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12/12/2005 - 16h45

Oposicionista diz que quer 'corrigir modelo' de Lagos no Chile

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Santiago

O candidato da oposição à Presidência do Chile Sebastián Piñera, da RN (Renovação Nacional), disse que, caso seja eleito, pretende "corrigir o modelo" administrado hoje pelo presidente socialista Ricardo Lagos.

Falando à BBC Brasil, Piñera, que irá disputar o segundo turno com a candidata da situação, Michelle Bachelet, disse que “o modelo chileno só vai funcionar melhor quando conseguir resolver o drama da desigualdade social. Para isso, é preciso investir em capital humano, ampliar os investimentos em educação, saúde e casas populares”.

Piñera disse que já tem uma idéia de onde viriam os recursos para tal investimento. “O Chile está crescendo 6% ao ano. Significa que, a cada ano, se agregam US$ 1,2 bilhão aos recursos fiscais do país. Além disso, vamos melhorar a luta contra a evasão de impostos e isso vai gerar mais recursos para a área social", explicou.

O candidato de centro-direita disse que foi escolhido para ir ao segundo turno graças aos eleitores que não se sentiram “incluídos” pela Concertación, coalizão governista de centro-esquerda.

“Quero somar os votos de centro, dos independentes e da nossa própria aliança”, disse. Piñera recebeu 25,48% dos votos no primeiro turno, cerca de 20 pontos percentuais a menos que Bachelet.

"Berlusconi chileno"

O empresário, um dos homens mais ricos do país, com ações ou propriedades como companhia aérea e emissora de televisão, foi batizado por analistas chilenos, simpatizantes de Bachelet, de “Berlusconi”, em referência ao político italiano.

Por ter sido o candidato que surpreendeu ao chegar à reta final, ele gera preocupação no comando de campanha de Bachelet. Os dois candidatos trocaram farpas, entre sorrisos, na manhã desta segunda-feira, ao serem entrevistados pela TVN (Televisão Nacional de Chile).

Piñera disse que o governo federal “desperdiça dinheiro” e como exemplo citou o total de ministérios. “É preciso modernizar o Estado chileno. Mais tecnologia, mais racionalidade. Não é possível que um país deste tamanho (15 milhões de habitantes) tenha 22 ministérios. Os Estados Unidos têm seis”, disse.

Ele defendeu maior segurança jurídica para os investidores e uma comissão “mais eficaz” contra os monopólios e de defesa do consumidor. E definiu seu “modelo de governo” como de “economia social de mercado”.

Elogios

Para o candidato da oposição, a herança de Lagos inclui “muitas coisas boas” como os diferentes acordos bilaterais de livre comércio que assinou – com Estados Unidos, China e União Européia, por exemplo, e a defesa da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).

Piñera também diz que o atual presidente também mudou, “para melhor”, a infra-estrutura do Chile, com a construção de avenidas, pontes, aeroportos e portos e grandes avanços, como disse, na área de macroeconomia.

Mas deixou, de acordo com o presidenciável, dívidas pendentes.

“Ele não criou os empregos necessários, não conseguiu avançar na luta contra a delinqüência e não melhorou, como podia, a qualidade da saúde e da educação”.

Dúvidas

Nesta segunda-feira, o Chile discute nas emissoras de rádio e de TV os resultados da eleição de domingo.

Existem dúvidas para onde irão os votos do centro, que antes estavam com a Concertación (formada pela Democracia Cristã e o Partido Socialista) e agora parecem simpatizar com o empresário milionário.

As dúvidas também existem sobre o destino dos votos da esquerda, recebidos pelo candidato Tomás Hirsch. Depois de confirmados os resultados, Hirsch disse que votará “nulo” no segundo turno porque nenhum dos dois candidatos apresentou propostas sérias para acabar com a desigualdade social no país.

Foi uma surpresa. Na última eleição presidencial, seus votos foram decisivos para que Ricardo Lagos chegasse ao Palácio La Moneda, numa votação apertada, no segundo turno, com o candidato da direita Joaquín Lavín, da UDI (União Democrata Independente).

“O voto é do eleitor e de sua consciência”, disse Michelle Bachelet, na entrevista à emissora de televisão chilena. “Os votos de Joaquín Lavín e de Hirsch são do eleitor”, afirmou.

Tudo indica que Lavín e Hirsch serão cobiçados pelos dois candidatos. Assim como o voto feminino (o eleitorado chileno é formado por 4,3 milhões de mulheres e 3,9 milhões de homens).

Segundo as diferentes pesquisas de opinião, as mulheres confiam e se identificam mais com Bachelet, definida como honesta. Já os homens admiram a “capacidade de liderança” de Piñera. No primeiro turno, Bachelet teve mais de 1,5 milhão de votos a mais que o segundo candidato. Agora, é esperar o dia 15 de janeiro para saber qual dos dois assumirá a Presidência da República, em março.
 

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