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21/10/2005
-
20h02
da BBC Brasil, em São Paulo
O representante da ONU no Brasil, Carlos Lopes, afirma que uma vitória do 'não' no referendo do próximo domingo seria um passo atrás, mas não impediria a continuidade do processo de desarmamento no país.
"Embora a votação não favorável (à proibição do comércio de armas) seja um pequeno retrocesso, ela certamente não pára a luta contra o uso de armas e por uma melhor regulamentação dos fluxos do uso de armas", disse Lopes em entrevista à BBC Brasil.
De acordo com o representante das Nações Unidas, a organização apóia o desarmamento da população civil no Brasil e entende que a proibição do comércio de armas no país seria um fator positivo para o cumprimento desse objetivo.
"Nós combatemos o uso de armas onde nós podemos", afirma. "O Brasil conta com 40 mil homicídios por ano dos 200 mil que acontecem no mundo, e mais de 80% são provocados por armas de fogo."
Nascido em Guiné-Bissau, o sociólogo Carlos Lopes vai deixar o cargo que ocupa no Brasil no final do mês para se dedicar, a partir de novembro, à função de assessor político do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Nova York.
Aprendizado
Na opinião de Lopes, mesmo se a população brasileira rejeitar a proibição do comércio de armas e munição, o país ainda conta com as outras restrições aprovadas pelo Congresso.
"Existe um Estatuto do Desarmamento, que foi aprovado no ano passado, que já é bastante avançado, um dos mais avançados do mundo", afirma o funcionário da ONU.
Clique aqui para ler mais sobre o Estatuto
O representante das Nações Unidas no Brasil também destacou a importância da realização, pela primeira vez na história, de um referendo no país.
Carlos Lopes lembra que, do ponto de vista dos números, a votação do próximo domingo será provavelmente o maior referendo da história.
"A situação referendária é uma categoria nova nas democracias, e praticamente todas as democracias que a adotaram não têm a demografia do Brasil, e também não têm o voto obrigatório", diz o sociólogo.
"É difícil prever o que vai ser a votação dos brasileiros", acrescenta o representante da ONU. "É também uma experiência muito interessante para o aprendizado que nós todos temos de ter de consultas populares."
Argumentos
Mais de 120 milhões de eleitores estão aptos a votar no domingo para decidir se o Brasil deve ou não proibir o comércio de armas e munição no território nacional. A expectativa é de que o resultado seja anunciado ainda no dia 23.
O referendo opõe duas visões bem distintas sobre o combate à violência no país. Quem é a favor vê na medida uma maneira de limitar o acesso às armas e, assim, reduzir o número de homicídios. Quem é contra diz que a proibição serve apenas para estimular o comércio ilegal e deixar cidadãos desarmados diante de criminosos com armas.
A frente parlamentar que é contra a proibição do comércio de armas afirma ainda que a medida violaria direitos humanos básicos como o direito à legítima defesa e o direito à propriedade.
"Retirar do cidadão o direito dele se defender não é razoável, e é por isso que nós vamos dizer o 'não' no dia 23 de outubro", diz o deputado federal Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da frente.
O antropólogo Rubem Cesar Fernandes, coordenador-geral da ONG Viva Rio, que defende o voto ‘sim’ no referendo, diz que o objetivo da proibição é fechar as portas de fornecimento de armas de fogo para a sociedade.
"Nosso argumento principal é a rejeição às armas de fogo. As armas matam, e matam muito no Brasil", afirma Fernandes.
Para ONU, vitória do 'não' no Brasil seria 'retrocesso'
DIEGO TOLEDOda BBC Brasil, em São Paulo
O representante da ONU no Brasil, Carlos Lopes, afirma que uma vitória do 'não' no referendo do próximo domingo seria um passo atrás, mas não impediria a continuidade do processo de desarmamento no país.
"Embora a votação não favorável (à proibição do comércio de armas) seja um pequeno retrocesso, ela certamente não pára a luta contra o uso de armas e por uma melhor regulamentação dos fluxos do uso de armas", disse Lopes em entrevista à BBC Brasil.
De acordo com o representante das Nações Unidas, a organização apóia o desarmamento da população civil no Brasil e entende que a proibição do comércio de armas no país seria um fator positivo para o cumprimento desse objetivo.
"Nós combatemos o uso de armas onde nós podemos", afirma. "O Brasil conta com 40 mil homicídios por ano dos 200 mil que acontecem no mundo, e mais de 80% são provocados por armas de fogo."
Nascido em Guiné-Bissau, o sociólogo Carlos Lopes vai deixar o cargo que ocupa no Brasil no final do mês para se dedicar, a partir de novembro, à função de assessor político do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Nova York.
Aprendizado
Na opinião de Lopes, mesmo se a população brasileira rejeitar a proibição do comércio de armas e munição, o país ainda conta com as outras restrições aprovadas pelo Congresso.
"Existe um Estatuto do Desarmamento, que foi aprovado no ano passado, que já é bastante avançado, um dos mais avançados do mundo", afirma o funcionário da ONU.
Clique aqui para ler mais sobre o Estatuto
O representante das Nações Unidas no Brasil também destacou a importância da realização, pela primeira vez na história, de um referendo no país.
Carlos Lopes lembra que, do ponto de vista dos números, a votação do próximo domingo será provavelmente o maior referendo da história.
"A situação referendária é uma categoria nova nas democracias, e praticamente todas as democracias que a adotaram não têm a demografia do Brasil, e também não têm o voto obrigatório", diz o sociólogo.
"É difícil prever o que vai ser a votação dos brasileiros", acrescenta o representante da ONU. "É também uma experiência muito interessante para o aprendizado que nós todos temos de ter de consultas populares."
Argumentos
Mais de 120 milhões de eleitores estão aptos a votar no domingo para decidir se o Brasil deve ou não proibir o comércio de armas e munição no território nacional. A expectativa é de que o resultado seja anunciado ainda no dia 23.
O referendo opõe duas visões bem distintas sobre o combate à violência no país. Quem é a favor vê na medida uma maneira de limitar o acesso às armas e, assim, reduzir o número de homicídios. Quem é contra diz que a proibição serve apenas para estimular o comércio ilegal e deixar cidadãos desarmados diante de criminosos com armas.
A frente parlamentar que é contra a proibição do comércio de armas afirma ainda que a medida violaria direitos humanos básicos como o direito à legítima defesa e o direito à propriedade.
"Retirar do cidadão o direito dele se defender não é razoável, e é por isso que nós vamos dizer o 'não' no dia 23 de outubro", diz o deputado federal Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da frente.
O antropólogo Rubem Cesar Fernandes, coordenador-geral da ONG Viva Rio, que defende o voto ‘sim’ no referendo, diz que o objetivo da proibição é fechar as portas de fornecimento de armas de fogo para a sociedade.
"Nosso argumento principal é a rejeição às armas de fogo. As armas matam, e matam muito no Brasil", afirma Fernandes.
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