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04/11/2005 - 07h32

Chávez será único líder a participar das duas cúpulas

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, será o único dos 34 chefes de Estado e de governo a participar da 4ª Cúpula das Américas e também da 3ª Cúpula dos Povos, também chamada de "Contracúpula".

Chávez será o principal orador do protesto programado para o estádio Mundialito, no balneário argentino de Mar del Plata, onde deverá discursar às 13h desta sexta-feira.

O estádio, com capacidade para 45 mil pessoas, reunirá sindicalistas, índios, representantes do Movimento dos Sem-Terra, piqueteiros argentinos, o presidenciável boliviano Evo Morales e o ex-jogador de futebol Diego Armando Maradona, entre outros.

O lema do encontro é "Outra América é possível. Não à Alca, Área de Livre Comércio das Américas".

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Alí Rodríguez Araque, confirmou que Chávez estará nas duas cúpulas.

"Alba"

O estádio será o lugar da concentração após a caminhada dos manifestantes, que prometem levar cartazes contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

"Chávez vai ser o protagonista das duas cúpulas, a oficial e a paralela. Ele não desperdiça os espaços das cúpulas porque sabe que é lugar de cenário mundial", afirmou o analista político venezuelano Alberto Garrido, autor de 14 livros sobre Chávez e a chamada revolução bolivariana.

Garrido disse que o presidente da Venezuela insistirá, durante as duas cúpulas, na importância da criação da "Alba" --Alternativa Bolivariana para a América-- como alternativa à Alca.

Essa opção de Chávez prevê a integração da região sem a participação dos Estados Unidos e com a inclusão de Cuba, que não foi convidada para a Cúpula das Américas.

Líder

Garrido acredita que o encontro em Mar del Plata reforçará a imagem de Hugo Chávez como líder da esquerda da região, no lugar do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

"Talvez Lula também quisesse estar nas duas cúpulas. Mas é preciso querer se arriscar para isso. Porém, graças a sua ousadia, Chávez confirma-se como líder da esquerda na América Latina. Lugar que antes era do presidente brasileiro", reiterou.

O professor de ciências políticas Diego Bautista Urbaneja, da Universidade Central da Venezuela, acha que Chávez deveria pensar no "custo político" que poderá pagar com os outros colegas presidentes ao participar do ato contra a Cúpula.

"Concordo que, simbolicamente, esse gesto até fortalece a imagem dele como líder da esquerda, mas na prática é Lula quem representa o país de maior peso político e econômico da região", disse Urbaneja.

"E, por isso, o presidente Bush respalda o presidente Lula e confia na importância e atitude dele para tentar conter a radicalização de Chávez e da esquerda", afirmou.

Disputa

É essa balança --Bush e Chávez-- que leva analistas venezuelanos e argentinos a acreditarem que o papel de protagonista nas reuniões de sexta e sábado será disputado entre os dois líderes.

"Bush é protagonista por ser presidente dos Estados Unidos e deve rezar para não ser vaiado, já que são altos os índices de rejeição a ele na América Latina", ressaltou Urbaneja.

"Já Chávez ganhará um banho de popularidade e simpatia dos que são anti-americanos. Mas na prática, além disso, não sabemos o que significaria."

Os analistas argentinos Oscar Raul Cardoso, colunista do jornal "Clarín", e Sérgio Berenztein, professor de relações internacionais da Universidade Torcuato Di Tella, acham que Bush e Chávez estarão no centro das atenções dos encontros.

"Vai ser um espetáculo onde Chávez será protagonista e onde Bush insistirá com a Alca", resumiu Oscar Raul Cardoso.

Por sua vez, Berenztein entende que a crise política brasileira acabou "ofuscando" e "enfraquecendo" o papel de protagonista que antes parecia destinado a Lula.

Especial
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