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12/12/2005 - 07h12

Bachelet e Piñera disputarão segundo turno no Chile

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Santiago

O segundo turno das eleições presidenciais vai ser disputado pela candidata da situação, Michelle Bachelet, e pelo ex-senador Sebastián Piñera.

Com 96,02% dos votos apurados, Bachelet tinha 45,87% e Piñera 25,48%. O candidato Joaquín Lavín vem logo atrás com 23,25% mas já admitiu que está fora da disputa.

Assim que os resultados indicaram o segundo turno, Bachelet subiu ao palanque, montado em frente a seu comando de campanha, e disse: “Nem todo o dinheiro do candidato da direita conseguirá romper a vontade da maioria no dia 15 de janeiro”. Foi um ataque direto ao milionário Piñera, dono de ações da Lan Chile, de emissora de televisão e clínicas médicas, entre outros negócios.

Num tom que não tinha usado durante o primeiro turno da eleição, Bachelet afirmou ainda que a direita “treme” quando a Concertación, a base governista, se mobiliza e que agora vai se trabalhar, mais que antes, para vencer no segundo turno.

Bachelet, presa e torturada durante a ditadura de Augusto Pinochet, perdeu o pai, general, numa prisão daqueles tempos de chumbo. Nessa eleição presidencial, ela teve a menor votação em quase 16 anos de Concertación.

Analistas dizem que isso é resultado do enfraquecimento do partido Democracia Cristã que junto com o Socialismo forma esta frente de centro-esquerda.

Piñera

Pouco antes de a candidata subir ao palanque para discursar para um publico animado por uma batucada que parecia imitar um samba, o adversário dela no segundo turno já tinha falado aos seus partidários.

Sebástian Piñera disse que sua vitória representará um fato histórico para o país. Piñera foi a grande surpresa desta eleição. Ele fez apenas sete meses de campanha, mas nas últimas semanas já vinha superando Lavín em intenção de votos.

Por sua vez, Lavín disse que vai trabalhar a partir de agora pela campanha de Piñera. "As pessoas falaram o que desejam e assim é a democracia. Eu vou trabalhar entusiasmadamente para que Sebastián (Piñera) seja o pròximo presidente do Chile", afirmou.

Logo no início da apuração, assessores do comando de campanha de Bachelet já haviam admitido que a candidata teria que enfrentar o segundo turno.

Bachelet liderou as pesquisas de intenção de voto com folga durante toda a campanha mas seu números caíram nos últimas semanas contradizendo a impressão inicial de que tudo se encerraria na primeira votação.

"Já ganhou"

Assessores do comando de campanha da candidata de Bachelet, como o senador Alejandro Foxley, reconheceram que o clima de já ganhou, antes da hora, prejudicou a reta final da campanha eleitoral.

"No Chile, é preciso percorrer o país até o final. Deu no que deu, mas agora vamos trabalhar dobrado para vencer no segundo turno", disse o senador Foxley, no comitê de imprensa de Bachelet.

"Também vamos enfatizar mais os feitos do atual governo do presidente Ricardo Lagos, o que ajudará a conquistar votos", disse ele.

"Nós já esperávamos que teria segundo turno", disse o ministro das Relações Exteriores do governo Lagos, Ignácio Walker, que também esteve no comitê de imprensa de Bachelet.

Tanto analistas quanto assessores dos candidatos de Bachelet e de Piñera disseram que no segundo turno o trabalho de campanha deverá ser maior ainda.

Estratégia

Foxley afirmou que a estratégia de Bachelet será tentar confirmar os votos do centro e conquistar os votos da esquerda, recebidos, neste primeiro turno, pelo candidato comunista Tomás Hirsch, que no último boletim parcial de apuração tinha 5,37%.

Já os votos do centro são dos simpatizantes da Democracia Cristã, que encolheu de tamanho, segundo os primeiros resultados da eleição para renovar a Câmara dos Deputados e metade do Congresso.

No primeiro-turno, parte destes eleitores teriam votado no candidato Piñera, ex-senador que se define como sendo de centro-direita e que diz que a Concertación jà cumpriu sua era.

"Direita e esquerda"

Joaquin Lavín também disse que os primeiros resultados oficiais revelaram que, pela primeira vez, a Alianza teve mais votos que a Concertación, coalizao governista.

"Minha felicidade é também saber que a UDI ainda é o maior partido do país, como confirmaram as urnas". Para os analistas, os resultados finais, incluindo deputados e senadores, revelarão um novo mapa político no Chile.

Num pronunciamento à nação, o presidente Ricardo Lagos disse que a Concertación teve a maioria e ainda conseguiu, pela primeira vez em sua trajetória, 51% dos votos para a Câmara dos Deputados e o Senado

"Não tenho a menor dúvida de que triunfamos uma vez mais", disse.

Lagos entregará o cargo ao sucessor em março, após seis anos de mandato. Seu sucessor cumprirá quatro anos de gestão, sem direito a reeleição, após reforma constitucional promovida pelo atual presidente.
 

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