Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/07/2005 - 11h06

Morte de brasileiro foi "tragédia grotesca", diz "Sunday Telegraph"

da BBC Brasil

A morte do brasileiro Jean Charles de Menezes é destaque neste domingo na primeira página de todos os principais jornais britânicos, que pedem que o caso seja investigado com rigor.

Em um editorial intitulado "Não entre em pânico, adapte-se", o The Sunday Telegraph diz que a morte do brasileiro foi uma "tragédia grotesca", mas afirma que é muito cedo para condenar a conduta dos policiais responsáveis pelo ocorrido.

"Neste clima volátil, a polícia é sujeita a pressões insuportáveis quando se deparam com um homem que eles acreditam ser um ativista suicida --e que se recusa a parar--, correndo para dentro de um vagão de metrô lotado."

O The Sunday Times, que estampa a manchete "Polícia matou homem errado", diz em que "as notícias da morte a tiros do homem na sexta-feira (...) destacaram até que ponto um rubicão foi cruzado na luta contra o terrorismo".

"Um homem inocente (...) foi, indiretamente, a vítima de dois ataques terroristas em Londres no espaço de duas semanas e do clima de paranóia que eles geraram. Diretamente, porém, ele foi vítima de uma falha da polícia."

Revolta possível

O The Mail on Sunday lembra que esta não é a primeira vez que a polícia britânica comete o mesmo erro. "A polícia mais uma vez matou o homem errado. Em vez de ele ser um terrorista, o homem morto em Stockwell parece ser um brasileiro inocente."

"Este é apenas mais um exemplo de erro humano? Ou ele reflete uma séria ameaça à vida civil, se a polícia vai começar a atirar primeiro e perguntar depois?", questiona o tablóide.

O jornal lembra pelo menos dois exemplos em que a polícia matou pessoas inocentes, em 1983 e em 1985. No caso de 85, a morte da vítima, uma mulher negra chamada Cherry Groce, levou a uma revolta de rua num bairro do sul de Londres onde vive uma numerosa comunidade negra, Brixton.

"O mesmo pode acontecer entre os muçulmanos, se mais erros do tipo forem cometidos."

Transparência

"Palavras de conforto não substituem os fatos e o governo, a polícia e os serviços de segurança tem uma obrigação de lidar honesta e abertamente com o público", diz o editorial do The Observer, intitulado "Nós estamos mais seguros se sabemos a verdade".

"O incidente de sexta-feira em que um homem inocente foi morto a queima-roupa em uma estação de metrô é um bom lugar para se começar. Ninguém duvida que a polícia está sob intensa pressão e enfrenta grande risco em sua busca pelos possíveis homens-bomba que estão entre nós. Por isso, eles não devem ter nada a temer ao divulgar o que aconteceu em Stockwell e em quais circunstâncias a polícia armada está autorizada a usar suas armas."

O The Independent também vai pela mesma linha, chamando a atenção para a necessidade de transparência da polícia no assunto.

"A confiança (na polícia) não aumentou após as explicações contraditórias do incidente pela polícia", diz um artigo no jornal.

"Imediatamente depois do ocorrido, a polícia metropolitana disse que o homem (Jean Charles de Menezes) passou a ser vigiado depois de ele 'ter saído de uma casa que estava estava sendo observada'. Sua 'roupa e seu comportamento' na estação fez aumentarem as suspeitas da polícia e ele foi morto depois de fugir dos policiais à paisana quando eles o confrontaram."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página