido à Copa de 2002, por ter perdido confiança do técnico Luiz Felipe Scolari. E o Alexandre Gontijo pergunta se uma atuação que ele diz ter sido infeliz em uma partida contra a Noruega não teria colaborado para você deixar a Seleção. O que houve, Mauro?

Mauro Silva - Não fui eu quem deixei de ir, me deixaram de convocar. Mas é uma coisa normal. O Brasil tem tantos bons jogadores e tem um momento que os jogadores veteranos dão espaço para outros.

Sobre a Copa América, talvez o momento não fosse legal - em cima da hora - que eu disse que não ia. Naquele momento eu expliquei porque eu ia à Copa América. O que eu não achei legal é que a competição seria inicialmente na Colômbia, depois foi cancelada, em seguida seria realizada no Brasil. Depois parece que existiu uma pressão, e a competição acabou acontecendo de qualquer forma na Colômbia.

Canadá e Argentina decidiram não participar da competição. O Canadá é um país de primeiro mundo, a Argentina uma grande seleção e achei que eles tiveram a decisão correta. Se um país não tem condições de sediar uma competição, eu me pergunto por que a competição tem que ser realizada de qualquer jeito. Qual era o problema de não realizar a Copa América naquele ano?

Não tinha problema algum em dizer que não teria Copa América, porque a situação da Colômbia não é muito boa, e deixar para o ano seguinte.

A impressão que eu tive e que muitos jornalistas e comentaristas também tiveram é que o que prevalecia eram os interesses publicitários já assinados, interesses econômicos e comerciais até mesmo das federações. A impressão é que não importava nada. Não importava a segurança, se ia ser bom para a Seleção jogar, ou não, se tinha segurança para os jornalistas ou não tinha.

Tive uma posição de protesto em relação à questão da Copa América. Quando você está há tantos anos na Europa, acostumado com uma competição séria, organizada, e você volta e vê tanta coisa não funcionando, você se incomoda. Então, deixei meu protesto. Foi difícil porque enfrentei muitas críticas. Mas acho que o jogador tem que ter uma posição mais ativa, mais participativa, para tentar mudar o futebol.

BBC Brasil - O Uelligton pergunta se você gostaria de receber uma convocação para ter um jogo de despedida pela Seleção --como houve agora com o Romário?

Mauro Silva - Isso é lógico, qualquer jogador gostaria. Eu entendo que o Romário é um craque, um jogador referência, simbólico para a Seleção. Entendo também que ele tenha uma festa de despedida e outros não tenham. Agora, logicamente tenho que ser sincero que qualquer jogador gostaria de ter uma festa de despedida.

BBC Brasil - Vários internautas fazem perguntas relacionadas à vasta experiência que você tem no futebol mundial. O Alexandre Gontijo, por exemplo, pergunta qual é a melhor equipe e o melhor jogador que você viu jogar na Liga Espanhola em todo este tempo que você está na Espanha?

Mauro Silva - Olha, o melhor time que eu vi no Campeonato Espanhol foi o Barcelona de Romário, Guardiola e dirigido pelo Cruyff, o famoso dream team, como eram chamados na Espanha.

O melhor time que eu já vi em todos os tempos foi o Milan do Arrigo Sacchi, Van Basten, Rijykard e Gullit, que era um super time. Já o jogador que mais me impressionou foi Maradona, apesar de não estar nas melhores condições quando passou pelo Sevilla. Mesmo assim, foi o que mais me impressionou.

BBC Brasil - O Fábio e o Milton foram mais específicos e pediram para você destacar o maior jogador brasileiro que você viu jogar na Espanha?

Mauro Silva --Eu fico numa situação complicada. Para mim, tanto Ronaldo, Romário e Ronaldinho. Deixar um dos três fora seria difícil....

Ah, Bebeto quando jogou aqui no La Coruña também foi maravilhoso (consertou rápido Mauro Silva ao ser lembrado do nome do ex-companheiro de equipe)

BBC Brasil - O Luciano Araújo quer saber qual é o melhor atacante especificamente que você teve que enfrentar?

Mauro Silva - Mesmo com uma carreira curta para mim, o mais difícil foi o Van Basten.

BBC Brasil - A Ariane perguntou que jogador é o que mais está chamando a atenção dos espanhóis no momento?

Mauro Silva - Ronaldinho.

