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10/11/2005 - 20h12

Brasileiros ensinam jiu-jítsu a militares árabes antiterrorismo

CLAUDIA SILVA JACOBS
da BBC Brasil, em Abu Dhabi, Emirados Árabes

O grande sucesso do jiu-jítsu nos Emirados Árabes Unidos transformou a luta em uma das armas do Exército local – e um brasileiro é o responsável pelo treinamento de um grupo antiterrorismo nesta arte marcial.

Desde o início do ano, o tricampeão mundial Carlos Santos, o Carlão, está treinando as forças militares do esquadrão de combate ao terrorismo, além dos seguranças do xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes.

O filho de Nahyan também virou um seguidor do jiu-jitsu e tem aulas diárias no próprio palácio presidencial, ao qual "Carlão" dispõe de livre acesso.

O objetivo é fazer com que as forças de segurança aprendam alternativas de imobilização de uma pessoa sem que seja necessário o uso de uma arma, garantindo que o suspeito seja preso com vida.

E a idéia, segundo Carlão, vem dando bons resultados, pelo menos durante os treinamentos.

"Aqui é completamente diferente do Brasil", diz ele.

"Eu sou respeitado, a imprensa dá o maior espaço, tenho o respeito da família real e ainda a responsabilidade de treinar a força especial de segurança do país."

A questão de segurança é uma das prioridades na região, principalmente nos Emirados Árabes, que, até agora, vêm conseguindo se manter imunes a atentados.

Responsabilidade

Aos 29 anos, o lutador confessa que nunca pensou que o jiu-jítsu iria levá-lo a um cargo de tal responsabilidade.

Ele diz que diariamente treina 50 homens do Exército e 20 seguranças do presidente – estes, duas vezes por dia.

Uma vez por semana, Carlão dá treinamento para cerca de 150 homens da força especial do exército.

O assunto é mantido em sigilo dentro do país.

A imprensa, que vem divulgando o aumento do interesse no esporte, não toca no seu uso pelas Forças Armadas.

Por isso, nem mesmo os alunos que freqüentam a academia dos brasileiros sabem que os professores estão trabalhando com o Exército do país.

Grande demanda

"O objetivo é treinar os militares e seguranças a saber dominar as pessoas sem atirar", disse Carlão.

"O jiu-jítsu é a melhor arte para esse tipo de coisa."

"Eles estão superempolgados, querem treinar mais de uma vez por dia. Tem militar querendo também treinar no clube. Venho recebendo até militares de outros países nos treinamentos."

Devido à grande demanda, Carlão conseguiu trazer dois outros professores cariocas – Olavo Abreu e Suyan Queiróz - para ajudar nas aulas dadas a 50 alunos.

Os dois dizem que os militares não querem perder de jeito nenhum para os professores e que "vibram quando conseguem nos derrubar".

No sábado, o grupo de alunos da academia - que é composto por policiais, jovens árabes e estrangeiros e até mulheres - vai fazer uma pequena apresentação durante o intervalo do amistoso entre Brasil e Emirados Arábes.

A idéia é difundir ainda mais a modalidade esportiva entre a população.

Confiante

"Depois que começei a treinar estou mais confiante com a possibilidade de me defender" , diz a uzbeque Lola Dulanova, de 35 anos, que está tendo aulas com os brasileiros.

"Qualquer coisa que me aconteça na rua hoje eu sei me defender."

"Acho que as pessoas aqui estão descobrindo o que eles podem fazer com o jiu-jítsu. E eu acredito que só tende a crescer o número de praticantes."

Entre os alunos, um em especial chama a atenção.

O policial de fronteira Ali Eissa Nazer Alzaabi chega a viajar os 400 km que separam o posto onde trabalha na fronteira com a Arábia Saudita, no meio do deserto, para chegar a Abu Dhabi e participar das aulas.

Alzaabi acha que os ensinamentos podem ser úteis em seu dia-a-dia.

Milhares de pessoas circulam pela região de fronteira onde ele trabalha, principalmente no período de peregrinação a Meca, na Arábia Saudita, a cidade sagrada para os muçulmanos.

Mãos erradas

Carlão acredita que os militares estão dando um passo a frente ao aprenderem o jiu-jitsu. O professor diz que os militares já estão utilizando todo o aprendizado em simulações de situações de risco em barcos, aviões e edifícios.

Como vem aumentando o interesse no esporte, Carlos Santos pretende criar a associação árabe de jiu-jitsu, para ter condições de acompanhar de perto quem está atuando na região.

"Não quero ver o nome do jiu-jitsu nas mãos de pessoas que não têm formação correta, que não sejam mestres. Quero que o esporte continue em alta como está no momento."

Ele diz já ter recebido telefonemas da Jordânia, Arábia Saudita e Síria de interessados em difundir o esporte.
 

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