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06/01/2006 - 21h28

Livro diverge da versão de Spielberg sobre 'Munique'

CAIO BLINDER
da BBC Brasil, em Nova York

Aaron Klein partiu para o contra-ataque assim que o filme Munique, de Steven Spielberg, entrou em cartaz em dezembro nos Estados Unidos.

Em freqüentes entrevistas à imprensa, o correspondente da revista Time em Jerusalém reclamou da narrativa da retaliação israelense ao massacre de 11 atletas israelenses por terroristas palestinos nas Olimpíadas de 1972.

Para Klein, existe mais invenção do que inspiração em eventos reais. Apesar das queixas, ele deveria expressar gratidão a Spielberg, este poderoso chefão de Hollywood, pois o lançamento de Munique foi a melhor publicidade para o seu livro, também recém-lançado.

Grande dose da inspiração (ou invenção) de Spielberg foi Vengeance, o livro do canadense George Jonas, publicado em 1984 que, desde o começo, teve sua veracidade intensamente questionada.

Spielberg não teve tempo de se inspirar no livro de Klein, um repórter conhecido por seu acesso às melhores fontes da inteligência israelense. Aliás, ele também é israelense e por seis anos trabalhou na inteligência militar.

Mossad

Sua exaustiva pesquisa incluiu conversas com mais de 50 pessoas que estiveram envolvidas na operação Cesaréia, do Mossad, para caçar e matar os palestinos após o massacre em Munique. Escrever o livro foi uma aventura em si para Klein.

O projeto foi encomendado há um ano pela editora Random House e quando Klein soube do filme de Spielberg três meses mais tarde, ele apressou o passo para não ser atropelado pelo lançamento de Munique.

Klein argumenta que o ataque na Vila Olímpica foi possível graças a maciças falhas de inteligência e segurança de parte tanto das autoridades alemãs, como israelenses.

A versão de Klein realmente se distancia da de Spielberg justamente na narrativa do que aconteceu após o massacre (que é o foco do filme). O livro do canadense Jonas insiste, como diz o título, que a operação do Mossad foi impulsionada pelo desejo de vingar as mortes dos atletas.

A conclusão de Klein é diferente. Claro que vingança foi um fator (era a "atmosfera", na sua expressão), mas o objetivo era impedir futuros ataques por redes terroristas palestinas.

No final das contas, a pesquisa de Klein mostra que dois dos arquitetos do massacre, perpetrado pelo grupo Setembro Negro, uma facção da Fatah de Yasser Arafat, nunca foram agressivamente caçados pelo Mossad e um deles ainda está vivo.

Palestinos

Uma das partes mais saborosas do filme é a compra pelo Mossad de "inteligência" sobre os palestinos de uma família francesa que atuava no mercado de informações.

Para Klein, esta versão do livro de Jonas, aceita por Spielberg, é fantasia. Klein traz detalhes de vexames do Mossad durante a operação Cesaréia, como a morte de um garçom marroquino na Noruega, confundido como um dos mentores do massacre de 1972.

Mas, no geral, é uma narrativa mais oficialesca do que o filme de Spielberg. Não se trata de propaganda sobre a lendária atuação do Mossad, mas existe o endosso ao curso de ação adotado por Israel.

Klein mostra que a própria primeira-ministra Golda Meir estava relutante para iniciar uma caçada sistemática de palestinos, mas foi persuadida que se Israel não agisse, haveria um estímulo para novos ataques.

Avner Kaufman (com Eric Bana no papel) é o atormentado chefe da equipe israelense de combate ao terrorismo, mas Klein garante que não havia uma ponta de remorso entre os agentes do Mossad engajados na operação Cesaréia.

Striking Back Aaron Klein Random House, 256 páginas, US$24,95
 

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