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08/08/2005 - 16h05

Análise: Aumento de violência dificulta política de Bush para o Iraque

CAIO BLINDER
da BBC Brasil, em Nova York

Agosto já se revela um mês terrível para os Estados Unidos no Iraque.

São os números --tanto de baixas das tropas do Pentágono [já superaram 1,8 mil desde 2003], como nas pesquisas de opinião pública-- que confirmam o crescente desencanto dos americanos com a situação.

Para dar uma medida, em duas sondagens nos últimos dias, o apoio à linha oficial da Casa Branca caiu para menos de 40%, um nível sem precedentes desde a invasão.

Uma resposta automática do presidente George W. Bush é insistir que o curso será mantido. Mas qual curso?

Presença no Iraque

A morte em uma explosão na semana passada de 14 fuzileiros navais de uma unidade reservista do Estado de Ohio reforçou as especulações de que o Pentágono irá implementar os planos para uma redução significativa, no ano que vem, das tropas no Iraque.

Hoje, são 140 mil soldados no país. Bush bate na tecla que fixar um cronograma é premiar os insurgentes, mas estão aí os documentos vazados para a imprensa, e os sinais emitidos por oficiais do primeiro escalão.

Um dos objetivos dos sinais é acalmar uma opinião pública cada vez mais inquieta. Um símbolo desta inquietação --que já denota uma certa insurgência contra a linha oficial-- é a vigília antiguerra feita em Crawford, no Texas, pela mãe de um soldado morto no Iraque. É no Texas que está o rancho que serve de quartel-general para as férias presidenciais.

Cindy Sheenan promete seguir Bush até receber uma resposta satisfatória que justifique a morte de seu filho no conflito iraquiano.

Opiniões

Mesmo congressistas republicanos (de olho nas eleições do ano que vem) denotam impaciência. Este estado de espírito reflete os desejos da opinião pública.

Em uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela revista "Newsweek", apenas um em quatro americanos disse ser necessário manter um contingente militar de peso no Iraque para alcançar os objetivos do governo Bush de pacificar o país e permitir a construção de novas instituições.

A idéia popular entre os americanos é que os iraquianos cuidem dos seus próprios problemas.

A chamada "saída honrosa" do Iraque significa acreditar nas avaliações irrealistas, como a do general David Petraeus, de que já existem mais de 170 mil soldados e policiais iraquianos "treinados e equipados" para conter a insurgência e a violência generalizada.

A guerra do governo Bush no Iraque parece ser travada cada vez mais para o consumo interno do que em termos de objetivos estratégicos no Oriente Médio. Este desencanto da opinião pública americana tem um peso cada vez mais importante nas considerações, apesar da insistência oficial de que a Casa Branca não é guiada por pesquisas.

Analistas conservadores, como Frederick Kagan, do American Enterprise Institute, advertem que a administração Bush deve ter a mesma perseverança dos insurgentes iraquianos e nem pensar em reduzir suas tropas nos próximos 18 meses.

Kagan observa que uma saída honrosa prematura irá apenas fortalecer a insurgência e impossibilitar a consolidação de instituições no Iraque.

Manter o curso, no entanto, é complicado para um governo que se enreda até na semântica. Cindy Sheenan, a mãe do soldado morto, quer respostas claras sobre o que está em jogo para as tropas americanas.

Ela pôde basicamente acompanhar nos últimos dias um debate bizantino de definições de se os EUA estão travando uma "guerra global contra o terror" ou uma "luta global contra o extremismo violento".

Esta última terminologia fora adotada recentemente pelo secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, e altos oficiais do Pentágono.

Após dias de confusão, o comandante-em-chefe Bush impôs ordem. É guerra mesmo. O curso está mantido.
 

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