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05/12/2005 - 16h28

Análise: Americanos cobram ajuda de europeus contra o terror

CAIO BLINDER
da BBC Brasil, em Nova York

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, partiu nesta segunda-feira para a Europa sabendo que vai enfrentar duras questões sobre os métodos usados pelos Estados Unidos na chamada guerra contra o terror.

O objetivo da viagem é aparar as arestas nas relações transatlânticas, mas mesmo antes de partir, a chefe da diplomacia do governo Bush foi cortante e deixou claro que também será agressiva nos seus encontros.

Ela se antecipou e jogou a bola para o outro lado, lembrando que os dados de inteligência colhidos por meio dos métodos da CIA têm salvado vidas européias.

As declarações da secretária de Estado feitas momentos antes da partida para a Alemanha foram a primeira resposta detalhada à barragem de indignação a respeito das informações de que a CIA administra prisões secretas em países europeus, originalmente feitas no começo de novembro pelo jornal "Washington Post".


Rice disse que os EUA "vão usar toda arma legal para derrotar estes terroristas", mas se recusou a responder a questão pendente se a CIA opera as prisões na Europa.

Ela repetiu o que o presidente George W. Bush tem insistido há semanas: os EUA não torturam prisioneiros, pelo menos de acordo com os seus critérios do que seja tortura.

Sobre a prática de transferência de suspeitos de terror para que sejam interrogados em outros países --mesmo sem extradição formal--, a secretária de Estado disse que a cooperação européia é crucial, implicando que ela existe em meio ao coro de indignação de organizações de direitos humanos e de investigações internas de vários governos e da União Européia sobre os métodos americanos.

E aqui novamente Rice jogou a bola para o outro lado, lembrando o caso do lendário terrorista Carlos, o Chacal (Ilich Ramirez Sanchez), levado do Sudão para ser julgado na França em 1994.

As dicussões mais tensas de Rice devem acontecer provavelmente já na primeira escala, a Alemanha, justamente quando ela tinha expectativas de cicatrizar as feridas com Berlim agora que a democrata-cristã Angela Merkel está no poder, no lugar de Gerhard Schröder, que colidiu até em termos pessoais com o presidente Bush devido à invasão do Iraque.

Merkel e Rice deverão conversar sobre os vôos clandestinos da CIA na Europa para o transporte de suspeitos de terrorismo.

No fim de semana, a revista "Der Spiegel" publicou uma lista de 437 vôos sobre o território alemão, o que foi confirmado nesta segunda-feira pelo governo em Berlim.

O giro de cinco dias de Rice inclui ainda escalas na Romênia (que ao lado da Polônia é apontada como o país europeu que sedia as prisões secretas), Ucrânia e Bélgica.

A defesa robusta que Rice fez da política americana mesmo antes da partida para a Europa sinalizou claramente qual será o seu recado na viagem: o governo Bush espera mais cooperação e menos crítica (e hipocrisia) dos aliados europeus na chamada guerra contra o terror.
 

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