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20/10/2005 - 11h00

Brasil "definirá futuro de armas de fogo na América do Sul", dizem ativistas

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

O resultado do referendo deste domingo no Brasil vai ser decisivo para as iniciativas de restringir o uso de armas de fogo na América do Sul, afirmaram especialistas e ativistas que lutam contra a circulação de armas de fogo ouvidos pela BBC Brasil.

Eles afirmaram que campanhas de desarmamento ou mesmo a reformulação de leis sobre o assunto no continente foram ou serão influenciadas pelo exemplo brasileiro.

Se o resultado do domingo for pelo fim da comercialização das armas de fogo no Brasil, dizem eles, os países vizinhos acabarão discutindo uma legislação conjunta para a região.

Mesmo em países onde os crimes com armas de fogo ocorrem com menos freqüência do que no Brasil, como é o caso do Uruguai e do Chile, já estão sendo analisadas iniciativas nesse sentido.

"Se a proposta brasileira pelo fim da comercialização sair vitoriosa, temos chances de acelerar a implementação de medidas semelhantes em cada país", disse a deputada uruguaia Daisy Tourné, autora de uma lei inspirada no Estatuto do Desarmamento.

Uruguai

A causa mais comum de mortes no Uruguai é o ataque cardíaco.

Mas o alarme disparou, segundo a deputada, com um recente aumento dos índices da violência urbana e doméstica praticada com armas de fogo no país.

O Uruguai possui 3 milhões de habitantes e, de acordo com dados oficiais, conta com 570 mil armas em poder da população civil.

"Se somarmos as estimativas sobre as ilegais, um terço da população civil possui armas de fogo no Uruguai", afirma Tourné.

A deputada entende que o Uruguai é um país tradicionalmente pacífico, mas, somente em 2003, foram emitidos 1.871 novos certificados de armas de fogo a pedido de civis.

Chile

No Chile, o governo federal está promovendo uma campanha que já motivou a entrega e a destruição de cerca de 6.000 armas de fogo, segundo dados oficiais.

Até fuzis e metralhadoras usados por guerrilheiros que lutaram contra o regime do ex-ditador Augusto Pinochet, entre 1973 e 1988, estão sendo entregues em igrejas e quartéis do Exército e da Polícia Nacional.

Atualmente, de acordo com os Ministérios do Interior e da Defesa, existem 700 mil armas (de diferentes calibres) registradas no país, que possui 15 milhões de habitantes.

Pelas estimativas do diretor-executivo da Anistia Internacional no Chile, Sérgio Laurent, existem outras 750 mil não catalogadas.

Nesta quarta-feira, a Anistia vai realizar uma manifestação em frente à Embaixada do Brasil, em Santiago, em apoio ao "sim" no plebiscito brasileiro.

Peru

O Peru viveu até recentemente duas décadas de confrontos políticos e o ativista peruano Gabriel Prado, da Rede Peruana para o Desarmamento, diz que são as armas daquele período, ainda não retiradas de circulação, que preocupam.

Por isso, assim como o Chile e o Uruguai, o Peru deu início a uma campanha para a retirada de circulação das armas de fogo em julho passado.

"Até agora, 332 armas foram entregues em todo o território nacional. É pouco", diz Prado, ressaltando que não existem estatísticas confiáveis sobre o total de armas em circulação no país.

Para tentar acelerar o efeito da campanha, foi criada, há dois meses, a entidade Desarme Peru, que reúne dez diferentes ONGs.

"Nós sabemos que, apesar de o uso de armas no Peru estar longe dos níveis de outros países da América Latina, há indícios de que o medo da insegurança pública está levando as pessoas a comprar mais armas", afirma.

Ele concorda com a deputada uruguaia, dizendo que o referendo brasileiro acabará dando um "norte" para o controle das armas na região.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o referendo
  • Leia a cobertura completa sobre o referendo sobre a venda de armas e munição
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