BBC Brasil - O Sérgio Guimarães pergunta quem é o jogador brasileiro da atualidade que na sua opinião, Mauro, mais lembra o seu estilo de jogar bola, e o Fernando Valença, mais ou menos na mesma linha, quer saber quem você acha que pode ser um substituto à altura do Mauro Silva no meio de campo da seleção?

Mauro Silva - Novamente estou em uma situação complicada. Aqui no campeonato espanhol eu acompanho os brasileiros, mas quem está no Brasil eu não acompanho tanto para dar uma opinião. Prefiro não escolher ninguém.

BBC Brasil - O Ricardo pergunta quem foi o melhor técnico com quem você trabalhou?

Mauro Silva - Escolher apenas um técnico é difícil. Trabalhei com grandes treinadores. Trabalhei com o Parreira, o Luxemburgo e o Scolari. Também tive bons treinadores no La Coruña. No Bragantino tive o Candinho. Mas considero os três primeiros os melhores do Brasil.

BBC Brasil - O Carlos Sousa pergunta se o futebol espanhol é tão competitivo quanto o brasileiro, e o Josué Gomes Camacho quer saber a diferença entre o futebol jogado na Europa e o que se joga no Brasil. Na mesma linha, Mauro, o Ronaldo quer saber se é melhor jogar futebol na Europa ou no Brasil, levando em conta não a questão do dinheiro, mas sim a emoção de jogar futebol.

Mauro Silva - A vantagem do Campeonato Espanhol é a vantagem de um país que tem uma situação economicamente melhor, o que garante condições de contratar grandes jogadores de outros países. Taí o exemplo do Beckham, o que faz com que o campeonato tenha um nível muito bom. No Brasil tem uma situação inversa. Os bons jogadores acabam saindo, o que prejudica muito a situação do futebol brasileiro.

Agora, o ambiente do jogo, o estádio cheio, o que a gente vivia no Brasil no Maracanã lotado, no Morumbi lotado, nos grandes palcos do país, é um momento mágico. Se falassem que iriam colocar o Campeonato Espanhol no Maracanã seria uma loucura. Pelo clima, pela torcida, seria fantástico. O torcedor brasileiro me marcou muito.

E a diferença no futebol acho que a principal diferença é a rapidez, a dinâmica do jogo. Talvez a temperatura influencie na rapidez. Aqui (Espanha) é mais rápido, mais dinâmico. Aqui eles cortam a grama baixinha e até molham a grama antes da partida o que ajuda a ter um jogo mais rápido, mais dinâmico.

BBC Brasil - Mauro Silva, o internauta Mauro Jorge pergunta o que representou para você, em termos de crescimento profissional, mas também pessoal, ter jogado e vivido em La Coruña. E o Alexandre Gontijo quer saber justamente o contrário: ele quer saber se você se considera um divisor de águas no La Coruña?

Mauro Silva - A vida em La Coruña é muito legal em vários aspectos, tanto na vida pessoal como profissional. Socialmente você não tem a vida de Barcelona ou Madri, mas tem uma ótima qualidade de vida. É uma cidade pequena - 250 mil habitantes - tem uma praia legal e em 15 minutos você pode estar em todos os pontos da cidade. O verão é muito bom. Tem um torcedor apaixonado por futebol, o que facilita a adaptação, principalmente do brasileiro.

O jogador vem aqui e fica. Eu fiquei 13 anos, o Donato ficou 10 anos, o Bebeto ficou 5 e o Djalminha ficou 7 ou 8 anos. A comida é ótima, tudo faz com que você se adapte com facilidade.

Sobre a outra pergunta, quando cheguei ao La Coruña, e o time tinha ficado 19 anos na segunda divisão e acabado de chegar à primeira há um ano. Quando cheguei, a equipe tinha tido dificuldades para se manter na primeira divisão. Aí, chegamos eu e o Bebeto. Eu acho que eu contribui um pouco, um grãozinho de areia. Mas não só eu. Teve o Bebeto, Rivaldo, César Sampaio, o técnico Carlos Alberto Silva e vários outros espanhóis e estrangeiros.

BBC Brasil - Mauro, são tantos anos jogando no mesmo time, no Deportivo La Coruña, e o Luciano Tomaz diz que você é um exemplo para os outros jogadores e pergunta como você se sente sendo exemplo. O Wanduir concorda e sugere que você escreva um livro contando sua experiência, que ele diz que seria algo muito valioso para as novas gerações de jogadores. O que você acha disso, Mauro?

