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23/06/2005 - 21h12

Imagem dos EUA no exterior ainda é negativa, diz pesquisa

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

O sentimento antiamericano que tomou conta do mundo principalmente depois da invasão ao Iraque liderada pelos Estados Unidos está diminuindo, mas ainda prevalece na Europa e em vários países com maioria muçulmana. A conclusão é de uma pesquisa realizada com 17 mil pessoas em 16 países entre april e maio deste ano pelo Pew Global Attitudes Project, uma organização não-governamental baseada em Washington.

Com exceção de Rússia, Líbano e Índia, a opinião favorável em relação aos Estados Unidos caiu em relação a 2000 em todos os outros países onde a pesquisa foi realizada.

O apoio à chamada guerra contra o terror liderada pelos Estados Unidos também diminuiu em quase todos os países pesquisados, e atinge seus níveis mais baixos em países como Jordânia (apoio de apenas 12%) e Turquia (17%).

Na Espanha, que inicialmente integrou a coalizão que invadiu o Iraque, o apoio caiu de 63% em 2003 para 26% neste pesquisa. Mesmo na Grã-Bretanha, o maior aliado americano na Europa, a população está dividida, com 51% apoiando a tática americana para combater o terrorismo.

Auto-imagem

A pesquisa também mostra que os próprios americanos têm uma percepção melhor da maneira como atuam em relação à política internacional do que os outros países. Por outro lado, 69% dos americanos disseram que acham que são vistos de maneira negativa por outros países.

Quando perguntados se a política externa dos Estados Unidos considera o interesse de outros países, 67% dos americanos disseram que sim. A opinião é compartilhada por apenas 19% no Canadá, 32% na Grã-Bretanha, 18% na França, 38% na Alemanha, 21% na Rússia e apenas 13% na Polônia. A resposta é bem diferente na Índia e na China, onde respectivamente 63% e 53% dos entrevistados consideram que a política externa americana leva em conta o interesse de outros países.

"Apesar de nós não nos vermos como unilaterais, é assim que os outros nos vêem", disse a ex-secretária de Estado no governo Clinton, Madeleine Albright, co-presidente do projeto. "Existe uma disconexão entre os que nós pensamos e o que os outros pensam de nós", afirmou.

Apesar de a aprovação ser menor do que era na pesquisa de 2000, a imagem dos Estados Unidos ainda é positiva para a metade da população na Polônia (62%), no Canadá (59%) e na Grã-Bretanha (55%). Nos outros países da Europa Ocidental pesquisados, a opinião favorável aos Estados Unidos é compartilhada por apenas 45% dos holandeses, 43% dos franceses, 41% dos alemães e 41% dos espanhóis.

A imagem dos Estados Unidos é ainda pior nos países com maioria muçulmana. O país é aprovado por apenas 23% dos ouvidos na Turquia e no Paquistão. Na Indonésia, graças aos esforços dos Estados Unidos para ajudar na operação de resgate e reconstrução do país depois do tsunami, a aprovação aumentou de 15% em 2003 para 38% agora --mas ainda é muito menor do que os 75% obtidos em 2000. A ajuda ao tsunami foi o fator citado por 79% dos ouvidos na Indonésia e foi considerado um aspecto positivo por todos os outros países pequisados.

"Isso deve ser visto como um exemplo da maneira como se deve tratar por exemplo a questão da África no G-8", disse Madeleine Albright. Ela disse que os resultados da pesquisa deveriam ser levados em conta pelo governo no momento de elaborar políticas públicas para proteger o interesse nacional. "Além de usar nosso poderio econômico e militar, precisamos conquistar o apoio dos nossos aliados."

O ex-senador republicano John Danforth, também co-presidente do projeto, diz que é preciso criar uma alternativa para a criticada agressividade dos Estados Unidos. "O multilateralismo é difícil", diz ele. "A ONU se debatou durante anos somente para definir o que é terrorismo."

Nos países árabes, a aprovação dos Estados Unidos é baixa, mas melhorou em relação a anos anteriores: 42% vêem o país de maneira positiva no Líbano e 21% na Jordânia.

A pesquisa também mostra apoio à política americana de implantar a democracia nesses países, mas uma rejeição a um modelo imposto de democracia.

Entre os países da Europa ocidental pesquisados, Japão, França e Alemanha têm uma imagem melhor do que os Estados Unidos. Mas a imagem dos americanos melhorou nos países do antigo bloco soviético. Na Rússia, a parcela dos que vêem os Estados Unidos de maneira favorável aumentou de 36% em 2002 para 52% agora.

Dos 16 países pesquisados --nenhum deles da América Latina-- a Índia é o que tem a melhor imagem dos Estados Unidos --uma opinião positiva foi expressada por 71% dos entrevistados.

"Existe um desejo do resto do mundo de ser independente dos Estados Unidos", diz o presidente do Pew Research Center, Andrew Kohut.

A pesquisa também mostra que a China tem um boa imagem tanto na Europa como na Ásia, mas alguns países europeus, como França e Espanha, se mostram preocupados com a crescente importância econômia do país, enquanto britânicos e holandeses consideram positivo o crescimento econômico chinês. Nos Estados unidos, a opinião é dividida: 49% acham que o crescimento econômico da China é uma coisa boa e 40% acham que terá um impacto negativo nos Estados Unidos.
 

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