Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/08/2005 - 15h04

Analistas prevêem alta ainda maior do petróleo

BRUNO GARCEZ
da BBC Brasil

A maioria dos analistas do mercado de petróleo acredita que o preço do barril do petróleo --que passou dos US$ 64 pela primeira vez nesta terça-feira-- ainda não bateu no teto e deve continuar subindo.

"Devemos esperar um aumento ainda maior. Ao contrário das crises do petróleo dos últimos 25 anos, a atual vem ocorrendo ao longo de um extenso período de tempo. Além disso, as crises antigas foram decorrentes de interrupções no fornecimento mundial, do temor de uma interrupção. A atual é gerada por uma crescente demanda mundial", afirma Peter Carlin, colaborador do Financial Times e especialista no mercado de petróleo.

Há também quem acredite que aumentos irão ocorrer, mas que isso não deve causar calafrios nos mercados mundiais. É o caso de Axel Busch, que comanda o escritório londrino da Energy Intelligence, companhia internacional que presta serviços de assessoria na área energética.

"Provavelmente os preços irão aumentar, talvez devido a interrupções no fornecimento de petróleo em locais como Nigéria, Venezuela ou Iraque. Mas, atualmente, o mundo produz 2 milhões de barris a mais do que os 84 milhões de barris que gasta. Portanto, se houver uma crise de fornecimento, ela deverá ser contornada em pouco tempo", afirma Busch.

Sem apreensão

O analista também diz que ela não é suficiente para gerar apreensão.

"A alta de mais de US$ 60 o barril não é tão elevada se comparada com crises petrolíferas anteriores. Nas décadas de 70 e 80, o barril atingiu mais de US$ 40. Isso equivaleria a US$ 120 em valores atuais", afirma Busch.

Entre as principais causas apontadas por analistas para a alta do barril estão a onda de violência no Iraque, o risco de atentados na Arábia Saudita e a morte do rei Fahd, bem como a possível adoção de sanções contra o Irã --o segundo maior produtor da Opep, a organização que reúne a maioria dos grandes exportadores do produto.

Entre os 11 países que integram a Opep, o Irã perde apenas para a Arábia Saudita, o maior produtor mundial de petróleo.

Para Muhammad-Ali Zainy, economista do Centro de Estudos da Energia Global, baseado na Grã-Bretanha, a situação no Iraque e na Arábia Saudita poderá contribuir para um aumento da crise.

"Caso os atos de violência nesses países continem ou até se intensifiquem, poderá haver cortes no fornecimento de petróleo. Não é uma possibilidade tão grande, mas ela existe e vem provocando aumento de preços", afirma o economista, que é iraquiano e fez parte do Departamento de Estudos Energéticos do Iraque até 1982, quando se exilou nos Estados Unidos.

De acordo com o economista, possíveis cortes de fornecimento poderão "dar a especuladores um pretexto para que eles possam argumentar que não há reservas suficientes para suprir a crescente demanda mundial".

Para o analista Axel Busch, é pouco provável que a intenção do Irã de continuar investindo em seu programa nuclear venha a contribuir para a crise dos preços.

"Se Irã seguir com seu programa nuclear, não há muito o que o mundo possa fazer. Se a comunidade internacional decidir punir o país, cortando milhões de barris de petróleo cru que o país produz, é mais provável que nós venhamos a sofrer e eles venham a rir, ainda mais agora com o barril a US$ 60 por dia", afirma Busch.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página