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14/07/2005 - 06h32

FHC "não engole sucesso" de Lula, que é "festejado" em Paris, diz jornal

da BBC Brasil

O jornal francês "Le Figaro" diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo "festejado" em Paris, apesar de se ver "enfraquecido" em Brasília, e que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, não "engole" o "sucesso" do petista no exterior.

Em várias reportagens, o diário parisiense relata a programação de Lula durante sua visita à França e os problemas que vêm enfrentando no Brasil por causa das denúncias de corrupção envolvendo o PT.

Segundo o jornal, as acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson "sem nenhuma prova" lançaram um processo que fortaleceu uma idéia que "há apenas um mês seria considerada uma piada de mau gosto": a de que Lula pode não se candidatar à reeleição no ano que vem.

"O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que não engole o sucesso de Lula no cenário internacional, achou por bem lhe aconselhar a não se candidatar para ter uma saída honrosa", diz o jornal.

Mas o "Le Figaro" também diz que pesquisas mostram que o presidente mantém sua popularidade e que os mercados financeiros seguem confiando no governo.

"A mensagem é clara: o governo viaja, Antonio Palocci permanece no comando, os mercados financeiros podem ficar tranqüilos", diz o jornal em uma matéria a respeito da ausência do ministro da Economia na comitiva de Lula em Paris.

Em outra reportagem intitulada "Um Exército sem dinheiro nem estratégia", o "Le Figaro" também fala do estado das Forças Armadas brasileiras, convidadas para abrir o desfile do Dia da Bastilha em Paris.

E o jornal publica ainda um texto do ministro da Cultura, Gilberto Gil, chamado "Pós-modernidade à brasileira", em que ele detalha sua visão do conceito de "glocalização" (a fusão do globalizado com o local) e explica por que o Brasil "apresentou, antes da Europa, uma resposta cultural à globalização".

Trinta meses e ainda lá

Outro jornal francês que dedica várias reportagens à visita de Lula é o "Libération", segundo o qual o presidente continua sendo "um homem forte" apesar da crise política.

"Lula, 30 meses e ainda lá", diz o jornal no título de sua reportagem principal sobre a visita, observando, em outro texto, que o presidente "deve ter reencontrado o sorriso" após ver a pesquisa que apontou um aumento de sua popularidade e foi divulgada nesta semana.

A popularidade de Lula se mantém graças aos programas sociais de seu governo, segundo o diário parisiense.

"É entre seus partidários tradicionais, as classes médias urbanas e educadas, que o caso (do 'mensalão') fez Lula perder terreno, enquanto sua popularidade segue intacta nas regiões rurais e pobres, onde a assistência social tem mais impacto", diz o jornal.

Em um artigo de opinião, o editorialista Gérard Dupuy diz que, no caso das denúncias de que parlamentares teriam recebido dinheiro em troca de apoio ao governo, Lula foi "preso em um fluxo endêmico no Brasil (e em grande medida nos países em desenvolvimento) cujas conseqüências sociais deploráveis ele mesmo havia denunciado".

"Se Lula decepcionou alguns de seus aliados, também desmentiu as previsões catastrofistas de seus adversários e mostrou que é difícil, mas não impossível, em um contexto sócio-econômico muito diferente da velha Europa social-democrata, ultrapassar a oposição ao realismo econômico e à redistribuição social", acredita Dupuy.

Parece que não é de forma gratuita, portanto, que o espanhol "El País" afirma que Lula foi dar "uma respirada em Paris".

Complexo de superioridade

Em um artigo de opinião publicado no argentino "Clarín", o jornalista Carlos Conde, um "jornalista especializado na política externa brasileira", denuncia o que considera ser o "complexo de superioridade" do Brasil.

Ele diz que o governo Lula baseia sua política externa em um "equivocado complexo de superioridade", mostrando "um exasperado desejo de liderança regional e mundial".

"Este foi e é, durante os dois anos e meio de gestão, seu pecado mortal; este pecado prejudica um dos principais acertos de sua política: a eleição da Argentina, o Mercosul e a América do Sul como três de suas maiores prioridades."

Segundo Conde, Lula e o chanceler Celso Amorim cometem "o mesmo erro" do técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira: "proclamar que o Brasil é sempre o favorito para a liderança".

"Esta postura é recebida, logicamente, como uma ofensa gratuita pela Argentina, um país grande e importante."

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o presidente Lula
  • Leia o que já foi publicado sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
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