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15/09/2008 - 05h46

Oposição boliviana manterá ocupação de prédios públicos

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Santa Cruz de la Sierra

O presidente do Comitê Cívico do Departamento (Estado) de Santa Cruz, na Bolívia, Branko Marinkovic, anunciou que será mantida a ocupação dos organismos públicos do governo central na região.

"Mais cedo, anunciamos o fim dos bloqueios de estradas. Bloquear estradas não faz parte do nosso perfil", disse. "Mas queremos dizer que as instituições são uma vitória da nossa autonomia e ficarão no Departamento".

Entenda os protestos na Bolívia.

Arte/Folha Online
Novíssimo mapa Bolívia

A posição de Marinkovic indica que a crise na Bolívia, que se intensificou na última semana, ainda está longe de ser resolvida, apesar da retomada do diálogo, no domingo, entre governo e oposição, em La Paz, e da expectativa para a reunião da Unasul desta segunda-feira, em Santiago, no Chile, que contará com a presença de nove presidentes.

As declarações de Marinkovic foram feitas na escadaria da catedral da cidade, logo após uma missa. Na praça em frente, os manifestantes gritavam: "autonomia, autonomia". Marinkovic referiu-se ainda às mortes ocorridas, na semana passada, no Departamento de Pando, na fronteira com o Acre. "Queremos dizer ao senhor presidente e a seus ministros de morte que parem de matar". O público gritava: "assassino, assassino".

O Comitê Cívico de Santa Cruz é o principal reduto da oposição a Morales. Os eleitores daqui votaram pela autonomia política e financeira do Departamento em relação ao governo central. A iniciativa é criticada pelo governo Morales como "ilegal". Outros três Departamentos (Tarija, Beni e Pando) --redutos da oposição-- realizaram as mesmas iniciativas.

Diálogo

O anúncio de Marinkovic foi feito pouco depois que governo e oposição iniciaram novo diálogo, no Palácio presidencial Queimado, em La Paz. Do encontro, participaram o governador de Tarija, Mario Cossío, que representou a oposição, e o vice-presidente Álvaro García Linera.

Até esta madrugada não havia informações se Morales teria participado ou não do encontro. Linera disse que o presidente só participaria se as conversas avançassem.

O vice-presidente tinha destacado a "necessidade" de que sejam liberados os prédios dos organismos públicos do governo central para tentar se chegar a algum entendimento.

"As instituições públicas devem ser liberadas", disse. No fim de semana, a Prefeitura de Santa Cruz e o Comitê Cívico informaram que começarão a empossar, nesta segunda-feira, novos diretores para os organismos públicos do governo central na região.

Bloqueios

A queda de braço ocorre quando opositores de Morales, atendendo orientação do Comitê Cívico, liberaram os bloqueios na alfândega no aeroporto de Viru-Viru, de Santa Cruz, e nas estradas do Departamento --o mais próspero da Bolívia.

Mas diferentes movimentos sociais, que apóiam Morales, informaram que não vão abandonar os protestos nas estradas.

Com paus, estilingues e pedras, camponeses diziam na localidade de Yapacaní, a mais de duas horas do centro de Santa Cruz de la Sierra, capital de Santa Cruz: "Não estamos aqui há mais de dez dias para desistir desta luta agora. Os cívicos (opositores) liberaram estradas, mas queremos que abandonem os edifícios que são do governo."

A disputa entre situação e oposição é motivada por duas questões: a nova Constituição do país, aprovada com votos da situação, mas sem a participação da oposição, e os cortes no repasse de verbas do setor petroleiro para as regiões.

O governo Morales afirma que quer "refundar" a Bolívia com a nova Carta Magna que prevê a reforma agrária e a reeleição do presidente, entre outros itens.

Ao mesmo tempo, informa que os recursos petroleiros são destinados ao pagamento de benefício a aposentados. Dona da segunda maior reserva de petróleo da região, a Bolívia é um dos países mais pobres da América Latina.

E sua nova crise será o tema principal da reunião da Unasul, que contará com a presença de nove presidentes da região --além de Morales, confirmaram presença, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil; Cristina Kirchner, da Argentina; Hugo Chávez, da Venezuela; Álvaro Uribe, da Colômbia; além da anfitriã, Michelle Bachelet; entre outros.

A oposição pediu para participar do encontro, como contou Cossío, mas a presença não foi confirmada.

 

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