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18/08/2005 - 20h55

Problema familiar faz mãe de soldado deixar protesto em Crawford

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

A líder dos manifestantes antiguerra acampados em uma propriedade vizinha ao rancho do presidente americano, George W. Bush, teve de deixar o local nesta quinta-feira porque a sua mãe sofreu um derrame.

Cindy Sheehan, mãe de um soldado morto no Iraque, disse ao deixar a pequena cidade de Crawford, no Texas, no entanto, que pretende se reintegrar aos manifestantes.

"Eu estarei de volta asssim que possível, se possível", afirmou Sheehan, ao deixar para trás as mais de 100 pessoas que se juntaram a ela nos últimos dias nos protestos pela retirada das tropas americanas do Iraque.

O protesto começou no dia 6, no fim de semana em que o presidente viajou para o local para suas férias de verão. O que era um protesto solitário, como vários que se vê na capital americana, foi crescendo e ganhando a adesão de pessoas a cada dia.

A cobertura da imprensa --principalmente dos canais de TV a cabo, que tem que preencher a programação num período de notícias escassas-- também aumentou e nos últimos dias Sheehan vinha concedendo entrevistas coletivas diariamente.

O protesto também recebeu o apoio de várias organizações não-governamentais (ONGs), algumas com grandes estruturas de mobilização e contatos com a mídia.

Vigílias

O movimento cresceu tanto que na quarta-feira à noite cerca de 1,6 mil vigílias em solidariedade a Sheehan e outros parentes de soldados reunidos em Crawford foram organizadas em todo o país, com os manifestantes segurando cartazes e velas acesas.

A causa de Cindy Sheehan, que pedia para ser recebida pelo presidente Bush para expor seus motivos para se opor à guerra, conta com a simpatia de uma parcela grande dos americanos.

O filho dela, Casey, de 24 anos, foi morto no Iraque no ano passado. Mais de 1.850 americanos já morreram nos dois anos e meio de guerra.

As últimas pesquisas de opinião mostram que mais da metade dos americanos considera que a invasão foi um erro. Cerca de 138 mil tropas americanas estão no Iraque no momento.

"Porta-voz"

Analistas dizem que Sheehan pode se tornar porta-voz desse descontentamento que cresce a cada dia entre os americanos. O colunista Dana Milbank, do "The Washington Post", diz que os manifestantes esperam que Cindy Sheehan se torne a Rosa Parks do movimento contrário à guerra no Iraque.

Rosa Parks foi condenada e presa em 1995 por se recusar a dar seu assento no ônibus para um homem branco, como mandava a lei na época.

"O furacão Cindy está ganhando força no Texas", disse na quarta-feira o colunista da Casa Branca Dan Froomkin. A CNN não somente mandou para o local os principais repórteres que cobrem a Casa Branca como transmitiu um programa diretamente de lá, no horário nobre de quarta-feira.

Mas há também os que consideram as críticas à guerra antipatrióticas. Na vigília em frente à Casa Branca, por exemplo, os partidários de Cindy Sheehan trocaram insultos com manifestantes que promoviam um outro ato, organizado por uma entidade republicana.

O mesmo já está acontecendo em Crawford. Nesta quinta-feira várias pessoas foram ao local para protestar justamente contra a presença dos ativistas antiguerra no local.

A própria Crawford, com uma população de 700 habitantes, se dividiu em relação ao assunto. Vários moradores reclamaram que a presença de Cindy na beira da estrada estava tornando o local perigoso e pediram que ele fosse embora. Um vizinho de Bush cedeu um local em sua propriedade, ainda mais próximo da entrada do rancho do presidente.

O presidente Bush se recusou a se encontrar com Cindy. Ele chegou a dizer, numa entrevista coletiva na semana passada, que se solidariza com ela, mas que não vai recebê-la.

Antes da partida repentina nesta quinta-feira, Cindy Sheehan prometia ficar no local durante o tempo em que o presidente Bush permanecesse no rancho. E dizia que vinha para Washington acampar em frente à Casa Branca quando o presidente voltar para a capital americana, no dia 6 de setembro.
 

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