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20/09/2005 - 18h48

Marina Silva diz que PT precisa de 'depuração em todos os sentidos'

ANGELA PIMENTA
da BBC Brasil, em Nova York

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nesta terça-feira em Nova York que diante da crise política deflagrada pelo chamado escândalo do mensalão, o PT vive "o desafio da refundação" e precisa de uma "depuração em todos os sentidos."

"Em 25 anos de existência do partido, é a primeira crise que enfrentamos com essa magnitude e com esses componentes que são vertebrais," acrescentou.

"O PT é um partido que se fundou em cima de uma forte crítica aos procedimentos éticos da política partidária e da ação política."

De acordo com a ministra, todos os envolvidos em acusações de corrupção devem "ser investigados pelo próprio partido e levados à comissão de ética do partido de forma muito rápida, além das investigações do Congresso e da Polícia Federal."

"Eu acho que esse processo não é fácil, não é simples, mas ele está em curso porque a militância, os simpatizantes, a sociedade civil petista têm reagido," afirmou.

Queda do desmatamento

Marina Silva está nos Estados Unidos para receber, na próxima quinta-feira, um prêmio concedido pelo Festival de Cinema de Jackson Hole, no Estado de Wyoming.

Além do recebimento do prêmio, Marina deverá manter uma série de encontros em Nova York e Washington com acadêmicos e autoridades do governo americano, como a subsecretária de Estado americana Paula Dobriansky.

No final da tarde de quarta-feira, sua agenda previa também um encontro com a direção do jornal The New York Times, que recentemente publicou um artigo elogiando sua atuação à frente do Ministério do Meio Ambiente.

Sob o seu comando, de acordo com estatísticas oficiais, o desmatamento da Amazônia estaria sofrendo uma queda expressiva.

"Ainda estamos trabalhando com dados preliminares divulgados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)", disse.

Os resultados consolidados deverão ser divulgados no próximo mês de dezembro.

"Mas de fato tem uma queda aí prevista de 40% entre 2004 e 2005. Quando começamos o trabalho em 2003, estávamos com uma curva de ascensão do desmatamento de 27%", acrescentou.

Marina descarta que a queda no desmatamento seja fruto apenas da queda da produção de commodities, como a soja, cujas lavouras têm sido plantadas em áreas de floresta.

"No Estado do Pará esse ano há uma previsão de que o desmatamento possa cair 50%, 60% e lá a influência das commodities não é tão relevante como é no Mato Grosso," argumentou.

Ação integrada

Para a ministra, a queda do desmatamento deriva também de ações governamentais integradas, como o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento, implementado pelo Ministério do Meio Ambiente, que trabalha em parcerias com a Polícia Federal e o Ministério da Defesa.

"Temos 16 bases operacionais na Amazônia, além de uma verba para esse ano de R$ 40 milhões somente para a área de combate ao desmatamento," disse.

Ela salientou também que os progressos recentes na política ambiental brasileira são resultado da ação conjunta dos governos federal e de estados como o Pará e o Amazonas.

Com relação ao governo do Mato Grosso, estado que apresentou um nível recorde de desmatamento no ano passado, Marina disse que mantém "uma relação institucional com o governador (Blairo Maggi)," o maior plantador mundial de soja.

"Depois da Operação Curupira, em que junto com a Polícia Federal fechamos cerca de 400 empresas madeireiras, temos trabalhado em conjunto com o governador," disse.

Transgênicos

Por outro lado, a ministra criticou duramente a Lei de Biossegurança, aprovada recentemente pelo Congresso Federal e que adotou uma política liberalizante em relação aos alimentos geneticamente modificados, os transgênicos.

"Eu acho que é uma derrota do país, porque o Brasil poderia ter um modelo da co-existência (entre grãos transgênicos e grãos convencionais), como está sendo advogado em alguns países da Europa" disse.

Segundo Marina, a recomendação do Ministério do Meio Ambiente era de que "a Lei de Biossegurança no país deveria ser coerente com os acordos internacionais que assinamos, que é a Convenção da Biodiversidade e a ratificação do Protocolo de Cartagena, que estabelece os mecanismos da precaução em relação aos organismos geneticamente modificados."

Marina lamentou que a legislação aprovada descarte a rotulagem dos transgênicos. "É preciso ter um processo de rastreabilidade para os transgênicos, até porque o ônus da prova é do produto convencional," disse.

Ela se referia a exigência de certificados, por parte de países importadores de alimentos, de que o grão a ser comercializado não seja geneticamente modificado. Tal procedimento seria facilitado com a rotulagem proposta pelo Ministério do Meio Ambiente.
 

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