Mauro Silva - Bom, sobre ser um exemplo, acho que as pessoas que tem popularidade você é mais cobrado - acho que isso acontece muito nos Estados Unidos onde se cobra mais das pessoas que se destacam. Eu concordo com isso. Eu acho que o comportamento de pessoas conhecidas influencia no comportamento das crianças e dos jovens. Você tem a oportunidade de ajudar a criar uma sociedade melhor com o seu comportamento, dando bom exemplo, defendendo as coisas que você acha que deve defender.

Eu luto para que as pessoas gostem do que eu faço, gostem do meu comportamento, do meu estilo de vida. Que elas prefiram jogar futebol do que seguir para as drogas ou para a violência. Então, acho isso bacana, e é uma obrigação que nós temos tentar ajudar a mudar a sociedade para melhor.

Sobre a biografia, já me fizeram várias propostas agora que eu estou deixando o futebol. Mas eu acho que eu estou ainda muito jovem e acho que preciso esperar um pouco, porque as coisas interessantes eu ainda não posso contar, e o que posso contar não é tão interessante. Então, prefiro esperar mais um pouco.

BBC Brasil - O Valdo Almeida quer saber que conselho você para os jogadores que estão começando a carreira agora?

Mauro Silva - Eu acho importante além de você jogar futebol, de se esforçar - sei que é difícil treinar de manhã e de tarde - que eles tentem conciliar o futebol com uma formação básica ou até uma universidade. A carreira do jogador é muito incerta, você pode sofrer uma contusão, ou pode ficar por aí numa segunda divisão, sem contrato, e não estar no meio das estrelas. E às vezes, aos 35 anos ou aos 30 anos, precisa procurar outras carreiras. Por isso, é legal tentar garantir uma outra formação.

Além disso, é fundamental está bem assessorado, ter um bom advogado e bom assessores.

BBC Brasil - Bruno Vinícius dos Santos pergunta se você sente alguma mágoa com os brasileiros. Ele diz que você é mais querido e respeitado na Espanha do que no Brasil, mesmo tendo ganhado uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira. Você concorda com isso, Mauro, quer dizer, que te respeitam mais na Espanha do que no Brasil, e tem alguma mágoa com isso?

Mauro Silva - Eu não tenho mágoa, mas acho que o internauta pode estar certo, porque aqui na Espanha eles têm um carinho muito grande pelo Mauro Silva. Eu passei a maior parte da minha carreira aqui. Foram dois anos e meio no Brasil e 13 no La Coruña. Eu me sinto muito querido, muito respeitado aqui na Espanha. Essa homenagem do prefeito da cidade, de colocar uma rua com meu nome, é uma demonstração de carinho muito grande para um jogador brasileiro.

BBC Brasil- O Thiago José Figueira Ramos, o Arno e o Anderson Cruz perguntam qual é o grande momento da tua carreira, e o próprio Anderson e também o Marcelo Mendes perguntam justamente o contrário, qual foi a grande frustração que você teve?

Mauro Silva - O meu melhor momento foi a Copa do Mundo nos Estados Unidos, em 94, depois de 24 anos que o Brasil não era campeão. Foi um momento inesquecível.

O momento mais triste foi em 93-94 quando o La Coruña, que até então era um time modesto, teve a oportunidade de ser campeão espanhol pela primeira vez. Lideramos o campeonato todo até a última rodada. Aí, o Valencia veio aqui em La Coruña, empatou com a gente e acabamos empatados com o Barcelona na primeira colocação, mas eles venceram no saldo de gols. Foi o momento mais duro, mais traumático. Apesar de termos conquistado depois o campeonato, aquele momento marcou.

BBC Brasil - O Marco Antônio Fontes pergunta se você vai voltar para o Brasil e se esta onda de seqüestros de mães de jogadores de futebol está afetando a decisão sobre o país que você vai morar?

Mauro Silva- A minha idéia é voltar para o Brasil. Não é só a questão dos seqüestros das mães dos jogadores. É a questão da violência como um todo. Eu me sinto envergonhado com isso. Eu fico triste quando alguém diz aqui que não foi ao Brasil com medo da violência. É muito triste para todos nós.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página