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29/11/2005 - 08h20

Bush elogia ações contra imigrantes brasileiros ilegais

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

O presidente americano, George W. Bush, citou a repressão a imigrantes brasileiros como exemplo de sucesso na política do governo contra pessoas que entram ilegalmente no país, num discurso sobre imigração na cidade de Tucson, no Arizona, perto da fronteira com o México.

Bush disse que o governo americano tinha nos últimos meses tomado uma série de medidas para mandar rapidamente ao país de origem estrangeiros sem documentos encontrados pela polícia fronteiriça.

"Recentemente a eficácia deste processo foi testada com imigrantes brasileiros pegos no Vale do Rio Grande", disse Bush. "E com resultados expressivos", completou.

O presidente disse que o processo chamado remoção expedita, que prevê a detenção de todos os brasileiros sem documentos pegos na fronteira, havia reduzido em 90% o número de detenções no Vale do Rio Grande, na região da fronteira entre o Texas e o México, e em 50% no país como um todo.

"Quando um imigrante ilegal sabe que vai ser pego e mandado de volta para casa ele é menos inclinado a tentar entrar ilegalmente", afirmou o presidente, ao explicar a lógica do processo.

Antes, os detidos eram liberados com o compromiso de comparecer a um tribunal num prazo de um ou dois meses. A quase totalidade não comparecia à audiência e permanecia no país ilegalmente.

Risos

Bush provocou risos quando disse à platéia de guardas fronteiriços que a operação contra os brasileiros se chamava "Texas Hold´em" (Texas Segura Eles), o nome de um popular jogo de pôquer nos Estados Unidos.

O consulado brasileiro em Houston, responsável pela região da fronteira com o México, notou uma redução no número de brasileiros detidos nos últimos meses, mas depende dos dados enviados pelo governo americano.

O número de deportados, de acordo com os dados fornecidos pelo Departamento de Segurança Nacional americano caiu de 4.406 em 2004 para 2.303 este ano (no ano fiscal que se encerra em setembro).

"O governo americano atribui a redução à implementação da remoção expedita", diz a vice-cônsul brasileira, Flávia Passos.

O processo também foi facilitado, segundo ela, com o início de operação de um novo centro de detenção para cerca de mil pessoas, no Estado do Texas. Antes, os brasileiros eram liberados porque não havia espaço nos centros de detenção.

De acordo com o consulado, até 11 de novembro deste ano, 48.483 brasileiros haviam sido detidos pelos guardas fronteiriços, dos quais 602 estavam detidos. Os outros haviam sido liberados e a maioria estava foragida, depois de vencer o prazo para comparecer ao tribunal.

Agenda de imigração

O discurso do presidente marca o relançamento da agenda de imigração do governo americano, praticamente parada nos últimos meses.

Bush pediu que o Congresso aprove mudanças na lei de imigração para permitir que estrangeiros possam trabalhar legalmente no país por um prazo determinado e depois voltar para o país de origem. "E permitir que estrangeiros façam o trabalho que os americanos não querem fazer", argumentou o presidente.

Ele lembrou que os Estados Unidos são um país de imigrantes e disse que as pessoas não deveriam ter que escolher entre acolher novos imigrantes ou obedecer a lei. "Podemos ter as duas coisas. É preciso um sistema que permita que os trabalhadores sustentem suas famílias e ao mesmo tempo respeitem a lei", afirmou.

Bush argumenta que a possibilidade de entrar nos Estados Unidos legalmente vai reduzir o número de pessoas tentando cruzar a fronteira ilegalmente.

Ele repetiu várias vezes que não apóia uma anistia para os ilegais que já estão no país e que a nova lei não abriria o caminho para obter a cidadania americana. "Eu sou contra a anistia", disse Bush.

Os críticos da proposta alegam que uma legislação deste tipo premiaria os que estão ilegalmente no país e com isso aumentaria ainda mais o fluxo de ilegais.

Institutos de pesquisa estimam em cerca de 11 milhões os imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
 

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